terça-feira, março 28, 2006

Como ver um documentário sossegado e depois, passar a noite sozinho....

- Quando é que cortas as unhas à moça? - começa ela logo no inicio do documentário.
- Já a ensinei a roê-las e a mastigá-las. Assim poupo trabalho e sempre se faz reciclagem.
- Estás a brincar, não estás?
- Estou. Ficaste assustada, não ficaste?
- Não consegues falar a sério?
- Claro que sim. Vamos falar da tua mãe, é?
- Por vezes penso que te escondes atrás desse humor só porque……
- Porque o quê?
- Não sei…….Porque tens medo de falar comigo.
- E???
- Tens medo de falar comigo????
- Claro. És um bocado instável.
- SOU O QUÊ???? INSTÁVEL???? O QUE QUERES DIZER COM ISSO??? ÉS UM PARVALHÃO…….QUEM AGORA NÃO QUER FALAR CONTIGO SOU EU. (pausa) ESTÚPIDO.

domingo, março 26, 2006

A memória das mulheres....

- Onde escondeste a minha carteira? – pergunta-me ela, cerca de 30
vezes por semana.
- Onde puseste o meu telemóvel? - pergunta-me, cerca de 40 vezes por
dia.
- Onde raio estão as minhas chaves? – pergunta a quem a quer ouvir,
sempre que tem que sair, ou entrar em casa, ou no carro.
Por aqui se vê que a memória da minha mulher, aparentemente, não é uma
das suas qualidades. Isso é o que qualquer homem, que não tem o prazer
de viver com um membro do sexo feminino, pensa. Mas não devemos
analisar as nossas companheiras de uma forma leviana, elas têm
surpresas escondidas para nos mostrar quando menos esperamos (pequena
nota interna: gostei da rapidinha de hoje).
Mas voltemos à memória. A memória das mulheres é algo de
impressionante, mas só quando comecei a viver com a minha mulher é que
descobri a espectacular complexidade da sua memória. E porquê?
Perguntam os pobres ingénuos que estão a pensar viver com uma mulher.
Porque a partir daí o número de discussões aumenta, e é exactamente nas
discussões que nos apercebemos que elas nunca se esquecem de nada. E
não estou a exagerar: NÃO SE ESQUECEM MESMO DE NADA. Sabem tudo o que
se passou nas situações que antecederam, originaram e resultaram de
todas as discussões que ambos já tiveram desde o dia em que se
conheceram (não interessa o número de anos que já passaram). Mais,
conseguem descrever, com pormenores impressionantes, tudo o que se
passou durante todas essas discussões: o que é que eu tinha vestido,
que gestos fiz, que expressão tinha, qual o nível de rugas na testa,
onde estávamos, com quem estávamos, qual a hora exacta, o dia, o mês e
o ano, o que tinha ela vestido (ou não), a rua, a cidade, a vila, a
marca, modelo, e matricula dos carros que estavam a passar na altura,
quantas moças boas estavam a passar na rua (esta é deduzida pelo número
de vezes que eu desviei os olhos dela) e mais uma série de pormenores
que acabam SEMPRE por provar que eu sou sempre a causa das nossas
discussões e/ou de outras coisas (se não estou em erro, certo dia ficou
provado, que uma das causa do aquecimento global era a minha libertação
excessiva de metano)
Bom, mas tudo isto não tem interesse nenhum se não existir aqui uma
conclusão e uma aplicação prática para o dia a dia da vida de um casal.
Assim, eis um método infalível para que a nossa mulher nunca mais se
esqueça onde colocou as chaves, a carteira, o telemóvel, os óculos,
computador portátil, livros, etc.:
Criar uma discussão quando ela está a arrumar as suas coisas!

terça-feira, março 21, 2006

Stand-up Comedy.....

Ontem dei o meu primeiro espectáculo de Stand-Up Comedy. Passei o fim de semana a preparar-me para isso: Vi, várias vezes, o documentário “Jerry Seinfeld Comediante”; Pesquisei nos meus arquivos mentais, e não só, por material relevante; Escrevi várias piadas; Treinei em frente ao espelho as expressões mais adequadas aos diferentes momentos, de cada uma das composições que preparei; Filmei e revi as minhas próprias encenações.
Nada podia falhar. Era a minha primeira vez, não me iria acontecer o mesmo que na minha primeira relação sex…ok, isso não interessa.
Após longas horas de ensaio, senti que, finalmente, estava seguro da minha actuação. Senti que iria ser um sucesso. Senti que dali podia dar o salto para algo mais ambicioso.
Lá fomos. Estava bastante nervoso e senti que iria ter à minha frente um público difícil. Já me tinham avisado que não iria ser fácil, mas a falta de respeito que o público estava a ter pelos artistas que me antecederam assustou-me. Tratava-se de pessoal exigente, tinha ido ali propositadamente para assistir ao espectáculo e era isso que queria: Espectáculo. Achei que, talvez, não estivesse à altura do acontecimento, talvez ainda não estivesse preparado. Talvez o melhor fosse ir para casa, disse para a minha mulher. Mas eis que tinha chegado a minha vez. Até ali, nenhum dos meus colegas de infortúnio tinha conseguido aquecer a plateia. As dúvidas continuaram a invadir a minha mente, o medo (o pânico será mais adequado) apoderou-se de mim, pensei: como é que um bicho do mato como eu, podia alguma vez, ter tido a arrogância de me julgar capaz de fazer....aquilo.
Repeti para a minha mulher que ia desistir, que o melhor era ir embora, que afinal não tinha jeito para aquilo. Ela falou do desgosto que iria dar à nossa filha, da confiança com que eu ensaiei durante todo o fim de semana, das gargalhadas que consegui tirar à família e depois…..depois empurrou-me no exacto momento que me anunciaram:
- E agora uma salva de palmas para o grande P.P.
Foi logo uma entrada triunfante, pois o empurrão, conjugado com os enormes sapatos que a personagem que encarnava (Pai Palhaço) usava, fizeram com que caísse logo à entrada do palco. Nada disso estava previsto, mas as gargalhadas que daí resultaram, foram suficientes para me dar a necessária confiança, que fez com que toda a minha actuação tivesse sido um sucesso, mesmo que alguns dos restantes pais presentes (invejosos) tenham tentado sabotar o meu show, pois levaram os seus recem-nascidos, os quais passaram, praticamente, todo o espectáculo aos berros, tornando difícil a audição de certas anedotas. No entanto, bastava eu andar um pouco em cima do palco, para voltar a ter todos na palma da minha mão (o facto de só ter experimentado os sapatos na altura de entrar em palco, deu-me uma vantagem que não esperava, e algumas nódoas negras).
Bom, digamos que como resultado, a noite dos pais, organizada pela Escola cá do sítio, até não me correu mal. Tirando talvez, o facto de terem gostado tanto, que querem que eu repita o meu número na festa da Páscoa que estão a programar fazer. Inclusive com a parte das quedas e com a parte final, na qual fujo de uma série de putos que me tentam puxar o nariz vermelho, pois passaram a achar piada às minhas caretas de dor, provocadas pelo choque que o nariz vermelho provoca no meu pobre nariz, também já vermelho.
Mas todas as dores e mazelas, resultantes de todo o esforço físico e psicológico que resultaram de ter feito, por pedido expresso da nossa filha, de Pai Palhaço na noite dos pais da sua Escola, foram esquecidas quando, na hora de lhe dar o beijo de boa noite, ela me disse, com um brilho de orgulho nos olhos:
- Pai, és o maior Palhaço do Mundo.

sexta-feira, março 17, 2006

A viagem a Lisboa.....

Embora já um pouco fora do prazo, aqui fica o relato do que se passou na manhã em que fomos a Lisboa gravar uma palavras para o programa da comercial, até para desmistificar aquela parte de quem chantageia quem:
- Porque raio é que estás assim tão nervoso? Até parece que é algo de importante. – diz-me a minha mulher.
- Cala-te invejosa. Onde é que estão os rebuçados para a tosse. Já viste? Estou com uma voz….
- Mãe, porque é que vamos a Lisboa? – pergunta a nossa filha.
- Porque vamos ser entrevistados para um programa da rádio. – responde-lhe a mãe.
- O que é ser entrevistrados?
- Vão fazer perguntas para nós respondermos. – digo-lhe eu.
- Sobre o abecedário? – volta ela a perguntar.
- Não filha, sobre nós. – diz-lhe a mãe.
- Eu não quero contar nada da minha vida a ninguém. – diz ela decidida.
- Se quiseres não falas. – descanso-a eu.
- Está bem. E porque é que nós lá vamos?
- Por causa daquelas coisas que o pai escreve para a Internet. – diz-lhe a mãe.
- Aquelas coisas que ele me lê e que me deixam enjoada?
- Ohhh!!!!….Se te começas a armar em intelectual ficas aqui em casa. – digo eu chateado.
- Se eu não for, digo à mãe para levar o quadro do não gostei, para ela mostrar as palavras feias que tu dizes.
- Cala-te, entra para o carro, e toma um rebuçado para a tosse. – termino eu.
Bom, lá chegámos à rádio onde fomos recebidos, simpaticamente, pelas produtoras do programa, as quais nos levaram para a sala de gravação. Foi aí que comecei a gaguejar enquanto a nossa filha me tentava sacar mais rebuçados para a tosse, usando a chantagem que a mãe lhe ensinou (algo que não saiu muito bem na gravação). Aparentemente, no meio da gravação foram ditas algumas palavras menos próprias para a rádio devido a um pequeno
desaguisado sobre o quadro do não gostei, mas tudo acabou bem quando alguém disse que já tinham material suficiente para três programas de rádio.

segunda-feira, março 13, 2006

Frases que a minha filha diz que me fazem chorar....

Eis o inicio de mais uma secção temática neste blog, que já é uma referência (num sitio qualquer que se chama hattrick, a avaliar pela quantidade de gente que daí tem vindo nas últimas horas).
Trata-se da secção: FRASES QUE A MINHA FILHA DIZ, QUE ME FAZEM CHORAR.
Não se tratam de frases maricas, mas sim frases que retratam a vida dura de uma relação a dois, e a forma ingénua com que a nossa filha vê essa mesma relação.
Posso até afirmar que se tratam de frases que chocam pela crueza com que são ditas, e pela forma como eu, a partir delas, vejo que pura e simplesmente, não passo de um ídolo com pés de barro.
Eis, então, a primeira frase. Proferida hoje, durante o jantar:
"Tu não mandas no pai. Se ele não quiser comer as couves não é obrigado. O pai não é teu escravo."

domingo, março 12, 2006

A porra do avião (parte 2 e ÚLTIMA)….

Perdeu-se:
Avião telecomandado na parte norte da vila de Cuba, algures no meio de 5 ha de trigo.
Características: Modelo Falcon com asas amarelas e tendências suicidas.
Pede-se a quem o encontrar que me contacte para que eu lhe possa dar TODO O RESTANTE EQUIPAMENTO, NECESSÁRIO PARA QUE O AVIÃO VOE EFICAZMENTE….eficazmente…pois…
Deste equipamento destaco o Rádio Controlador e o Manual de Instruções…..HAHAHA…controlador….HAHAHAHA… dois pares de asas e de hélices novas, adquiridas pós compra do avião…….

Aviso: Para além das tendências suicidas, o avião gosta de denegrir egos, por maiores que estes possam pensar que são.

quarta-feira, março 08, 2006

A porra do avião....

O Inicio:
- Filha, queres vir comigo lançar o avião?
- SIIIIIMMMM.
- Vamos então.

No local:
- Este sitio é bom. Embora, vamos a isso.
- Boa, pai. Posso ser eu a fazer?
- Claro que não. Ainda és muito pequena, tive muito trabalho a tentar recuperá-lo para agora voltar a ser estragado.
- Eu não estrago. Tenho cuidado.
- Não. Ficas a ver o pai e quando fores maior eu ensino-te.
- Mas....eu vim contigo para brincar com o avião.
- Não podes filha. E depois se o estragas? Vá não fiques triste, eu deixo-te ir apanhá-lo sempre que ele cair.

Após o primeira tentativa de voo:
- Qual é a parte que tu queres que eu apanhe primeiro? - pergunta-me ela.

domingo, março 05, 2006

Desabafo de Domingo....

Aqueles que dizem, que o dinheiro não cai do céu, nunca usaram um avião telecomandado num dia de vento.

sexta-feira, março 03, 2006

Prendas....

- Então, o que queres para os teus anos?
- Um avião telecomandado – respondo
- Está bem. Já escolheste o modelo?
- Está bem!!!??? Posso mesmo!!???
- Claro. Quanto custa?
- Perto dos 100 euros.
- Só? Tens a certeza que não queres um melhorzinho?
- Não. Esse chega para me iniciar.
- Está bem. Vamos então comprá-lo.
- Agora???
- Claro. Anda.
E lá fomos os dois comprar a minha maravilhosa prenda de anos. Eu e o meu ego.

quinta-feira, março 02, 2006

Receita….

Ingredientes:
- Restos de legumes do almoço de Carnaval;
- 3 peras abacate;
- 1 colher de mostarda de Dijon;
- 1 lata de atum;
- 100 gramas grão de bico cru.
Tira-se o miolo das três peras abacates, para um prato, e mistura-se o mesmo com uma colher de mostarda de Dijon e com o atum. Passam-se os 100 gramas de grão de bico cru, pela picadora, até que fiquem transformados em “farinha”. Derretem-se os restos dos legumes do almoço de Carnaval, até ficarem em puré. Mistura-se tudo, até ter adquirido uma consistência pastosa.
Com as mãos, formam-se pequenas bolas dessa massa, e colocam-se as mesmas num tabuleiro. Quando o tabuleiro estiver cheio, coloca-se no forno. Espera-se até que cheire a queimado, e só aí é que se desliga.
Como resultado, obtemos um produto com diversas aplicações, passando a enumerar algumas delas:
- Espanta pássaros (não é necessário qualquer tipo de pontaria, basta colocar o produto em locais estratégicos)
- Acendalhas para a lareira (não utilizar para grelhadores a carvão devido ao cheiro nauseabundo com que os grelhados depois ficam impregnados):
- Descongestionante nasal (respirar fundo quando o produto está no forno que é quando existe uma libertação mais intensa dos “aromas”);
- Anticonceptivo (torna-se difícil ter relações com alguém que nos quer matar obrigando-nos e comer tal produto);
Atenção: Não há garantia que este produto seja biodegradável.

quarta-feira, março 01, 2006

Relações e jogos de plataforma......

Uma coisa que eu descobri, ao longo da minha relação com a minha mulher, foi que a mesma parece um jogo de plataformas. Ou seja, começamos no nível um e daí toca a tentar subir de nível. Mais uma vez, saltam aqui à vista, as diferentes perspectivas que homens e mulheres têm, relativamente a esses níveis. Para nós, homens, a relação resume-se a dois níveis, o nível um: que é quando elas ainda estão armadas em esquisitas e não querem ter sexo connosco porque…querem ter a certeza sobre a nossa relação….não querem que nós gostemos delas só pela sexo…e outras tretas que, na minha cabeça, só irão fazer sentido quando a minha filha entrar na adolescência. A passagem para o nível dois é quando, pura e simplesmente, passamos a ter sexo com elas. E pronto. Simples, claro e objectivo, mais uma vez.
Agora, para a mulher moderna, a relação tornou-se um jogo de plataformas infinitas, onde nós, os homens, temos que mostrar que, não só conseguimos derrotar todos os monstros e fantasmas, com que elas nos atiram diariamente (…que já não as ouvimos como dantes…que só lhes damos beijos quando é para o sexo….que a nossa relação precisa de algo novo…- não sugiram algo relacionado com a poligamia -, etc.) como ainda, temos que dar constantes provas de que (mesmo indo contra a nossa mais elementar natureza genética) conseguimos dar conta das nossas tarefas domésticas, sem o uso de determinada linguagem menos própria, para quem é pai.
Mas isto não chega. De vez em quando, temos que mostrar que somos capazes de ir mais além. Assim, tal como nos normais e mais evoluídos jogos de plataformas onde, para subir para o nível seguinte, temos que passar uma difícil prova final, também nas actuais relações tal acontece.
E em que consiste essa prova final, de passagem para um nível seguinte, numa relação moderna? Basicamente, na telepatia. Ou seja, temos que dar provas das nossas capacidades telepáticas, adivinhando, sem qualquer tipo de hesitação, as razões que as levam, naquele momento particular, a estarem infelizes, tristes, e/ou desiludidas, com algo.
MUITO IMPORTANTE: Não são admitidas perguntas. Qualquer pergunta que nós possamos esboçar, dá direito a desclassificação automática e a voltarmos ao início do nível.
Porque razão me lembrei de falar nisto hoje? Bom, porque ontem foi dia de prova de passagem de nível e eu, mais uma vez, falhei, pois não me ocorreu, que a sua tristeza, se devia ao facto eu não me lembrar, que fazia sei lá quantos anos (18, 28 ou 38) que tínhamos começado a namorar, e confundi a mesma (a sua tristeza) com o facto de termos que ir acompanhar a nossa filha, no cortejo carnavalesco cá da terra.

P.S.- Quanto ao cortejo: apenas acompanhei os primeiros 200 metros do mesmo, depois virei-me para o meu vizinho de 10 anos e fiz-lhe uma simples e ingénua pergunta: Queres ir jogar Playstation comigo?
E ainda não foi desta que consegui ganhar ao raio do miúdo um jogo. Tenho que escrever menos e praticar mais.