segunda-feira, setembro 05, 2005

Dores da idade....

Com a velhice começam a surgir os problemas de saúde. Chegamos à conclusão que afinal, não é por comer vegetais esquisitos, todas as refeições, que ficamos imunes a problemas de saúde (não sendo, no entanto, esta justificação aceite pela cara metade como desculpa para comprar pizza – mesmo sendo vegetariana). Que é da falta de exercício, que é da falta de cuidado que os homens têm com eles próprios, que é das más posturas quando ponho a loiça na máquina de lavar, diz a minha mulher. Que é dos doces que roubo da caixa que está na sala e que não são para eu comer, “escreve” a nossa filha no quadro do não gostei.
Das más posturas quando ponho a loiça na máquina de lavar? E as más posturas quando tenho que tirar a roupa da máquina e estendê-la? E as más posturas quando tenho que pôr e tirar a mesa? E as más posturas quando sou o último a levantar e (como castigo) tenho que ser eu a fazer a cama, a qual, por razões que me escapam, nunca fica bem feita (aparentemente não basta apanhar as almofadas maricas do chão e pô-las em cima da cama, parece que para além disso temos que puxar uns lençóis e pôr os pijamas sei lá aonde e sei lá mais o quê).
Como é fácil de calcular, tudo isto levou a uma discussão sobre o que são posturas correctas na elaboração deste tipo de tarefas, tendo eu exigido, como é do meu direito, uma explicação prática das mesmas, a qual nunca me foi dada com a desculpa esfarrapada de que eu apenas me queria aproveitar da situação, o que não corresponde à verdade (tirando o caso da cama, onde aí sim me tentei aproveitar da situação, mas entretanto chegou a nossa filha).
Bom, mas afinal o que se passa? Eis a pergunta que neste momento deve de estar a afligir quem está a ler isto. Será que o casado resolveu candidatar-se à presidência da república e vem com esta conversa de ser velho para justificar a mesma? Pensam vocês. Nada disso, que posso estar velho, mas ainda não estou às portas da morte. O que se passa é que, aparentemente, tenho uma dor ciática. A qual me atinge uma das pernas impedindo-me de andar normalmente e fazendo com que as pessoas que encontro me perguntem se fui outra vez fazer cicloturismo. Digo aparentemente porque ainda não tenho a certeza.
- Conheço um endireita que te resolve isso.- disse-me o meu sogro - Toma lá o contacto dele e vai lá que ele arranja-te isso.
Bom, não custa nada experimentar, pensei eu e lá fui. Realmente o homem fez-me maravilhas. A dor que tinha foi rapidamente esquecida. Porquê? Porque o homem teve a gentileza de me oferecer novas e mais fortes dores, através de uma luxação no ombro e de um incrível mau jeito no pescoço. A minha forma de andar sofreu alterações drásticas, assim como o meu humor, o que fez com que amigos meus me viessem perguntar se a minha sogra tinha descoberto o meu blog.
Eu devia de ter desconfiado, afinal o meu sogro é aquele que uma vez disse à minha mulher que a melhor forma de curar aftas é pôr-lhes sal em cima, ou que, quando nos queimamos, devemos colocar sumo de tomate imediatamente em cima da zona queimada. Mas até então, julguei que isso fosse uma forma engraçada de se aproveitar do seu poder de pai, mas agora vejo que é algo de completamente diferente, trata-se antes de uma forma, muito distorcida, de se rir com as desgraças dos outros, tentando, dessa forma, diminuir a frustração por ter que acordar todos os dias e ver que a minha sogra ainda vive com ele.