Agora só no Sapo...
Este blog vai deixar de ser actualizado, agora o Vida de Casado passa a estar apenas e só AQUI: http://vidadecasado.blogs.sapo.pt/
Um blog sobre a vida de casado vista por um dos lados (o outro, se quiser, que faça o seu).
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Andar à procura de trilhos pedestres e passar o dia a percorrê-los é uma das actividades preferidas da minha mulher. A aventura, o contacto directo com a natureza, as belas vistas, mas principalmente e acima de tudo, o orgulho que tem em mostrar à nossa filha os seus espectaculares conhecimentos sobre a fauna e a flora existente, aqui na serra da Peneda. Só para vos dar um exemplo: ontem conseguiu identificar 6 espécies de insectos e 4 de plantas apenas e unicamente através dos inchaços, bolhas, arranhões e outros tipos de irritações e erupções cutâneas com que o meu corpo foi ficando coberto ao longo do "passeio".
A minha mulher descobriu, finalmente, a fórmula mágica para eu nunca mais me esquecer da data em que para ela, "oficialmente" nos casámos:
- Acorda amor. Hoje fazemos 10 anos de casados. - diz-me ela, ao mesmo tempo que põe um tabuleiro com o pequeno almoço sobre a cama (esta do tabuleiro sou eu a fantasiar porque acho que era o que merecia por ter sido acordado, por ela, às 9 da manhã quando estou de férias).
- Não me sabias dizer isso ontem?- respondo eu, com a minha habitual boa disposição matutina.
- Porquê? Meu amor e doçura da minha vida. - a parte posterior ao porquê foi por mim substituída pela resposta original, para tentar manter um tom romântico neste post comemorativo.
- Porque acho que mereço um pré-aviso de véspera para assim te poder comprar uma treta qualquer como prenda.- respondo eu (reparem no romantismo subjacente à minha resposta com o qual lhe tento mostrar a necessidade que tenho de lhe comprar uma bela prenda para que ela veja o quanto a adoro).
- Ó meu amor, só o facto de acordar todos os dias ao teu lado é o suficiente para mim.- ok. mais uma vez tomei a liberdade de ficcionar um pouco a sua resposta.
Bom, lá fizemos a distribuição das prendas, ela deu-me uns Walkie-Talkies e reservou-nos uma hora de Jacuzzi e massagens, e eu paguei o Jacuzzi e as massagens.
Depois achamos por bem ir jantar fora num sítio chique. Homens um conselho: locais que vendem hambúrgueres e pizzas não são considerados sítios chiques, mesmo que vocês insistam e digam que, nesses locais, oferecem brindes engraçados para os vossos rebentos (que as dores provocadas pelos beliscões matrimoniais sirvam como lição para alguém).
Eis-nos então sentados e prontos para jantar. É exactamente neste tipo de situações e de ocasiões, que as mulheres adoram balanços sentimentais:
- Então amor? Alguma vez pensaste que chegássemos tão longe, os dois juntos.- pergunta ela, enquanto eu olhava para o preço da comida e ia suspirando perante os mesmos.
- Pois, eu também não. Mas somos felizes. - responde ela (presumo que aos meus suspiros), tocando-me nas mãos.
- Olha lá e se escolhesses algo de mais barato?- digo eu, ainda a pensar no preço das massagens.- Olha que ainda temos que ter dinheiro para a nossa semana de férias.
- Mas tu só pensas no dinheiro? E que eu saiba já estamos de férias há uns dias.- diz ela, tirando a sua mão, mas não sem antes aproveitar para mais um beliscão.
- Quando eu digo férias, refiro-me a só nós. Eu, tu e a nossa mocita. Sem pais, sogros, irmãs, sobrinhos, cães, gatos, etc.. Pois até agora ainda não me senti de férias.
- És mesmo um bicho do mato. Por vezes nem sei porque raio casei contigo e mais ainda, como é que ainda continuamos juntos.
- Porque eu sou bom na cama.- resposta óbvia, penso eu.
- Ok. Tens razão. É pelo teu sentido de humor. - diz aquela que prometeu há dez anos, a uma entidade superior (que mais tarde me apercebi que não era eu) que me iria respeitar.
Bom, mas lá a conversa continua e voltamos ao mesmo:
- Alguma vez pensaste que chegássemos tão longe, os dois juntos.- volta a insistir.
- Para te ser sincero, até pensava que por esta altura estivéssemos bem melhor do que estamos agora. - respondo eu.
- O que raio queres tu dizer com isso?
- Pensava que por esta altura já tivesse dinheiro suficiente para te pagar uma operação plástica às mamas. - respondo eu.
- Ó meu amor, a forma como tu te preocupas com a minha forma física comove-me. - presumo que tenham já adivinhado que, mais uma vez, esta é uma resposta ficcionada, pois a resposta real não tem cabimento num blog que prima pelo bom gosto.
Depois de pagar uma conta (embora inferior a esta) bastante elevada para o meu gosto resolvemos ir passear:
- Não me queres levar a dançar? - pergunta ela.
- Eu bem disse para tu não beberes o vinho todo.
- Vá lá. Faz-me esse favor.
Bom, sempre são dez anos, o que pode um gajo fazer?
Saquei do leitor de MP3 e coloquei um dos auscultadores nela e outro no meu ouvido e percorremos toda a avenida de Torres Novas a dançar e a beijarmo-nos ao som das belas melodias que ela adora.
Adoraria poder falar de coisas alegres, de factos positivos, de piratarias a blogs, de longas noites de descanso e de sexo (três vezes por dia e em sessões superiores a dez minutos.. IIIIIIAAAAAAAAAAAAAA .....) mas infelizmente existem outras situações que fogem ao meu controlo (mas não o sexo.. YYYESSSSSSS ) e que transformam o que pareciam umas férias inesquecíveis....bom, só as noites devido aos factos já anunciados (... SUPERMAN , O REGRESSO... YYYEEESSS ...) de resto, convém não esquecer que estou numa casa com todos os membros da família da minha mulher e etc , etc , etc ...
- Como é que você consegue fazer isso à criança? - pergunto, ao desconhecido.
- O que é que você tem a ver com isto?
- Também tenho uma filha e sinceramente, isso que você está a fazer põe-me enjoado.
- Meta-se na sua vida, se faz favor.
- Eu até queria, mas você assim não me deixa.
- Mas afinal o que é que você quer que eu faça, hã? – diz ele, meio chateado.
- Bom, já que pergunta: Não se importa de a seguir agarrar na minha filha e fazer-lhe o mesmo? É que ela, desde que o está a ver, não me pára de chatear, e realmente a mim isto de andar à roda a fazer de avião, dá-me vómitos.
- Então moça. Já pensaste no que queres ser quando fores grande? - pergunto eu, durante o nosso passeio de fim de tarde.
- Sim. Quero ser ladrona. - responde ela com a maior das descontracções.
- Queres ser o quê?????- digo eu, assustado.
- Ladrona. Quero roubar aqueles que têm muito ouro e dinheiro para dar aos outros que não têm casa nem comida.
- Ah bom, se é para isso. Mas olha que chegaste a assustar-me. Já te estava a ver líder de um partido político político… brrr … Mas olha lá. Se queres fazer isso, porque razão quando é para dar brinquedos que já não usas, a meninos que não os têm, fazes um bocadinho de birra? - pergunto, para a picar.
- Sim, mas é uma birra muito pequenina. E é só porque tenho medo que eles os partam. - diz com um grande à-vontade.
- Mas se os vais dar, passam a ser deles. Se os partirem, o problema é só deles e de mais ninguém.
- Isso pensas tu. E tu não ficas triste por saberes que os brinquedos que tu me compraste com o teu dinheiro, vão ser dados a meninos que os podem partir?- pergunta-me ela, tentando chegar ao meu coração.
- E os que eu te compro e que depois és tu que partes?
- Mas eu sou tua filha e assim só tens que me comprar outros, agora os outros meninos se os partem, não têm depois ninguém para os voltar a comprar, e isso é triste e é por isso que eu faço um bocadinho de birra. E já não quero falar mais contigo sobre isto, pronto. - diz, depois de uma pequena pausa e de forma decidida.
Penso que afinal, existe o sério risco de ele ir para a política……
P.S.- A "enorme" quantidade de artigos aqui colocados hoje, podem estar a impressionar os habituais leitores, no entanto a explicação é simples: enquanto a minha mulher arruma as suas carradas de malas e me pede ajuda, eu digo que não posso, pois estou ao computador a resolver um assunto urgente, e de última hora do trabalho.
Se ficou definido que sou eu que corto as unhas das mãos à nossa filha, enquanto a minha mulher corta as dos pés, e se está provado cientificamente que as unhas das mãos, crescem duas vezes mais depressa que as dos pés, pergunto eu, se não será justo a abertura de novas negociações, para uma distribuição mais justa das tarefas domésticas que me estão atribuídas.
E não me interessam cá desculpas: que a mocita roí as unhas das mãos, e que já é ela que põe a mesa e não eu. Pois essas situações resultam apenas do seu percurso educativo normal, e que nada têm a ver. Repito, nada têm a ver, com a questão de fundo que passa por mais uma evidente descriminação sexual, dentro desta família. Tenho dito.
Antes das férias, ou seja: das queimaduras; da areia a entrar em tudo o que seja buraco; e dos jogos de raquetas que a minha mulher me obriga o jogar e no qual, porque ela é uma aselha , tenho que estar constantemente a correr de um lado para o outro, a tentar apanhar a bola e ao mesmo tempo a tentar impressionar as belas moçoilas que eu sei que estão a olhar para mim, o que faz com que a minha mulher fique amuada pondo fim ao jogo só porque eu distraidamente começo a enviar a bola para cima de uns parvalhões, que nunca viram uma mulher jeitosa como a minha, a jogar raquetes. Ok, perdi-me.
Dizia eu, que antes das maravilhosas férias que me vão fazer esquecer, todo o stress de um ano esgotante (basta pensar que mais uma vez, vou estar acompanhado da minha sogra, da minha cunhada, do meu cunhado e das minhas sobrinhas adolescentes que falam um francês manhoso no meio de gritos estridentes, e não esquecer o facto de que este ano, vamos todos ficar uma semana enfiados dentro da mesma casa (parêntesis aos parêntesis: não se nota, mas houve uma pequena lágrima teimosa que caiu no teclado e que fez com que o mesmo tivesse uma pequena avaria pelo que, depois de todo o liquido escorrido foi colocado ao sol e substituído. Neste momento encontro-me a escrever com os meus óculos de mergulhador para evitar mais incidentes, porque o dinheiro não dá para comprar teclados, mas dá sempre para reunir toda a família do lado dela, numa mesma casa, durante a primeira semana das minhas merecidas férias…pausa para despejar os óculos…)). Ok. Perdi-me outra vez.
Bom, e porque isto já vai longo e ela quer que eu a vá ajudar a fazer as malas, para a semana em que vou estar dentro de uma casa com toda a sua família, que me vai estar constantemente a chatear sobre assuntos irrelevantes como: a qualidade de vida de um cidadão francês e de um cidadão português; com o meu sobrinho a chatear-me a cabeça, por causa de um jogo qualquer de futebol que para aí houve entre os dois países; a minha sobrinha a querer cravar-me o carro para ir passear com o namorado (o KiKi) sei lá para onde; com os meus sogros em contantes disputas para ver quem é que mais ofende o outro; e com a minha mulher a amuar porque eu irei estar sempre ao computador "...e que nas férias o sítio do computador é em casa, e que deveria era de sair com eles porque senão ainda pensam que eu não gosto da sua companhia......." Pois….perdi-me outra vez.
Enfim….o que eu queria dizer era algo de importante, mas agora assim de repente não me lembro…… Por isso, quero lá saber.
- Já viste a depressão com que o meu pai anda? - diz-me ela, no carro na viagem de volta de casa dos pais.
- Pois......
- Não sei o que mais posso fazer.
- Pois.....
- Só dizes isso?
- Ambos sabemos a causa da mesma.
- Sim, a minha mãe é uma chata, mas têm que saber viver um com o outro. Talvez....
- Talvez o quê?
- E se lhe déssemos viagra? - diz-me ela, com um sorriso maroto.
- E depois quem é que pagava as suas saídas nocturnas? Olha que com o que ele ganha de reforma, a festa não duraria muito.
- És mesmo estúpido. Tens que distorcer sempre o que eu digo. – diz ela ao mesmo tempo que levo mais um beliscão, no meu braço felizmente já calejado – Podia ser que assim eles se entendessem, pelo menos a esse nível.
- Mas tu não achas que ele já sofre que chegue? – digo eu, completamente indignado com aquela horrível sugestão.
- É a tua vez de levar a moça à vacina. – diz-me a minha mulher.