terça-feira, março 29, 2005

O sofrimento……

A Páscoa parece que é uma época de sofrimento, prova disso é a visita que os meus sogros me estão a fazer. Ter que aturar o seu passatempo favorito, ver qual deles consegue chamar mais nomes ao outro e impedir que depois o outro consiga falar, ou pelo menos ouvir-se. Isto fez com que o meu horário de trabalho sofresse uma ligeira alteração, passei a entrar mais cedo (aproveitando que eles ainda estão deitados) e a sair mais tarde (tentando chegar a casa imediatamente antes do jantar). O problema é quando chego a casa. Não só a minha poltrona está ocupada pelo meu sogro, como ele tem nas suas mãos O MEU TELECOMANDO. Na casa dele não tenho direito a tocar no telecomando, mas aqui também não. Assim, tenho que aturar a saga diária das carradas de novelas que dão durante toda a noite (tem pelo menos uma vantagem, enquanto ambos vêem as novelas, e até ao intervalo das mesmas fazem uma pausa na sua implicância).
- E a mensalidade da TV Cabo? Não tem que ser rentabilizada? - pergunto eu à minha mulher.
- Não queres que os meus pais se sintam bem na nossa casa? - responde ela, com uma pergunta que eu sinceramente não entendi, e só por isso demorei mais tempo a responder do que aquilo que ela considerava que seria o tempo normal para responder a algo, que para ela parecia óbvio.
Acabei por lhe perguntar, enquanto dos seus olhos já saíam faíscas (e como ela fica linda com os olhos “faiscantes”) se eu não deveria também de me sentir bem na minha casa, ao que ela respondeu que isso dependia apenas e exclusivamente de mim, algo que me suou como uma ameaça.
Face ao exposto e após muito ponderar, resolvi que hoje é o dia ideal para realizar algo que tem andado pela minha cabeça nos últimos meses, ou seja, vou fazer horas extraordinárias com o objectivo de tentar descobrir uma solução para a seca que afecta o nosso Baixo Alentejo, e só vou para casa quando terminar esta nobre tarefa, ou então quando os meus sogros se forem embora (existe ainda a hipótese remota de ter que ir para casa devido a uma emergência familiar, algo como a minha mulher telefonar-me aos berros: VÊM IMEDIATAMENTE PARA CASA SE QUERES CONTINUAR AQUI A VIVER, ou algo de semelhante).

quarta-feira, março 23, 2005

A minha mulher, a minha barriga e eu.....

O facto da minha mulher se fartar de falar da minha barriga, faz-me pensar um pouco sobre isso. Gosta de comentar a mesma quando eu passo por ela mostrando o meu belo tronco nu. “Olha para esta barriguinha linda. Se eu tivesse tanta celulite como tu tens barriga….” Acabo por não perceber muito bem onde é que ela quer chegar com essa conversa. O que raio é que a minha barriga tem a ver com a sua celulite? Se ela quisesse fazer comparações que eu perceba, que compare a minha barriga com o seu peito. Aí sim fazia sentido: “Se eu tivesse tanto peito como tu tens barriga….” Seguido por um suspiro. Agora a celulite? Qual é a comparação aqui? Será inveja? É verdade que tenho um certo orgulho na minha linda barriga. Quando era puto tinha um trauma tramado por ser só pele e osso. Ia levando a minha família à falência, na minha adolescência, devido ao forte aumento nas compras de comida. Fartava-me de comer, só parava quando sentia a barriga bem cheia, mas não adiantava nada. A minha magreza fazia com que tivesse vergonha em ir à praia ou a piscinas públicas. Via as moças a olharem para mim e não sabia se era pela minha magreza ou se era de admiração por verem que conseguia levar sozinho, a toalha de banho, sem cair. Fui para a universidade e assim continuei, comia desalmadamente e de encher a pele, nada. Casei e aí algo finalmente mudou. Comecei a comer menos, por razões que não vou voltar a referir, porque a censura não quer que eu fale mais nos seus cozinhados e diz que agora já cozinha muito melhor e sobre isso eu não vou dizer nada porque estamos em treinos para dar um mano à nossa filha.
Continuando. Comecei a comer menos, mas aí comecei também a ganhar a desejada gordura. Com o tempo essa gordura foi-se acumulando naquilo que é agora o meu orgulho. A minha barriga. E que linda barriga é a minha. Quantas barrigas têm o privilégio de receber elogios do sexo oposto? “Tomara eu que o meu marido (namorado; amante; etc.) tivesse uma barriguinha linda como a do teu marido.” As vezes que eu ouço isto, seguido imediatamente por uma festa na mesma.
Demorou muito tempo a atingir este nível de perfeição. Por exemplo, em relação à flacidez, quantas barrigas existem por aí com uma flacidez digna de qualquer tasca? Eu, para a minha barriga tenho um elevado grau de exigência, tem que ter uma forte componente estética que, com a minha habitual modéstia, faz de mim um artista e não um vulgar barrigudo: A sua linda e perfeita curvatura. A forma como ela faz sobressair na perfeição e simetricamente a minha cintura. A forma como o umbigo sobressai esteticamente de todo o conjunto. A próprio orientação dos pêlos, etc. Isto, meus amigos, é arte bem superior a alguma arte moderna que por aí vejo. Posso até dizer que um molde da minha linda barriga deveria ter um lugar de destaque em qualquer museu de arte contemporânea, pois é exactamente disso que se trata: arte contemporânea.

sexta-feira, março 18, 2005

Pequenos truques para o dia a dia....

Fazer comida.
Quando era puto ficava admirado com as capacidades do saudoso Mestre Silva, essa grande figura da culinária Portuguesa. Tinha um programa na rádio, no qual uma pessoa telefonava para ele, dizia-lhe o que tinha em casa e o gajo com três ovos e uma fatia de pão, fazia um banquete para 10 pessoas. Obviamente que não tenho as capacidades do Mestre Silva, mas tenho alguma experiência na arte de fazer, rapidamente, uma refeição caseira, saudável e que agrada sempre à maioria dos membros da família (no meu caso, a mim e à nossa filha). Aqui vai então o que devem fazer quando se esquecem de ir às compras e por castigo são obrigados a fazer a janta com os parcos recursos existentes em casa. Podíamos telefonar para o restaurante e ir lá buscar a comida, mas isso iria dar a entender que nós, homens modernos (andam a reparar na quantidade de vezes que repito isto?) não somos capazes de preparar uma refeição condigna para a nossa família, o que não corresponde de todo à verdade.
Ora bem, em primeiro lugar há que ver o que existe como matéria prima. Em qualquer casa normal, onde habite uma criança, existem sempre duas coisas: leite e chocapic.
Aquece-se o leite, põe-se numa tigela, deita-se o chocapic à vontade e está o belo repasto feito. Atenção que também há quem prefira primeiro colocar os chocapic e só depois o leite, mas isso são discussões culinárias que não se enquadram aqui. Caso não tenham chocapic, usem nestum, ou estrelitas, ou outra treta qualquer que os vossos filhos vos obrigam a comprar, porque querem fazer a colecção toda das figuras dos Incríveis e vocês têm a dispensa cheia dessas tretas e isso tem que ser despachado antes que acabe o prazo de validade.
Caso a vossa cara metade comece a refilar dizendo que isso não é jantar, relembrem-na que de acordo com as suas (dela) teorias de comida saudável, o jantar deve ser composto por uma refeição ligeira e de fácil digestão. Caso ela tente minar a vossa perícia culinária, façam uma votação democrática sobre o que todos os membros da família pensam do jantar (se tiverem animais e forem os responsáveis pelos mesmos, têm direito a votar por eles) lembrando os votantes mais novos que neste tipo de jantar não há sopa.
Caso não tenham filhos….. Bom, aí simplesmente não têm que se preocupar em fazer o jantar, o jantar é uma refeição que só existe quando vivemos com os nossos pais, ou quando já somos pais.

terça-feira, março 15, 2005

Momento de reflexão....

Eis uma das coisas que mais me irrita: Que mania é essa que as mulheres têm de destruir as cuecas dos homens só porque as mesmas têm uns buraquinhos? Acham que esses buraquinhos foram feitos ao acaso? Não senhor. Foi preciso muito tempo para que os buraquinhos ficassem perfeitos para alojar o nosso sexo. Elas esquecem-se que, ao contrário dos soutiens, as cuecas não têm em conta o tamanho do sexo e acessórios. Mais: Também, ao contrário das mamas (pelo menos das que conheço) os nossos tomates são assimétricos, e isso, minhas amigas, não é considerado pelos fabricantes. O que faz com que tenhamos que ser nós, a criar os espaços necessários para o bom alojamento da nossa razão de viver. E como é que isso é feito? Com o uso, minhas caras, ou seja, é exactamente quando os buracos estão feitos (devido ao roçar constante e ao coçar permanente) que as cuecas estão na sua forma ideal para serem usadas, pois só aí permitem o aconchego instantâneo e sem a necessidade de andarmos constantemente a ajeitá-los. E o que é que vocês fazem quando isso acontece? DÃO CABO DELAS.
Já agora, quando se queixam que os homens são uns porcos porque passam o tempo a ajeitar e/ou a coçar as suas partes baixas, pensem antes que estão a usar cuecas novas, porque as que tinham foram rasgadas por uma esposa (ou mãe) que nunca irá compreender o porquê dos buracos nas cuecas.

sexta-feira, março 11, 2005

Pequenos truques para o dia a dia.....

Como evitar cáries dentárias nos nossos rebentos. Eis um problema de saúde pública e do qual os alertas nunca são demais, principalmente agora nesta época que se aproxima. Aviso já que este artigo pode causar algumas indisposições nas mentes mais sensíveis, mas dada a importância e a gravidade do tema, aqui vai:
Cada vez mais as nossas crianças estão expostas a todo o tipo de guloseimas, dando a própria comunicação social o seu forte contributo para aumentar o consumismo das mesmas. Ora, nós pais preocupados temos que agir para que os dentes dos nossos rebentos não se degradem, para assim estarem sempre prontos para ser utilizados nas lutas que os mesmos têm. Principalmente com moços que têm a mania que são namorados da nossa filha.
Mas para além do óbvio apelo ao consumismo existente na comunicação social, pode-se dar o caso de terem na família uma mulher que em vez de evitar a compra dessas guloseimas, faz o contrário, dizendo (e eis o momento choque do artigo) que o facto de a nossa filha ter acesso livre aos doces torna os mesmos menos desejados por ela. Pois… O mais grave é que se eu argumentar que segundo esse princípio deveria de ter à minha disposição um harém de mulheres boas, para…o restante texto foi censurado…
Assim, tenho que ser eu a fazer todo o trabalho sujo, ou seja, tenho que me certificar que ela ingere a menor quantidade de doces possível, eis então meus amigos o que vós pais cuidadosos e preocupados devem de fazer:
Comer todos os doces que estejam disponíveis e ao alcance dos vossos rebentos, os que não estão ao alcance também devem marchar, pois mais cedo ou mais tarde irão ser disponibilizados.
Não vacilem, elas vão vos tentar impedir com desculpas sem sentido, como por exemplo, dizendo que nunca têm doces para dar às visitas, ou que somos uns gulosos e que ainda vamos acabar diabéticos, esqueçam essas visões egocêntricas e focalizem-se no vosso objectivo.
Se o vosso rebento vos oferecer uma trinca do gelado ou do chupa, certifiquem-se que dão uma trinca como deve de ser, ou seja, certifiquem-se que só fica o pau. Não cedam perante o choro nem perante a porrada dada pelo outro suposto adulto que deveria de apoiar e compreender a vossa atitude, mais tarde elas vão acabar por vos agradecer. No meu caso agradeceram deixando-me sossegado durante o resto do dia enquanto ficaram a pensar profundamente no heroísmo da minha acção. Pelo menos é isso que eu gosto de pensar que elas estiveram a fazer, durante todo o tempo que estiveram sozinhas, não me dirigindo nunca uma palavra. Mas eu sei reconhecer a gratidão nos olhos chorosos da nossa filha, sempre que ela me via nesse dia.

quarta-feira, março 02, 2005

Frases que me assustam.....

De vez em quando (quase todos os dias) ela diz umas coisas que me fazem arrepiar, é o top 10 dessas frases que vou aqui deixar, com a respectiva justificação do arrepio, sempre que tal for necessário:
1. Então, não sabes que dia é hoje? (penso que não é necessária a justificação)
2. Vais assim para o trabalho? (embora ela diga isso todos os dias, ainda não consegui deixar de me assustar, pois lembro-me sempre daqueles sonhos onde vamos nus para a rua e todos olham para nós, só descanso quando vejo que afinal sempre tenho as calças vestidas)
3. Onde é que deixaste o carro? (faz-me sempre esta pergunta depois de ter sido ela a última a ter andado com o carro)
4. A minha mãe é um amor. (logo a seguir a isto vem a justificação da frase que tem sempre algo a ver com a vinda da minha sogra à minha casa)
5. Empresta-me a tua carteira. (uma vez que ela também tem cartão de crédito, é claro que fico assustado)
6. Onde vamos este fim-de-semana? (já por aqui falei sobre isto)
7. Descobri uma receita espectacular. (pois…também penso que esta já foi amplamente justificada em anteriores artigos)
8. Comprei-te uma camisola muito gira. (envolve sempre cores psicadélicas e que fazem sobressair a reserva corporal que tenho, para prevenir possíveis tempos difíceis)
9. Achas que isto me fica bem? (Pois….o “depende do preço” nunca é resposta certa e dá sempre direito a represálias)
10. És o homem da minha vida. (tenho medo que ela descubra que, afinal, sempre sou um tóino qualquer)