terça-feira, junho 29, 2004

O Instinto maternal....

Passado algum tempo depois de casarmos (se não me engano, foi no dia seguinte) passamos a sofrer pressões por parte dos nossos pais para termos filhos. Essas pressões chegaram a um ponto em que sempre que tínhamos relações sexuais via uma imagem da minha sogra a perguntar-me se eu era fértil, o que estragava tudo (pois ainda por cima aparecia nua, brrrr....). A minha mãe, pelo seu lado, quase que chorava sempre que sabia que a minha mulher estava com o período.
Por falar em período, um facto estranho, antes de casar reparei que durante o período ela ficava muito embirrante, depois de casado cheguei à conclusão que ela deve ter períodos que duram um mês.
Continuando: Mas vocês têm a certeza que estão a fazer as coisas como deve ser?- perguntavam elas. Porra, tive vontade de perguntar à minha mãe se ela não achou nada de estranho no dia em que, antes de casarmos, me apanhou de calças e cuecas pelos tornozelos e as mãos a tapar o sexo, informando-a muito solenemente que a minha namorada estava com uma infecção urinária muito grave e que por isso, e só por isso é que eu lhe estava a bloquear a porta do meu quarto. E à minha sogra tive vontade de lhe dizer que os ruídos que ouvia vindos da sala, quando eles estavam na cama, não eram dos "filmes indecentes que passam fora de horas na televisão".
Bom, mas com o tempo fomo-nos habituando (ajuda estarmos a viver a 250 Km deles), no entanto o instinto maternal da minha moça começou a aumentar exponencialmente, mas de gravidez, nada. Para tentar minimizar esse instinto arranjei um gato, o que não ajudou muito pois, infelizmente, morreu atropelado quando ela já estava afeiçoada a ele. Arranjei outro, mas desapareceu passadas umas semanas. Finalmente, encontrei outro abandonado, com poucas semanas de vida, pelo qual ela rapidamente se apaixonou e consegui baixar a pressão, até ao dia em que fiquei a saber que afinal o gato era uma gata e que estava grávida. Tão querido- dizia ela entre lágrimas- vai ter filhinhos... Bom, foi o suficiente para me convencer a ir no dia seguinte realizar um espermograma o qual já à uns tempos que estava para ser feito mas... (coisas de homens). Estou eu a mentalizar-me para sair de casa, quando toca o telefone e ela me diz que estava grávida. Suspirei enquanto pensava: Se Deus existe, tem um grande sentido de humor.

segunda-feira, junho 28, 2004

A partilha de tarefas...

A minha mãe sempre me habitou a fazer as lides domésticas de modo que quando casei pensei que continuaria a limpar o pó ao sofá e ao telecomando da TV. Engano meu. Passei então a ter que limpar o pó noutras zonas da casa, ficando também encarregado de usar o aspirador, o qual por mais acidentes que sofresse (caiu do primeiro andar, ficou esquecido na rua durante um temporal, ficou sem um das rodas, etc.) continuava a trabalhar passando o ruído que fazia a ser muito semelhante ao de gargalhadas sarcásticas. Infelizmente tanto acidente levantou suspeitas pelo que assim como começaram tiveram o seu fim (as mulheres quando querem são muito persuasivas, principalmente quando estão nuas).
Mas também aqui existiram vantagens, depois das limpezas à casa, vinham as nossas, as quais, sempre que o aspirador não sofria acidentes, eram feitas em conjunto.
Outra tarefa que me calhou foi o de lavar a loiça, nunca pensei dizer isto, mas um dos dias mais felizes da minha vida foi quando consegui juntar dinheiro suficiente para comprar uma máquina de lavar loiça (é linda!!!!!).
Actualmente já conseguimos pagar ajuda externa para as limpezas da casa, no entanto as tarefas diárias ainda são repartidas, eu tenho que ligar a televisão assim que chego a casa e ela tem que fazer o jantar. Eu tenho que o comer e arrumar a loiça. Nos dias em que me calha fazer o jantar invertemos os papéis, ou seja, eu telefono para encomendar a comida e ela depois arruma o cartão das pizas no saco para a reciclagem. Ando neste momento a tentar incutir na minha filha de três anos (qualquer dia falo de como é que este terceiro membro da família veio mudar novamente TUDO) o prazer que dá pôr os pratos, os talheres e os copos da mesa e depois tirá-los e pô-los na máquina de lavar, trata-se de uma brincadeira muito gira, digo-lhe eu, mas não é tão giro quanto ver a cara do pai a fazê-lo, diz-me ela com a ajuda da mãe.

sábado, junho 26, 2004

Os primeiros problemas...

Passados os primeiros tempos de euforia, na nova vida em conjunto, chega uma altura em que o cheiro das meias sujas, espalhadas pelos diversos cantos da casa, supera a paixão e aí, aí começa o verdadeiro casamento. Um casamento onde as anteriormente enaltecidas qualidades do parceiro, passam a horríveis defeitos. Onde antes existiam sorrisos, quando a roupa era atirada para onde calhava, na ânsia de mais um momento de sexo, agora, mal se começava a desapertar o cinto, vinha logo “Vê lá se já te esqueceste onde é o cesto da roupa suja”, o que passou a ser um excelente contraceptivo.
Pelo meu lado, os sorrisos feitos à hora do jantar, passaram a esgares, causados pela visão das experiências culinárias a que eu era sujeito e as quais, tenho quase a certeza, me causaram danos irreparáveis nas papilas gustativas (tanto assim é que actualmente deixei de me queixar). Não me posso esquecer da minha primeira festa de aniversário depois de casado, convidamos os nossos amigos para um jantar com ementa pensada e preparada pela minha mulher. Dois dos meus amigos telefonaram-me passados dois dias, informando-me que estavam com diarreia desde a minha festa, ao que eu os relembrei que foram por mim avisados para virem já comidos, e que por isso declinava qualquer responsabilidade. Obviamente que o número de visitas sofreu um declínio, e pela minha parte fiquei a saber quem eram realmente os meus amigos. UMA CAMBADA DE COBARDES.

sexta-feira, junho 25, 2004

A Testosterona....

As coisas que um homem faz para impressionar uma mulher. Quando estava a entrar na adolescência li o livro Servidão Humana de Somerset Maugham e impressionou-me as figuras tristes que a personagem principal fazia por causa de uma mulher, pensei que isso nunca me iria acontecer, mas esqueci-me da testosterona e dos seus efeitos sobre o bom senso. Assim, quando ela começou a disparar, toca de tentar impressionar. Lembro-me perfeitamente que lavava os dentes sempre depois das refeições, não por uma questão de higiene pessoal, mas porque aquele poderia ser o dia, em que pela primeira vez na minha vida, poderia vir a dar um linguado a uma moça. Os cabelos tinham que estar muito bem penteados para dar um ar perfeito de despenteado (o que me levava a estar longos minutos em frente do espelho, aliás existia uma série de fios de cabelos insubordinados, que iam do número 4523 até ao 4894 que nunca seguiam as minhas instruções). Foi no entanto quando estávamos ambos a estudar em Évora e já namorávamos que aconteceram as maiores baboseiras que até hoje fiz. A primeira aconteceu quando estávamos a passear e começamos a ouvir berraria numa rua, ao passarmos vemos dois jovens bêbados a discutir muito acaloradamente, até aqui tudo bem, o problema é quando eles começaram à porrada e ela começou aos berros “OLHA PARA ELES, VÃO-SE MATAR. NÃO FAZES NADA?” e aqui o parvalhão (em vez de dizer NÃO) começa a tentar separar os bêbados enquanto ela assistia serenamente à cena. Eu que abomino a violência e as confusões estava agora no meio (mesmo no meio) de mãos e pés que voavam sem destino fixo. Quando tentava agarrar um, o outro aproveitava a toca de lhe dar porrada, então tentava agarrar o outro e invertiam-se os papéis e a parvalhona, em vez de chamar ajuda, andava ali aos ais de um lado para o outro e eu sozinho no meio dos bêbados a tentar separa-los e ao mesmo tempo a tentar esquivar-me dos pontapés e murros que choviam. É óbvio que algum tinha que parar em cima de mim e infelizmente parou mesmo. Quem estivesse de fora já não conseguia distinguir os bêbados do parvalhão do bom samaritano. Finalmente, após uns murros e pontapés em numerosas zonas do meu corpo, ela teve uns segundos de clarividência e suplicou à multidão, que se tinha formado para ver o espectáculo, por ajuda. Alguns homens (e não apenas um parvalhão) conseguiram parar com aquilo e lá me consegui arrastar para junto dela.
A outra situação aconteceu no meu ano de finalista, resolvi, juntamente com outros supostos machos, entrar na garraiada de finalistas, em relação a isso só vos posso contar o que vi no vídeo, pois, desde o momento em que o novilho investiu contra mim e até estar a salvo nas tábuas, uns valentes minutos depois, não me recordo de absolutamente nada. Pelo que vi no vídeo, tratou-se de um filme de terror em que corpos voavam pelo ar como se de bonecos se tratassem e ela, que estava a filmar, dizia para as colegas “Acham que ele se está a aleijar?” CLARO QUE NÃO. SÓ ESTAVA A TENTAR DAR UM DIA DE FELICIDADE AO TOURO E PENSEI QUE A MELHOR FORMA ERA A DE ME OFERECER A ELE COMO SACRÍFICIO HUMANO. ERA POR ISSO QUE GRITAVA, NÃO ERA DE DOR, ERA DE FELICIDADE.
Moral das histórias, a testosterona e as mulheres fazem-nos fazer figuras tristes nas quais podemos, como provam estas minhas aventuras, pôr em risco a nossa integridade física e ainda por cima as recompensas sexuais (a única razão para fazermos estas figuras) não puderam ser gozadas, pois tanto num caso como noutro, as mazelas foram suficientes para que, durante uns bons dias, qualquer beijo, em qualquer milímetro quadrado do meu corpo, apenas conseguirem levar ao limite da excitação todos os meus receptores de dor.

Como tudo começou.......

Foi o IRS o causador desta minha situação. Resolvi fazer umas contas e cheguei à conclusão que casado descontava menos do que apenas vivendo em conjunto, pelo que lá fomos à conservatória assinar uns papéis e pronto, começou uma nova fase da minha vida.
No início até era porreiro, alugamos uma casa e pela primeira vez podíamos ter relações sem ter ejaculações precoces resultantes do medo de aparecer o pai ou a mãe de repente na sala onde supostamente tínhamos ficado a ver um filme.
Passei a ter ejaculações precoces por outras razões, mas pude tê-las em qualquer divisão da casa, o que foi em si um avanço.
Para além disso e também pela primeira vez, pelo menos durante tanto tempo, passamos a dormir sempre juntos e com a mania que nos tínhamos que tocar sempre, o que no Verão no Alentejo numa casa com telha preta e quarto no sótão mostra bem o quanto estávamos apaixonados.
No entanto, quando íamos a casa dos pais, tirávamos férias um do outro, pois casado casado só pela igreja, dito de outra forma, só aceitavam que dormíssemos juntos depois de um gajo que nunca deu uma queca (e que se gaba disso) dizer que éramos marido e mulher. Mais uma vez fiz as contas e uma vez que os velhos aceitavam pagar quase todas as despesas, fomos em frente e (outra alegria da vida de casado) fizemos uma pipa de massa com o dinheiro dos convidados (podia ser um pouco mais mas uma ovelha ranhosa da minha família, resolveu gastar o dinheiro que me era dirigido, em putas na festa de despedida de solteiro, e ainda por cima usou-as ele).
Outra situação que mudou com o casamento foi a visão que as pessoas passaram a ter de mim, principalmente os meus sogros e restante família do lado da minha mulher. Antes do casamento tratavam-me como um puto chato que estava todos os dias em casa deles a querer "comer" a filha, depois, passei a ser o homem respeitável e adorável que todas as mães gostariam de ter como genro, ou seja, enquanto antes houve noites em que empestavam a sala com insecticida com a desculpa dos muitos mosquitos e melgas existentes (penso que eu era contabilizado como mais um desses insectos) agora posso dizer as maiores barbaridades que é só sorrisos. No inicio cheguei a pensar que tudo isso não era mais do que uma manobra para que nós nos casássemos depressa e eles se verem livres da filha. Agora já tenho a certeza.