sexta-feira, outubro 29, 2004

Esforço Físico......

Chego do emprego
A cabeça a rebentar
Vou para o ringue
Tentar desanuviar

A correr e a saltar
Deixo a raiva sair
Tento me cansar
Correr até cair

Lanço a bola ao cesto
Recordo a adolescência
O tempo em que tinha
Outro tipo de paciência

Não preciso esperar muito
Para companhia surgir
Convida-me para jogar futebol
O seu tamanho faz-me rir

Passado pouco tempo
Desejo descansar
Mas aparece a minha mulher
Com a máquina de filmar

Sinto os pulmões a rebentar
O coração vai explodir
O raio do puto está a ganhar
Quero uma desculpa para fugir

Hora e meia fico em campo
Não sei como aguento
Desejo que alguém me chame
Para acabar com o tormento

Finalmente chega a hora
Vem-me chamar para jantar
O raio do puto ainda chora
Implora-me para eu ficar

Chego a casa estoirado
Quase morto e a transpirar
Olho para trás e vejo
O puto Fresquinho ainda a saltar

Como é que isto aconteceu
Como me deixei fintar
Afinal ele só tinha oito anos
Diz-me ela a gozar

Tão cansado fiquei
Que o estranho aconteceu
Na cama ela abraçou-me
E o sexo nem se mexeu

Hoje estou todo moído
Sinto dores por todo o lado
Mas a maior é por dentro
Por um puto me ter derrotado.

segunda-feira, outubro 25, 2004

O bicho do mato.....

O bicho do mato. Eis como a minha mulher me define em termos sociais. Como se o facto de não conhecer toda a gente que habita na nossa vila fosse um horrível defeito, afinal só para cá nos mudámos há dois anos e meio e se por vezes nem a conheço a ela quando a vejo de manhã (pois chamo-lhe sempre nomes, que nunca correspondem ao seu, quando ela me tenta acordar com a sua suavidade habitual: bater portas; rádio no máximo; ela a cantar; etc..) como é que eu hei-de conhecer os sei lá quantos mil habitantes desta terra. Quando morávamos em Beja ninguém se parecia importar com o facto de eu não os conhecer, agora aqui, se um gajo se limita a dizer bom dia e não pára para perguntar pela família é um antipático. O que ela gosta disso, do bla bla bla. Sempre que saímos de casa para algo que eu, sozinho, faço em poucos minutos (sei lá, comprar uma porra qualquer para vestir à nossa filha) com ela demora horas, não só porque afinal a porra qualquer não pode ser sempre um fato de treino, mas também porque pelo caminho vamos encontrando a mãe do sei lá quem, a prima do não faço ideia e a avó do quero lá saber. E para cada uma delas tem que explicar (com satisfação, diga-se de passagem) o que vamos fazer: qual a possível cor da roupa que vamos comprar, quando dinheiro vamos gastar, qual a loja onde vamos (existem algumas pessoas que tenho a certeza que têm comissão tal é o seu empenho em no “obrigar” a ir à loja X) qual o número que a nossa filha veste, quantas quecas temos dado ultimamente (ok, esta última AINDA não nos perguntaram) e mais uma série de merdas que, na minha modesta opinião, não enriquece a vida de ninguém. O problema é que realmente ela gosta disso, gosta que as pessoas lhe façam perguntas e PIOR, gosta de fazer perguntas a elas. Para estas ocasiões, basta eu dizer “Olha, fica aí que eu já venho, vou comprar SOZINHO a roupa para a nossa filha.” Noutras saídas, que não para comprar roupa, basta a nossa filha dizer: “Mãe, tens que te despachar senão o pai diz que não tem tempo para as limpezas da casa e para fazer toda a comida que tu o obrigas a fazer para nós comermos.” (e por isto só me exige em troca uma simples pastilha sem açúcar). De qualquer das maneiras o resultado é sempre o mesmo, levo uns beliscões e sou acusado de ser antipático e outros mimos do género. Que raio de mania esta. Porque razão é que eu tenho que contar às pessoas a história da minha vida? (para isso tenho o blog, porra) Eu quero lá saber da vida delas. EU NÃO TENHO PACIÊNCIA PARA CONVERSAS DE CHACHA. Quando quero algo vou directo ao assunto, não quero saber se têm uma verruga no dedo grande do pé ou se a filha do marido da prima do avô da irmã do Manuel fugiu com o neto do primo da cunhada do Joaquim que tem uma loja trespassada ao Manuel (se perderam tempo a tentar perceber esta ligação, ARRANJEM UMA VIDA). Mesmo a conversa de chacha com outros homens, não me diz nada. Ou falam de futebol (o que já há uns tempos que deixei de ligar) ou de carros (que também não percebo muito) ou de tecnologia (ok, aí já não é conversa de chacha). Os meus seres humanos preferido para conversar são as crianças. Porquê? Ainda não estão viciados na conversa de chacha. Dizem o que pensam e acabou: “Porque que é que a tua mulher está sempre a dar-te beliscões?” – perguntam-me sempre que vamos deixar a nossa filha à Escola. “Já ouviste falar da Bruxa má?- pergunto eu. “Vive comigo.”- continuo, sussurrando e apontando para a minha mulher.
“Olha lá, tu sabes porque razão a Mariazinha grita e se esconde de mim sempre que vamos à Escola pôr a nossa filha?”- pergunta-me ela. Como se eu tivesse alguma coisa a ver com isso.

sábado, outubro 23, 2004

A relação da nossa filha com as avós…..

A nossa filha é um espectáculo. Ainda fico com um sorriso nos lábios quando me recordo da forma como ela ontem falou com a minha sogra ao telefone: “Tu és uma chata. Poça….” E a minha sogra: ”Sou o quê? Olha que assim já não falo mais contigo e não gosto de ti.” Foi o suficiente para a nossa filha passar o telefone à mãe, mas não sem antes terminar a conversa com:”E se não gostas de mim és uma bruxa má.”. Ok, descuidei-me e comecei a bater as palmas, mas consegui disfarçar a tempo fingindo que estava a apanhar um bicho voador qualquer. Para dar mais credibilidade à minha burrice (pela evidente falta de jeito na desculpa do bicho voador) e por mais que me custasse, até porque tive que fazer um esforço enorme para não me rir, tive que lhe dizer: “Olha lá, não se diz isso à avó. Principalmente pelo telefone, pois assim eu não consigo ver a cara dela para me divertir mais.” Bom, a última parte era o que eu queria ter acrescentado mas devido ao ar chateado da minha mulher resolvi ficar pela primeira frase. A minha mulher é que ficou fula: “Isso não são coisas que se digam à avó. Ela ficou muito triste. Achas mesmo que a avó é chata?” Tive que sair da sala insinuando que tinha que ir à casa de banho, quando ela abanou a cabeça dizendo que sim. Obviamente que a minha saída foi acompanhada de um berro: “O QUE É QUE TU ANDAS A DIZER À RAPARIGA SOBRE A MINHA MÃE?” Como se eu fosse capaz disso…..ok, até era, mas por acaso desta vez, não tenho culpa nenhuma. O que se passa é que a criança já tem idade suficiente para saber quem é chata e quem não é. Aliás, por alguma razão ela sabe o nome dos avôs mas engana-se sempre no nome das avós. Porquê? Porque elas são as duas umas chatas. “Dá um beijinho à avó senão já não gosto de ti.” “Dá um abraço forte e eu depois dou-te um rebuçado.” “Toma uma barbie e diz que gostas da avó.” Porra, os avôs estão-se a borrifar para os beijos e abraços, deixam a moça à vontade. Ela é que os está sempre a chatear para que eles joguem à bola com ela. Um tem que deixar de ver a novela para ir fazer o favor à neta, o outro tem que ir medir a tensão para ver se não cai no chão com um ataque cardíaco.
Ainda em relação às avós. Com as chantagens que elas tentam fazer com ela (ainda não perceberam que assim não levam nada e que só continuam a solidificar a ideia de chatas) somos nós, os pais, que sofremos, pois por um lado somos nós a tentar deseduca-la da fase Barbie (a última foi este fim de semana quando lhe mostramos um livro de fotos do Sebastião Salgado e lhe explicamos que nem todos os meninos se podem dar ao luxo de se preocuparem com a escolha da roupa para vestir) e por outro, temos as velhotas que lhe dão pulseiras, relógios, vestidos, sapatos, etc.. Já por várias vezes, insinuei que a nossa filha tem roupa suficiente para duas vidas e que elas podiam era começar a comprar roupa para quando ela fosse mais velha, assim a minha mulher podia ir experimentando a mesma e talvez se deixasse de queixar de falta de roupa crónica (para esta noite aluguei o filme “Lylia 4ever”- filme choque que aconselho- para a minha mulher ver que nem todas as mulheres deste mundo se podem dar ao luxo de se preocuparem com a escolha da roupa para vestir).

sexta-feira, outubro 22, 2004

A sopa.....

No passado fim de semana resolveu inventar uma sopa. Tive o cuidado de a esconder bem no fundo do frigorifico para que ela se esquecesse da sua existência. No entanto hoje, antes da aula de natação disse-me: “Aquece a sopa que fiz no fim de semana.” Como ela adivinha os meus pensamentos acrescentou “E não vale fingir que te esqueces.” Bom, o que podia eu fazer? Tinha ali a minha chance de me redimir, tinha que a aproveitar, até porque me parece que o sofá começa a ter a minha forma e isso deixa-me frustrado (não por lá dormir, mas pela forma em si, faz-me parecer mais gordo do que aquilo que realmente sou). Assim sendo, lá tirei o raio da sopa do canto escuro do frigorifico. Tinha esperança que ela já estivesse estragada e cheirei. Realmente não cheirava muito bem, mas depois pensei: “Como foi ela que fez a sopa é impossível saber se está estragada ou se é o seu cheiro natural.” Lá pus a sopa a aquecer. Uma concha para a nossa filha, duas para mim e duas para ela. Quando chegaram estava eu a provar a sopa para ver se estava quente, e o que senti ao provar foi semelhante ao que me acontece quando acabo de mijar, um arrepio. Assim que o efeito do arrepio passou pus as cartas na mesa: “Olha, a sopa já está quente. Pus 4 conchas para ti e uma para dividir por mim e pela nossa filha.” E lá começou a confusão: “Eu não quero sopa.”- dizia a nossa filha. “Eu não como quatro conchas de sopa. Vocês também têm que comer a sopa que me deu muito trabalho a fazer.”- disse ela. Tive que pôr ordem na casa, afinal eu é que sou......(porra, ia dizer chefe da família). Mesmo assim, tentei pôr ordem naquela confusão: “Vamos lá a acalmar. Primeiro, aqui nesta família se um sofre todos temos que sofrer, por isso filha, se eu tenho que comer a mer....a porcar....a....... sopa que a mãe fez com tanto amor e carinho TU TAMBÉM COMES DO MESMO E NÃO REFILAS.” Continuei, mas agora dirigi-me para a minha mulher. “E tu, já paguei o que tinha a pagar quanto acabei agora mesmo de provar a sopa.” Disse, após bocejar a boca com sumo para ver se me paravam os arrepios. “Por isso, vou comer a minha meia concha de sopa e aí de ti que me mandes para o sofá. Habitua-te, porque hoje vais ouvir o meu ressonar.”- terminei e olhei. Todas caladas a olhar para mim. “Ok. Toca a sentar e a comer. E lembra-te filha, depois da sopa vem o segundo e esse foi o pai que fez.” Disse eu. “IIIIIAAAAA. E depois posso comer um chupa?”- perguntou ela. “Filha, depois de comeres esta sopa, bem que mereces um chupa. Já agora, quando fores buscar o teu traz um para mim que também mereço.”- respondi.
Resultado do jantar: Comi o raio da sopa toda (a meia concha). A nossa filha só aguentou duas colheres antes de perguntar à mãe do que é que era feita a sopa. Enquanto a mãe enchia o peito para enumerar todos os vegetais que lá tinha colocado, a nossa filha atalhou caminho e assim que apareceu o primeiro vegetal (cenoura) ela disse logo: “Não gosto de cenoura. Não como mais sopa.” Fiquei com a certeza de que, fosse qual fosse o vegetal que a minha mulher tivesse dito em primeiro lugar, a resposta da nossa filha não iria variar muito. Começa a ter saídas muito parecidas com as minhas. Porra, um pai até se sente emocionado por ver que a sua educação está a funcionar apesar da reaccionária da mãe. A minha mulher conseguiu comer duas conchas daquilo. O que sobrou foi pelo cano abaixo, não sem alguma dificuldade, uma vez que a consistência da sopa não era muito propicia a um rápido deslizamento em direcção ao único sítio onde ela pertencia: a rede de esgotos. Tenho a certeza que uma campanha de desratização realizada agora ia ter um sucesso enorme, pois com os arrepios que as ratazanas devem ter, será para elas muito difícil escaparem.
Para terminar. Este foi o post que mais tempo demorei a escrever. É difícil acertar nas teclas com arrepios constantes (sempre foram 5 colheres de sopa).

quinta-feira, outubro 21, 2004

Um inocente comentário......

O tempo está escuro
Ela está chateada
Eu estou farto disto
Ninguém me diga nada

Uma brincadeira bastou
Para ela se chatear
Porra para a mulher
Um gajo não pode brincar

Quando é ao contrário
Sou um chatarrão
Agora se brinco eu
Torno-me um parvalhão

Que mulher mais sensível
Que falta de humor
Não bastava o olho negro
Para me causar dor

Por dentro sinto-me mal
Por ela estar magoada
Mas há sempre o outro lado
Que é ela estar calada

Qual será a razão
Para tanto sofrimento
Perguntam os leitores
Deste post meio cinzento

Nada de anormal
Posso eu garantir
Apenas comentei
A sua forma de conduzir

Um inocente comentário
Sem nada de especial
Apenas a informei
Que ela conduzia mal

Porque não a queria magoar
Com o comentário que lhe dei
Para não ser levado a sério
Um grito de pânico acrescentei

Agora tenho que encontrar
Algo para me redimir
Senão logo à noite
No sofá vou dormir

segunda-feira, outubro 18, 2004

Violência Doméstica....

Acho que homens que batem a mulheres, deviam ser capados. Só aceito situações dessas num único caso, no qual está bem documentado que quem sofre é o marido. Estou, obviamente, a falar do meu sogro, mas se o coitado se atrevesse, morria, seria uma luta muito semelhante à de um hipopótamo(a) com um chimpanzé com problemas de nutrição.
De qualquer forma venho aqui penitenciar-me por (por duas vezes) ter partido o nariz à minha mulher. Porquê? Por simples acidentes, mas garanto-vos que ainda hoje estou a pagar por isso, ou julgam que os seus cozinhados não têm segundas intenções. Passo então explicar: Na primeira vez, estávamos sozinhos em casa dos pais dela, e estávamos a preparar algo para comermos, se bem me lembro, depois de nos termos comido um ao outro. Estávamos a pôr a mesa e eu estava a mostrar-lhe como era bom a fazer malabarismo com três copos. Foi então que ela disse para eu me deixar de exibir e que lhe desse um copo para ela pôr na mesa. Assim fiz e enviei-lhe um copo que foi parar no seu nariz, mas que ainda consegui salvar de se partir no chão no que foi uma proeza digna de James Bond, infelizmente ninguém assistiu, pois a única que o poderia fazer estava agarrada ao nariz e a contorcer-se com dores. Resultado, um inchaço que durou semanas e um complexo de culpa da minha parte que durou meses (e que ela adorou, nunca recebeu tantas prendas).
A segunda vez foi numa véspera de Natal, em que ia sendo trucidado pela minha família. Vínhamos agarradinhos na rua em direcção à minha casa. Ela na altura, tinha a mania de andar sempre com um bocado de papel enrolado na mão, nunca percebi muito bem aquela mania, mas naquele dia resolvi implicar com ela e toca de lhe sacar o papel. Começamos a correr e a brincar com o papel e eu mando-o ao ar e preparo-me para lhe dar um chuto. Ela por sua vez, corre com as mãos abertas, e a olhar para o papel que entretanto já vinha a cair. Estávamos os dois tão concentrados no raio do papel e de repente PUMBA.... (eis a razão pela qual eu nunca fui um grande jogador de bola). Resultado, acabou-se o papel nas mãos, a minha família ia-me dando uma carga de porrada e eu, mais uma vez, desfiz-me em desculpas durante larguíssimos meses. Ainda hoje, de vez em quando, quando me quer chatear, ou seja, todos os dias, ela me recorda que tem o nariz torto por causa de mim. Acho que ela nunca quis ir ao Hospital para ter sempre essa arma na mão.
De qualquer forma, eis porque razão recordei estes horríveis acidentes:
Hoje, quando acordei, vi que tinha uma mulher estranha ao meu lado. Não é que isso pudesse ser assim muito mau, mas depois reparei que afinal era a mesma de sempre só que só tinha um olho aberto, o outro estava completamente fechado por uma massa de pele. Assustei-me e fiz o sinal de cruz para que aquilo se afastasse de mim. Resultado: Fomos os dois para o posto médico, ela com o olho inchado por causa de uma picada de um bicho e eu com o olho negro por causa do fraco sentido de humor com que ela acordou esta manhã.

sábado, outubro 16, 2004

Porras.....

Por vezes há coisas que nos fazem pensar no porquê de termos deixado a nossa liberdade, para nos casarmos. Depois lembramo-nos do dinheiro que fizemos no casamento e as coisas passam. Também tenho que dar o braço a torcer nestas merdas. As causas de discussão, numa vida a dois, por incrível que me possam parecer, nunca se devem apenas a ela. A minha sogra também tem uma parte significativa na culpa (afinal foi a minha sogra que lhe deu 50% dos genes).
De qualquer forma, quero chamar a vossa atenção para algo que é do melhor numa relação a dois: O SEXO PÓS DISCUSSÃO (É UM ESPECTÁCULO). Por vezes dá-me vontade de discutir para depois lhe dizer (quando ela já tiver bem chateada): DESPE-TE JÁ (hei-de experimentar e depois dizer qual foi o resultado).
Ok, antes que me comecem a mandar uns mimos de machista e outra patucadas dessas, quero que fique claro que, em relação às arrumações e distribuição de tarefas, tenho que confessar algo: Já não consigo ficar sossegado se vejo alguma coisa desarrumada. Faz me impressão. Tenho que a chamar logo, para que ela rapidamente resolva esse problema. Em relação à distribuição de tarefas, deixem que vos diga que, quando ela esteve fora e eu fui jantar a casa de uma vizinha, senti-me mal porque, depois do jantar, a minha vizinha não me deixou arrumar nada. Está bem que só senti isso durante uns segundos, mas não é essa a questão. O problema é que me sinto completamente reprogramado. Qualquer dia ainda dou por mim a fazer a cama, quando me levanto e a usar um copo para lavar os dentes. Felizmente este fim de semana vou sofrer uma desprogramação, uma vez que vêem cá os meus pais e a minha pobre mãe não me deixa fazer nada. Já perguntei à minha mulher se ela se importava que eles passassem a viver connosco, mas ela matou logo a conversa quando me respondeu se eu queria que ela perguntasse o mesmo aos seus pais….bbbrrrrrr.
Mas continuando. Eu acho muito bem que as tarefas sejam distribuídas numa vida a dois. Acho mesmo e pronto. Agora, entre o achar bem e o gostar é que vai uma grande distância. Quantas vezes ela me pergunta se eu preferia uma mulher como a minha vizinha em que ambos trabalham mas, em casa, só ela é que trata de tudo. Quantas vezes eu hesito na resposta e durmo no sofá. Outra merda que me chateia. Porque razão sou sempre eu a dormir no sofá? Porque razão não podemos dormir juntos quando estamos chateados? Mais ainda. Porque razão não podemos ter sexo quando estamos chateados? Respostas dela: 1- Porque sou sempre eu que a provoco. 2- Porque assim, pelo menos, tem uma noite sem ouvir o meu ressonar. 3- Porque o sexo é algo de relativamente sério e ela diz que não se quer rir quando vir um labrego gordo a tentar excitá-la (a parte do gordo magoa-me).
Tenho que admitir que isto de ter casado com uma mulher inteligente tem muito que se lhe diga. Só de pensar nisso, estou-me a lembrar que é tarde, está frio e ela deve estar gelada e a sentir-se muito só debaixo dos lençóis. Por isso chega. Vou dar outro desempenho à insónia número 3 do mês de Outubro.

quinta-feira, outubro 07, 2004

As maravilhosas aulas de natação.....

Chegamos a correr
Com medo de nos atrasar
Trato eu das compras
Para ela se despachar

Mãe e Filha aos gritos
Qual delas terá razão
Uma diz “levo isto”
A outra berra “Não”

Saiem a correr
Com as roupas na mão
Deixam-me sozinho
Maravilhosas aulas de natação

Sossego e tranquilidade
Uma hora só para mim
Posso fazer o que quero
Sem o habitual chinfrim

Todo nu a comer chocolate
A roupa espalhada pelo chão
Que bem que se está assim
Maravilhosas aulas de natação

O Verão já acabou
E eu já estava a estranhar
Quando raio é que começava
O meu sossego no lar

Infelizmente é só um dia
Pago eu um dinheirão
Acho pouca a produtividade
Tenho que avisar o Bagão

Outras aulas tenho que ver
Da patinagem ouvi falar
Pois só uma hora mal chega
Para um gajo repousar

O tempo passa a correr
E não tarda estão a chegar
De certeza que vai dizer
“Ainda não fizeste o jantar?”

Mais uma semana vou esperar
Para o meu sorriso de satisfação
Quando elas saiem pela porta
Para as maravilhosas aulas de natação

quarta-feira, outubro 06, 2004

Uma noite igual a tantas outras....

Há coisas tão simples na nossa vida de homem casado: comer, ver televisão, escrever coisas que a deixem ficar mal, ler comentários facciosos de pessoas que não conhecem a realidade do homem casado, ter sexo e dormir logo a seguir, e pronto. Bom, o pronto era no tempo do meu pai. Agora ainda tenho de: pôr a mesa, tirar a mesa, arrumar a loiça na máquina, estender e apanhar roupa, tratar da moça quando ela acorda, apanhar a roupa do chão, limpar o fogão, tratar do jardim (porra, agora assim escrito, eu realmente faço muito coisa, a minha mãe bem me avisou das maldades deste mundo) e mais uma série de mariquices que ela se lembra de me mandar fazer só porque sou maior e mais forte que ela. Com tudo isto é normal que um homem, quando está sossegado a ver televisão, não queira ser chateado. Mas o tal sexto sentido delas funciona bem é nestas ocasiões, naquele momento em que estamos quase a dormir na sala: “Traz uma garrafa de água para a tua filha.”- grita ela. “Se ela é só minha deixa-a, que eu já a ensinei a beber directamente da torneira.” – penso eu, mas não respondo porque tenho algumas dúvidas se realmente ela está a falar comigo (por vezes acho que ela tem um homem imaginário, ou seja, aquele homem que ela gostaria que eu fosse, felizmente para ela a minha mulher imaginária desmazelou-se e engordou desalmadamente) “Então amor, traz a garrafa, por favor.”- continua ela. Agora tenho a certeza que não é para mim que está a falar (amor é só quando estamos na cama porra). “Olha lá, quando é que trazes a merda da garrafa de água para a tua filha se deitar sossegada”- grita ela. Ok, esta sim é a minha deixa. Quando elas começam a dizer asneiras temos que agir senão…. novas tarefas domésticas podem-nos ser atribuídas. “Olha lá, é preciso gritar e dizer asneiras à frente da moça, só porque eu estou com dificuldades em evacuar e por isso não posso atender logo ao chamamento da chefe suprema?”- digo eu, com um ar de quem acabou de passar por um grande sofrimento (porra, tive que sair do meu cadeirão e do meu quase sonho) e ao mesmo tempo indignado.
Mas depois acaba por aí? NÃO. Aí começa a verdadeira provação. Vamo-nos sentar os dois a ver televisão, quer dizer, ela a ler e eu a escrever, de vez em quando lá vem ela: “Olha lá, estou aqui a ler que…..O que é que tu achas disso?” (coisas do trabalho). Se um gajo passa o tempo a escrever estas coisas deve ser porque quer descontrair do trabalho. “Agora não quero falar nisso.”- respondo eu educadamente. “Estúpido, preciso da tua ajuda e é assim que me tratas.” Pronto, já a fiz feliz e dei-lhe assunto para a noite (temos que manter as nossas mulheres satisfeitas) só não sei como é que o homem imaginário dela aguenta depois, toda a conversa que se segue. Eu, no lugar dele, limitava me a abanar a cabeça e a dizer “hummm….tens razão….hummmm”.

sexta-feira, outubro 01, 2004

As aventuras de um pai temporariamente solteiro.....(parte 5)

É incrível, mas sempre que digo a alguma mulher que estou sozinho a tomar conta da nossa filha (embora ela diga que é o contrário) desperto nelas sentimentos que, se eu tivesse desesperado por…(momento de introspecção para analisar o grau de desespero)…. ok, correcção: se eu estivesse MUITISSIMO desesperado por sexo, poderia me aproveitar desse facto……humm…..(novo momento de introspecção).... Será que o facto de ter visões com mulheres nuas é sinal que o desespero já chegou ao muitíssimo?
A última vez que estivemos separados foi há 2 anos a.f. (quando somos pais passamos a ter em conta um novo calendário, a.f.- antes da filha e o d.f.- depois da filha). Ela foi para França, durante um mês. Ou seja UM MÊS à fome. Passados 15 dias dei-lhe a prenda de anos mais cara da minha vida: a sua estadia coincidiu com o mês em que fazia anos e foi passar o fim de semana, dos anos, aos Alpes, a casa da irmã. Eu fui para o aeroporto no sábado de manhã, comprei o bilhete, só tive o avião ao final da tarde pelo que só cheguei a casa da minha cunhada à noite e de surpresa. A primeira coisa que ela me disse foi: “O que é que estás aqui a fazer?” Bom, dado o meu aspecto baboso quando a vi, pensei que seria evidente o que eu fazia ali. A sua segunda, terceira e quarta pergunta foram: “Tu és maluco? Quanto é que foi o preço do bilhete? E vais-te embora amanhã?” Porra, a sensibilidade dela comoveu-me. Bom, para dizer a verdade só no dia seguinte, quando já vinha no avião de regresso é que me recordei destas coisas. Na altura, quando ela me estava a fazer estas perguntas só me lembro de pensar como ela estava linda por debaixo de um vestido qualquer, ou camisa, ou fato, ou de qualquer merda que ela tinha vestido. Lembro-me também de salivar bastante e de fazer alguns sons que se assemelhavam bastante ao de “É já aqui, ou vamos para um sítio com menos gente?” Bom, pelo menos deu para aguentar mais 15 dias. As mulheres de alguns amigos meus fartaram-se de me gabar por eu ser tão romântico. Romântico? Qualquer homem no meu lugar teria feito o mesmo. Ok, alguns que eu conheço teriam sido mais poupadinhos e teriam pago a profissionais. Eu, sinceramente, prefiro o real ao profissional. Para além disso, desde esse dia está sempre na expectativa que, algum dia, eu possa voltar a fazer algo de tão “romântico”, penso que é por isso que ela nunca me irá deixar. Porra, pessoalmente espero que nunca mais fique tanto tempo privado do seu corpo, é uma dependência tramada, o sexo.
Hoje também me aconteceu algo que me deixou intrigado. Não sei se já se nota muito a minha necessidade por comer alguém (esta de nós, homens, usarmos a expressão comer é um pouco canibalesca, se eu fosse mulher acho que não iria gostar. Porra, se uma mulher me disser que me quer comer também fico…..hummm…..ok, não fico nada, o mais provável é perguntar-lhe se tem preferência por algum molho, ou se prefere “au naturel”). Continuando. Acho que hoje devia de estar especialmente bonito, não sei se é o meu olhar desesperado, se é da barba por fazer (esqueço-me que tenho pêlos a crescer na cara e como não tenho ninguém a queixar-se…), se foi do pólo que vesti, onde sobressaiam os meus fortes músculos estomacais, ou do meu estilo “sozinho e abandonado” mas, seja lá do que for, reparei que tive imensas mulheres a olharem para mim. Houve uma altura em que pensei que isso se devia ao facto de estar a fazer uma apresentação para uma plateia, composta maioritariamente por mulheres, mas isso não fazia sentido. Obviamente que ainda exerço uma forte atracção no sexo oposto.