sábado, outubro 23, 2004

A relação da nossa filha com as avós…..

A nossa filha é um espectáculo. Ainda fico com um sorriso nos lábios quando me recordo da forma como ela ontem falou com a minha sogra ao telefone: “Tu és uma chata. Poça….” E a minha sogra: ”Sou o quê? Olha que assim já não falo mais contigo e não gosto de ti.” Foi o suficiente para a nossa filha passar o telefone à mãe, mas não sem antes terminar a conversa com:”E se não gostas de mim és uma bruxa má.”. Ok, descuidei-me e comecei a bater as palmas, mas consegui disfarçar a tempo fingindo que estava a apanhar um bicho voador qualquer. Para dar mais credibilidade à minha burrice (pela evidente falta de jeito na desculpa do bicho voador) e por mais que me custasse, até porque tive que fazer um esforço enorme para não me rir, tive que lhe dizer: “Olha lá, não se diz isso à avó. Principalmente pelo telefone, pois assim eu não consigo ver a cara dela para me divertir mais.” Bom, a última parte era o que eu queria ter acrescentado mas devido ao ar chateado da minha mulher resolvi ficar pela primeira frase. A minha mulher é que ficou fula: “Isso não são coisas que se digam à avó. Ela ficou muito triste. Achas mesmo que a avó é chata?” Tive que sair da sala insinuando que tinha que ir à casa de banho, quando ela abanou a cabeça dizendo que sim. Obviamente que a minha saída foi acompanhada de um berro: “O QUE É QUE TU ANDAS A DIZER À RAPARIGA SOBRE A MINHA MÃE?” Como se eu fosse capaz disso…..ok, até era, mas por acaso desta vez, não tenho culpa nenhuma. O que se passa é que a criança já tem idade suficiente para saber quem é chata e quem não é. Aliás, por alguma razão ela sabe o nome dos avôs mas engana-se sempre no nome das avós. Porquê? Porque elas são as duas umas chatas. “Dá um beijinho à avó senão já não gosto de ti.” “Dá um abraço forte e eu depois dou-te um rebuçado.” “Toma uma barbie e diz que gostas da avó.” Porra, os avôs estão-se a borrifar para os beijos e abraços, deixam a moça à vontade. Ela é que os está sempre a chatear para que eles joguem à bola com ela. Um tem que deixar de ver a novela para ir fazer o favor à neta, o outro tem que ir medir a tensão para ver se não cai no chão com um ataque cardíaco.
Ainda em relação às avós. Com as chantagens que elas tentam fazer com ela (ainda não perceberam que assim não levam nada e que só continuam a solidificar a ideia de chatas) somos nós, os pais, que sofremos, pois por um lado somos nós a tentar deseduca-la da fase Barbie (a última foi este fim de semana quando lhe mostramos um livro de fotos do Sebastião Salgado e lhe explicamos que nem todos os meninos se podem dar ao luxo de se preocuparem com a escolha da roupa para vestir) e por outro, temos as velhotas que lhe dão pulseiras, relógios, vestidos, sapatos, etc.. Já por várias vezes, insinuei que a nossa filha tem roupa suficiente para duas vidas e que elas podiam era começar a comprar roupa para quando ela fosse mais velha, assim a minha mulher podia ir experimentando a mesma e talvez se deixasse de queixar de falta de roupa crónica (para esta noite aluguei o filme “Lylia 4ever”- filme choque que aconselho- para a minha mulher ver que nem todas as mulheres deste mundo se podem dar ao luxo de se preocuparem com a escolha da roupa para vestir).