As aventuras de um pai temporariamente solteiro.....(parte 4)
Pois é, acabou. No início, nem pusemos a hipótese que não iria resultar, tal era a alegria: “Não, é impossível. Juntos iremos conseguir resolver sempre os nossos problemas, por maiores que eles sejam. Nada nos poderá separar.” Pois é, um dia o sonho acaba e apercebemo-nos que, se nenhum de nós muda, tem que ser o nosso contrato a mudar. Assim foi, continuamos amigos como sempre, mas chegámos à conclusão que nos temos que separar. Já ontem tinha ficado com a sensação que algo não estava bem entre nós e hoje a gota de água foi o que ela me disse mal acordei:
- Pai, se voltas a resonal, esta noite dolmes sozinho.- não posso dizer que não me magoou, dito assim de repente e estando eu ainda a despertar de mais uma longa noite mal dormida.
- Então e tu que passas a noite a dar-me pontapés e murros, para além de não conseguires estar sossegada um minuto. Ainda por cima farto-me de acordar durante a noite porque estás a gemer com frio e tenho que te arrastar, das mais diversas posições, para o topo da cama. Por isso, eu é que não quero mais dormir contigo. CHATA. – respondi, enquanto tentava desesperadamente desligar a merda do despertador que ela, durante a noite, deve ter enviado para o chão com um dos seus inúmeros pontapés. A partir daí a conversa azedou um pouco.
- Não sei como é que a mãe consegue dolmil contigo. Coitadinha dela.” – disse com uma verdadeira dor de alma. Então mas o que é isto? Anda um gajo a criar uma filha para ouvir destas coisas?
- Olha lá, ó melga, se não estás contente com a vida mando-te para casa da avó. - respondi eu que não sou homem para ficar calado.
- E depois, quando fosses pala o tlabalho, esquecias-te semple do telemóvel e da calteila em casa, polque eu não estava cá pala te lemblal. – replicou ela.
- Bom, vamos ficar por aqui que isto já não está a cheirar bem e afinal, aqui, o pai sou eu.- disse, para tentar arrumar com aquilo.
- E olha, se calhar não cheila bem polque não alumaste a mesa ontem ao jantal.- terminou ela.
Um gajo anda estourado. Tem que fazer o trabalho de dois, deita-se tarde e a más horas, dorme mal devido ao que já aqui falei e depois ainda ouve isto do raio do piolho. Como é que eu hei-de sentir saudades da minha mulher se a nossa filha a está a substituir tão bem?
Conclusão: A partir de agora cada um passa a dormir na sua cama. Bom, o acordo da separação não é bem assim, ela deita-se na minha cama e eu, quando me for deitar, levo-a para a cama dela, mas não me posso esquecer de lhe dar um beijinho para ela não ter sonhos maus. Mesmo tendo em conta a “discussão” que nos levou a esta separação, vou ter saudades: da necessidade que ela tinha de me estar constantemente a tocar, só para ter a certeza que eu estava ao seu lado; de como é linda a dormir (e acordada também, obviamente); do acordar com ela aos berros: “JÁ É DE DIA PAI, ACOLDA.”, mesmo que ainda só fossem seis da manhã e a luz fosse de um candeeiro da rua (nunca dormir com as persianas abertas com uma criança). Mas pronto (o mais provável é ela à noite já não se lembrar de nada e voltar tudo ao mesmo, mas….)
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