quarta-feira, setembro 15, 2004

As chatices que a minha filha me dá……

Como se não bastasse a mãe, ainda tenho as mariquices da minha filha para aturar. Entrou na fase da Barbie. É o fato de treino da Barbie, é o guarda-chuva da Barbie, é a mochila da Barbie, é a bicicleta da Barbie, é a grandessíssima bosta de elefante conjugada com a merda de uma baleia azul com uma valente diarreia, do DVD da Barbie e é sei lá mais o quê, que os cabrões que tem o exclusivo dessa boneca da qual não existe um palavrão suficientemente forte para ela (estava a pensar nalguns cozinhados da minha mulher, mas porra, não é preciso exagerar e estar sempre a falar do mesmo) se lembram de inventar. A única coisa boa que as bonecas da Barbie têm é que as cabeças são arrancadas facilmente.
No inicio da semana fomos à biblioteca, ofereci-me para lhe ler o que ela quisesse, enquanto abanava, à sua frente, o livro da Branca de Neve e os Sete Anões, mas ela descobriu um livro da Barbie. Eu disse-lhe que só lia o livro da Barbie depois da história da Branca de Neve (há que dar consciência política à moça) e assim foi. Bem se borrifou ela para a consciência política da história: a exploração da classe operária (os anões) pelo grande capital (a Branca de Neve) exploração essa mantida graças à ilusão de que o grande capital, um dia, lhes dará o prazer que eles desejam (nota mental: não ler crónicas do Luís Delgado antes de contar histórias infantis pois essas fabulosas crónicas provocam-me - para além da óbvia vontade de rir – alguns exageros no meu sentido de humor). Bom, quando passei para a história da Barbie, bem que tentei dar uma versão diferente da merda que lá estava escrita:”A Barbie é sempre a mais bem vestida de qualquer festa.” BLARGH. “A Barbie é uma burguesa que obriga meninos pequeninos a fazerem todos os seus vestidos e enquanto ela vai para as festas, os meninos ficam sozinhos e a chorar porque a Barbie nunca os deixa brincar.” – digo eu. “E os meninos fazem vestidos muito bonitos”.- afirma ela. E assim foi até ao final da história, eu a inventar coisas horríveis da Barbie e ela a ouvir só o que lhe interessava (feitio da mãe). Isto deve ter algo a ver com o facto de ela nunca querer que seja eu a contar-lhe histórias na hora de ir para a cama.
“Então o que é que queres para os teus anos?”- pergunto eu. “Um prato da Barbie.”- responde ela. “E para o Natal?”- volto a perguntar. “Um copo da Barbie.”- responde. “Ok e para o ano, nos teus anos, dou-te o garfo da Barbie e no Natal dou-te a colher. Pode ser?” – continuo eu, que esta merda da mania da Barbie não pode ter só desvantagens. “Está bem. Mas não te esqueças da faca da Barbie.”- diz-me ela. “Ó filha não sejas garganeira senão não levas nada.” – finalizo eu. “E quem é que tu queres convidar para os teus anos?”- pergunto. “A avó mais o avô mais……. e ……. mais …. e o meu namolado.”- diz ela. O NAMORADO. Porra, eu com a idade dela só gostava das miúdas porque tinham cabelos compridos que davam para puxar. Agora ela, desde que foi o ano passado para a pré-primária, só fala no namorado. Que raio de hormonas é que o leite de vaca tem agora para dar isto? Aqui há uns dias ouvia-a a cantar, com o ritmo que herdou aqui do pai, algo de parecido com os Tribalistas: “Já sei namolal. Dal beijinho na língua. Já sei namolal.” A parte do namorar já começo a estar habituado, agora aquela coisa da língua. Mas o que é isto? Ainda por cima, para além do DVD da Barbie, o seu vídeo preferido é o do nosso casamento, nomeadamente a parte em que nos beijamos, onde ela fica (estranhamente para a idade dela) emocionada. Querem ver que afinal tenho que comprar mais cedo o cinto de castidade que só tinha previsto para quando ela fizesse 12 anos?