quinta-feira, setembro 09, 2004

As Chantagens……

Quando elas querem que nós façamos algo que não estamos com muita vontade de fazer, vem a chantagem (embora ela diga que não, que nunca faz chantagens comigo, pois, e a minha mãe também sempre disse que a queria como nora). Qual é então a sua última chantagem? Fez uma promessa de ir a Fátima a pé, caso a gravidez lhe corresse bem. Bom, a nossa filha vai fazer quatro anos e ela acha que é altura de cumprir a promessa. E o que é que eu tenho a ver com isso? À partida nada, pois para além de ser ateu, a perspectiva de queimar as minhas reservas de gordura para o Inverno que se aproxima, não me agrada nada (com o preço a que está o gasóleo, para o aquecimento da casa, é bom estarmos preparados com uma boa camada de gordura protectora). Mas, como sou casado com ela tenho que aguentar certas coisas. Assim, resolveu ir este fim-de-semana “pagar” a sua promessa, sendo o ponto de partida a casa da sua mãe (que fica a 30 Km de Fátima). O problema é que não me apetece, este fim-de-semana, fazer três horas de viagem, só porque ela resolveu que era este o momento adequado. Deve ter recebido uma mensagem divina. Agora que penso nisso, se calhar o que eu ouvi esta noite não era a libertação de gazes intestinais, mas sim um chamamento superior (pensei que fossem gazes porque o jantar tinha sido oqueéqueéisto e sempre que assim é ocorre uma revolução intestinal na família).
Continuando. O problema é que ela precisa de alguém que a vá buscar depois da caminhada. Na mãe não confia (nem é preciso dizer a minha opinião) e embora os meus pais se tenham oferecido para lá ir buscá-la, isso iria criar (mais) fricções entre comadres. Quem é que sobra? Pois, o ateu que casou com ela. Já lhe disse que os juros da promessa davam para ela ir e voltar a pé desde a nossa casa, ela diz que a promessa nunca teve data marcada e que o ponto de partida foi sempre a casa da sua mãe. Eu respondo-lhe que na próxima promessa eu vou com ela, se o ponto de partida for o nosso quarto e o ponto de chegada a nossa cozinha (ia dizer a casa de banho, mas é logo ao lado) e aí começou a chantagem: “Se fores comigo o fim-de-semana, para depois me ires buscar, vou eu à reunião dos pais do Jardim-de-infância.” Reconheço que ela sabe fazer as coisas. Bem lhe tentei explicar que uma coisa não tinha nada a ver com outra, que fico intimidado no meio de tanta mulher (principalmente porque a minha vizinha ia lá estar) mas nada adiantou e lá fui. A reunião estava marcada para as 20.00h, e aqui o parvalhão que tem a mania de ser pontual teve logo que apanhar uma seca de 20 minutos, o que deu para pensar em pelo menos mais 5 artigos para pôr aqui, mas que garanto, não seriam nada abonatórios para a minha cara-metade. Começaram então a chegar as mães e pais dos colegas da nossa filha e lá nos sentamos. Obviamente que entre o sentar e o começar passou mais uma carrada de tempo. Tive a sensação de estar num galinheiro, havia as galinhas emproadas que cacarejavam por tudo e por nada e que no fundo diziam sempre o mesmo: “ESTOU AQUI. OLHEM, CÁ ESTOU EU. OLHEM EU AQUI.” As galinhas subservientes: “OLHEM PARA ELA. EU SOU AMIGA DELA. OLHEM COMO ELA DIZ COISAS ENGRAÇADAS. EU SOU AMIGA DELA.” As peruas que, como não conseguiam cacarejar com a mesma força das galinhas emproadas, se passeavam mandando um GLUGLUGLU de vez em quando para tentar tirar algum protagonismo às galinhas. E depois estavam os patos (como eu e mais algumas mulheres e homens) que só pensavam em fazer canja daquilo tudo. Felizmente lembrei-me de dizer. “Desculpem, mas podemos começar, é que daqui a pouco vai começar a novela.” Foi o suficiente para o cacarejar parar e pôr as galinhas a olhar para mim como se fosse uma delas (o que não foi lá muito lisonjeiro).
Bom, lá acabou a reunião e venho para casa. Quando entro, já ela tinha deitado a nossa filha e……hummm…….. Porra é sempre a mesma merda………… Será que as coisas que dizemos durante o sexo são vinculativas?