quinta-feira, agosto 12, 2004

A Estadia 2……….

Este vai me custar um bocado, afinal eu sou aquele que está sempre a refilar com ela por ser uma cabeça no ar. Mas pronto, também tenho que admitir os meus erros. Podia começar por dizer que é sempre ela que nunca sabe onde deixa a carteira, que uma vez, armou um escândalo por pensar que lhe tinham roubado uns óculos de sol, que afinal estiveram todo o tempo no nosso carro, que muitas vezes deixa as chaves do seu gabinete em casa e tem que andar sempre a chatear a senhora da recepção durante todo o dia, para que esta lhe esteja constantemente a abrir-lhe a porta, pois sempre que precisa de sair tranca sempre a mesma. Podia ainda falar das constantes “percas” do seu telemóvel, das quais resultam comentários, a mim dirigidos, do tipo: “Onde é que tu meteste o meu telemóvel? Porque que é que dizes sempre que sou eu que nunca sei onde ele está. Eu sei muito bem onde o deixei e se não está aqui foi porque tu lhe mexeste. Hás-de me explicar porque é que, por uma vez, não podes ter sido tu a razão do seu desaparecimento.” É óbvio que passado umas horas, ou em alguns casos dias, lá aparece o telemóvel que sempre esteve onde ela o deixou (perdido nos mais variados sítios). Pois é, podia dizer muita coisa sobre as suas constantes distracções com as suas coisas pessoais. Podia ainda acrescentar que no seu caso se trata de um problema genético, pois a sua mãe só não perde a vontade de chatear os outros, mesmo quando perde alguma coisa a culpa é sempre, mas sempre dos outros (principalmente do desgraçado do meu sogro, santo homem) “Tenho a certeza que foste tu que mexeste na minha laca para o cabelo, pois se não está aqui onde a deixei só pode ter sido tu que lhe mexeste. Agora vai depressa procura-la porque eu preciso de sair e já estou atrasada.” Diz ela para o meu sogro. “Olha lá mulher, se eu sou careca, explica‑me lá por que razão ia querer a tua laca para o cabelo. Tens a certeza que não acabaste com ela e a colocaste no lixo?” diz o meu sogro, enquanto se dirige para o seu mini bar. “Pois, eu sabia. Andas a gozar comigo. Já sabias que ela estava no lixo e vias-me aqui desesperada à procura da laca e não me dizias nada, és sempre o mesmo. Não sei onde vou arranjar paciência para te aturar.” Remata ela. É exasperante ver a cara do meu sogro quando ela diz estas coisas. Principalmente vê-lo a arrancar mais um punhado dos seus escassos trezentos cabelos que lhe restam (quando o conheci pensei que a sua careca se devia a razões genéticas, mas afinal não, pobre homem). O que lhe vale é o seu melhor amigo, o JB (com o meu sogro não preciso de me preocupar com as prendas no natal ou no seu aniversário, tenho até a certeza que ficaria ofendido se lhe desse outra marca). Como vêem, podia dizer muita coisa, mas penso que o importante hoje, não é apontar os defeitos dela, nem os salientar, porque isso seria tentar desviar o assunto o que seria desonesto da minha parte (estava-me a lembrar de uma vez em que deixou que lhe roubassem a carteira de uma forma infantil, mas isso agora também não interessa). Conclusão: perdi a carteira com todos os meus documentos e cartões bancários lá dentro e vou estar o resto da minha estadia por cá totalmente dependente dela, nomeadamente da sua condução e dos seus cartões.
Hum.…. afinal não foi assim tão difícil.