quarta-feira, julho 14, 2004

Os Avós......

Ser avô provoca danos cerebrais, eis a conclusão a que cheguei. Deve ser por estar associado a uma última etapa da vida, ou seja, ser avô implica que o fim está próximo, logo passam-se. Só assim consigo explicar o comportamento dos meus pais. Quando era puto estava sempre a levar porrada da minha mãe (porra, se dão uma irmã mais nova a um puto é para quê? Afinal aos 9 anos ela já tinha pêlos suficientes para eu lhe fazer a depilação com cera de velas. Bom, para os mais impressionáveis, ela sobreviveu e hoje é uma mulher feliz - pois não gasta dinheiro em esteticistas) agora a minha filha pode fazer tudo o que quiser na casa deles que é só sorrisos “Queres que o avô faça de cavalo? Embora… mas desta vez tenta não usar o pau de picar, pelo menos nos primeiros 10 minutos.” “Brincar aos médicos? OK, mas para que é a frigideira? Ah, viste nos desenhos animados que serve para pôr os doentes a dormir? Está bem, mas bate devagarinho que hoje dói a cabeça à avó.” Lembram-se de quando queríamos comer doces e os nossos pais falavam das dores de dentes, de barriga, que não crescíamos, etc., etc., etc. Pois, agora as coisas mudaram, agora, aparentemente, os doces são melhores que os do meu tempo e já não provocam qualquer problema às crianças, pelo menos é essa a mentalidade dos avós e ai de quem os tente contrariar: “És mesmo parvo, porque é que a criança não pode comer doces? Queres que ela fique com desejos?” isto depois de duas tabletes de chocolates, três chupas e 2 gelados e da criança não conseguir estar parada com o excesso de açúcar no sangue. E quando, por alguma razão ela chora? “Quem é que fez mal à minha menina?” diz o meu pai com uma voz irritada. “Foi o pai que te chateou?” “O quê….não deixou que tu lhe pintasses a cara? Anda cá ao avô e traz os pincéis e os marcadores. O pai é um parvalhão, não lhe ligues.” Uma vez deixámos a moça em casa deles entramos no carro e lá fomos, mal ela notou que nos tínhamos pirado, desatou aos berros, o meu pai agarrou nela e desatou a correr atrás de nós para ver se nos apanhava, o pânico era tal que conseguiu saltar um muro de 60 cm de altura com ela ao colo (isto para quem tem 65 anos e peso a mais para a sua altura é um feito extraordinário, para não dizer um milagre) eu bem o vi a correr atrás de nós com a moça, mas pensei que ela o tivesse convencido mais uma vez a fazer de cavalo. Só achei que algo estava errado quando após 500 metros ele ainda nos acompanhava. O nosso maior problema é quando nos vamos embora, a rainha vem mal habituada e demora algum tempo a lhe tirar os maus hábitos e depois eles ainda perguntam porque que razão não vamos vê-los mais vezes.