sexta-feira, julho 09, 2004

As adaptações à nova vida......

Quando temos um recém-nascido em casa deixamos de controlar a nossa vida, ela passa a ser controlada pelo membro mais novo da família, tudo tem que ser feito em função dele, tudo mesmo. Ficamos estoirados, passa tudo a ser feito com os olhos semi-abertos, não sabendo se estamos acordados ou se ainda é a continuação do pesadelo. Mas eles têm uma forma certa de nos levar a fazer tudo o que querem. O primeiro sorriso é mágico (e digo isso no verdadeiro sentido da palavra) pois por mais chateado que estivéssemos com ela por não nos deixar descansar, bastava o pequeno demónio nos sorrir, mesmo quando já estávamos a pensar em deixá-la até ao 5 anos em casa das avós, para que ficássemos todos babados e prontos para mais 24 horas de dedicação exclusiva a sua excelência e com um sorriso nos lábios.
Tinham-me dito que quando tivesse um filho acabava-se o sossego, esqueceram-se de dizer que para além do sossego, também o descanso, os passeios, as saídas, o cinema, a televisão, a leitura, as conversas a dois e inclusive o sexo como o conhecíamos:
- Ela acabou de dormir, pelas minhas contas temos 3 minutos. -dizia-me ela despindo-se
- Achas mesmo que ela vai aguentar 3 minutos sossegada -dizia eu, já nu.
- Sim mas não faças barulho -dizia ela, enquanto abria as pernas.
- Está bem, achas que ela está a aumentar de peso? – perguntava eu enquanto prosseguia os meus movimentos pélvicos.
- Sim mas estou preocupada com as bolhas que tem no rabo – respondia ela entre ligeiros gemidos.
- AAAHHH. Não te preocupes com isso penso que é apenas uma pequena alergia. –replicava eu.
- Siiiiiiiiiiiimmmmmmmm, mas de qualquer maneira vou telefonar à pediatra, só para ter a certeza- dizia ela.
- Bom, qualquer dia a pediatra deixa de nos falar, estás sempre a telefonar-lhe por tudo e por nada- dizia eu enquanto me limpava.
- Está calado e vai buscar o telefone- respondia-me ela enquanto se ajeitava em frente do espelho. Em fundo já se ouvia o choro da minha filha.