quinta-feira, julho 08, 2004

Os primeiros dias a três....

A depressão pós parto é algo de tramado. Já tinha lido sobre isso, mas quando temos que a enfrentar é que nos apercebemos do seu poder. Uma sensibilidade á flor da pele, lágrimas nos olhos por tudo e por nada, pânico sempre que a nossa filha chorava. "Será fome? Sede? Sono? Doença? O que é que ela tem......?" não conseguia terminar pois o nó na garganta impedia a saída de mais palavras. O que me deu algum alívio para aturar tudo isto foi o emprego, aí as chatices eram outras e dava para descansar do stress caseiro. Mas assim que entrava em casa..... Lá desabava tudo em cima de mim. Eram as noites mal dormidas, ou porque a nossa filha gemia durante a noite, ou então porque não fazia barulho e era preciso ver se ela estava a respirar, era a falta de apetite, era a pouca (nenhuma seria mais correcto) vontade para o sexo, etc.. Comecei a desconfiar que algo não estava bem no dia em que a minha sogra se foi embora depois de ter passado dois dias connosco, os momentos da despedida são normalmente motivo de alegria e não o contrário. Nos livros diziam que a depressão pós parto se devia à súbita quebra da quantidade de hormonas após o parto, mas porra se não fui eu que estive grávido, porque que é que era eu que estava com a depressão? Mas aos poucos e com o forte apoio da minha mulher, lá consegui superar a fase mais maricas da minha vida. A partir daí começou uma nova etapa da nossa vida, se pensam que o casamento muda completamente a vida estão enganados. Esperem até terem filhos, aí é que vão ver o que vai mudar- TUDO. A forma como a vida passa a ser encarada, os objectivos, a forma de pensar, etc., etc., etc.. Existe uma publicidade sobre o crédito à habitação que dá a entender que quando uma pessoa se casa e compra casa deixa de poder sair à noite. Trata-se de publicidade enganosa. Deixamos de sair à noite quando nasce o primeiro filho. E porquê? Por várias razões. Certamente já foram jantar fora e ficaram perto de um casal com um recém-nascido, lembram-se daquela parte em que ele desata a chorar e ninguém o consegue calar? Pois, essa é uma das razões (a expulsão dos restaurantes) a partir de um certo tempo passamos a ter cadastro em todos os restaurantes nossos conhecidos e passamos a ter que nos deslocar cada vez para mais longe, sempre que queríamos comer fora, até ao dia em que percebemos que o preço da deslocação era superior ao preço do jantar, a partir daí rendemo-nos. Mas nem tudo é mau, quando temos aquelas visitas chatas que vêm todas em procissão para ver o novo rebento, aí era uma questão de a deixar com a fralda suja durante mais uns tempos e o cheiro pestilento misturado com o choro estridente resolvia, na maior parte dos casos, o problema. Os casos mais díficeis eram resolvidos convidando as pessoas a mudarem a fralda.