segunda-feira, julho 12, 2004

A Engonhice….

Não percebo o tempo gasto pela minha mulher em tarefas que, na minha mentalidade de homem, se fazem em três tempos, tais como fazer a cama (não basta puxar os lençóis, têm que se pôr umas almofadas maricas em cima da cama as quais quando nos vamos deitar são imediatamente enviadas para o chão, desconfio que ela só as põe em cima da cama porque ainda não descobriu um armário onde elas pudessem ficar), preparar o seu pequeno-almoço (existe um ritual que implica beber meio litro de água para onde espreme meio limão, aquecer o leite exactamente 2 minutos no micro-ondas quer seja Verão ou Inverno e comer o seu pão com manteiga saboreando com muita delicadeza cada mini dentada que dá) arrumar o quarto de brincar da nossa filha (porque, segundo ela, a nossa filha não deixa as coisas arrumadas como deve ser. Na minha opinião, se o quarto é para brincar, quem lá brinca é que tem que saber onde raio é que deve arrumar os brinquedos, desde que fiquem minimamente arrumados) vestir-se (passa pela escolha criteriosa da roupa intima, do vestido, das calças, da camisa, do casaco, da camisola, do colar, da pulseira, da fita para o cabelo, dos sapatos, etc.) escolher a roupa para a filha (só isto dá para outro artigo), etc.
Outra coisa que me chateia é a mania que ela tem de me obrigar a estar sempre à sua espera quando é para sairmos de casa. Já tive MUITAS oportunidades para pensar nesta situação e deduzi que vivo com uma super heroína. Porquê? Quando lhe peço para se apressar, responde-me sempre como se eu fosse um estúpido insensível que não percebe que ela está fazer algo do qual depende o futuro de toda a humanidade. Cheguei à conclusão que, provavelmente, enquanto estou à sua espera, ela pode estar prestes a resolver o problema do médio oriente, ou a telefonar para o Bush para lhe dizer como deve de sair do Iraque sem parecer mal (aliás, o valor das contas telefónicas dão força a esta minha teoria) ou ainda a aconselhar Santana Lopes, antes das suas idas à televisão, a não deixar transparecer a sua vontade em dar pulos e berros de felicidade (penso que aí ainda tem que trabalhar um pouco mais, pois a sua voz trai-o). É óbvio que eu quando, farto de esperar, vou ter com ela para confirmar esta teoria reparo que se está a pentear ou a ver-se ao espelho provavelmente pela 10ª vez com uma outra roupa, ou…..etc. É claro que é tudo um disfarce, com a sua super rapidez conseguiu mais uma vez preservar a sua identidade secreta e eu lá levo, como sempre, com as mesmas justificações: “Queres que eu saia como se tivesse acabado de me levantar da cama?” ou “Pensas que eu só tenho que cuidar de mim, também tenho a casa por tratar.”