domingo, setembro 26, 2004

As aventuras de um pai temporariamente solteiro.....(parte 1)

Começou hoje uma aventura que vai durar uma semana. Estou, durante uma semana, sozinho com a nossa filha. Até agora as coisas têm corrido bem, tirando alguns pequenos pormenores. Um deles foi ter passado a tarde toda a ver o raio da cassete do parvalhão do Marco. Sim, aquele desenho animado maricas em que ele tem saudades da mãe porque esta foi para a Argentina. Sim senhor, grande merda esta. Como se não bastasse o facto de me ter dito que eu estava proibido de lhe contar as histórias da noite “…e ponto final.” -acrescentou no fim. Assim, tive que aturar a história do desgraçado do Marco acompanhado por uns snifs… (sim, porque eu sou humano e também me emociono facilmente) o que me valeu é que ela me ia consolando: “Pai, não estejas assim poque eu tomo conta de ti.” De qualquer maneira (e porque creio que tenho que dar o exemplo) resolvi esconder o raio da cassete, pelo menos durante uma semana. Quanto à história da noite, isso é que é uma chatice, pois ela é tal como a mãe. Esta, se não lê algo quando se vai deitar, diz que não consegue adormecer. A mim basta-me que ela saia de cima de mim, ou de baixo, ou…., para simplesmente, me voltar para o lado e adormecer (agora que penso nisso, esta noite vou ter dificuldades em dormir. MERDA).
Continuando. A história da noite. Descobri finalmente porque é que ela nunca quer que eu lhe conte as histórias da noite. Porque, aparentemente uma vez, numa noite há muito tempo atrás, lhe contei uma história do Noddy e acrescentei uma bruxa má (exactamente a figura que mais a apavora, tal e qual como ao pai, o problema é que no meu caso ela existe). Também, as histórias do Noddy são tão sonsas que pensei que a inclusão de uma bruxa má (que por acaso era a mãe da namorada do Noddy) poderia trazer alguma realidade aquilo, mas aparentemente os miúdos de hoje preferem o mundo da fantasia (eu depois de ouvir o discurso da ministra da educação sobre o famoso trabalho manual, fiquei com algumas dúvidas sobre o que é a realidade e o que é fantasia, mas isso são outras histórias..). Bom, estou então proibido de lhe contar qualquer história antes de dormir. Aliás, depois do que se passou na biblioteca, penso que estou proibido de lhe contar histórias. O problema é que assim lhe custa adormecer (o facto da mãe não estar também deve ter alguma influência) de maneira que já tive, por várias vezes, que ir lhe dizer que já não são horas para andar a ver a roupa que ainda lhe serve ou não.
No meio de tudo isto, estou-me a esquecer de algo que realmente gostaria de esquecer. Telefonei para a bruxa má e atendeu-me o meu sogro, o qual me disse que eles estavam a pensar vir cá a meio da semana buscar a nossa filha. ISSO É QUE ERA BOM. NÃO BASTAVA ESTAR SEM A MINHA MULHER E AGORA TIRAVAM-ME A FILHA. TIVE UMA IDEIA, PORQUE NÃO FAZER O TRABALHO COMPLETO E TROCAR A NOSSA FILHA PELA MINHA SOGRA.
De qualquer maneira, para a minha sogra não dizer que eu nunca a deixo estar com a neta, o que é uma grande mentira (o que eu não deixo é a nossa filha andar de carro com ela a guiar) disse-lhe que isso dependia da nossa filha, mas que tinha a sensação que ela não ia querer ir. Eles insistiram em vir cá. Já telefonei para a minha mulher para que ela ponha juízo na cabeça deles. Ela, depois de se partir a rir durante cerca de 5 minutos (devido ao meu estado de pânico) disse que ia tratar disso. Quando perguntei à nossa filha o que ela achava da proposta dos avós, disse-me que não me podia deixar sozinho pois eu precisava dela para me ajudar a fazer a comida e a encontrar as coisas na casa. Sim senhor, eu a pensar que ontem à noite as duas se estavam a demorar mais do que o costume devido às despedidas, afinal a minha mulher devia era de estar a dar instruções à nossa filha, só assim explico, também, o facto de ela ter afirmado que eu nem pensasse em lhe escolher a roupa para vestir, pois ela já tinha tudo decidido. O raio do piolho, ainda há bem pouco tempo não se importava de andar sempre de fato de treino, agora olha para mim como eu olhava para a minha mãe, quando ela me queria obrigar a vestir camisas dos anos 60 na minha adolescência. Porra, um gajo sente-se velho.
Bom, amanhã as aventuras continuam, acabei de pôr a máquina de lavar roupa a funcionar e estou desejoso de ver se, afinal, eu tinha razão em relação à temperatura que as cores conseguem aguentar (o que é a vida sem um pouco de risco?)