sexta-feira, junho 24, 2005

Coisas simples.....

Como todos os homens que vivem em comunhão com uma mulher, também eu tenho aqueles momentos dedicados em exclusivo a apreciar toda a beleza da mulher que resolveu passar os dias da sua vida comigo. Nesses momentos nada mais me importa, nem os problemas que possam existir no trabalho, nem o calor que resolveu chegar mais cedo, nem qualquer barulho de fundo que possa existir. Nesses momentos dedico-me a apreciar, em pormenor, todos os contornos do seu corpo, a sua expressão, a sua forma de gesticular. Há no entanto, nesses momentos, algo que me capta a atenção de uma forma peculiar: as suas mãos e em particular o dedo indicador da sua mão direita. É impressionante como, em situações normais, não ligo à beleza do mesmo: a unha bem cuidada e de cor de marfim, insere-se de uma forma tão perfeita na pele, que mal se nota onde começa e onde acaba a mesma; as lindas rugas junto do nó do dedo, que me lembram dunas de uma praia paradisíaca; a forma como ele aponta, firme, para o tecto, sobressaindo, de uma forma elegante, dos restantes dedos, os quais, certamente envergonhados perante tal elegância, se enrolam na mão como se lhe fizessem uma vénia. Depois, inicia-se a dança mágica do mesmo: toda a mão rodopia num palco virtual em que o indicador surge com todo o seu esplendor, dando voltas e voltas, numa bela dança que me hipnotiza ainda mais. Em fundo, quase consigo ouvir a musica que marca o ritmo daquele lindo movimento sincronizado: “tecatecateca….tecatecateca….”.
Mas eis que, de repente, a dança pára e ela me grita: “E ESPERO QUE NÃO SEJA PRECISO VOLTAR A REPETIR-TE TUDO ISTO OUTRA VEZ. OUVISTE BEM?” Obviamente que respondo que sim, ainda hipnotizado por todo aquele espectáculo.

Nota: Será o meu lado feminino a vir ao de cima???

sexta-feira, junho 17, 2005

A história do quadro do não gostei…..

Bom, vamos então fugir um pouco, mais uma vez, ao tema central deste blog (deixar mal vista a minha mulher) e falar no quadro do não gostei.
Tudo começou com a mania que temos de “educar” a nossa filha. Pois não é suficiente sentar-me direito na mesa, nem deixar de refilar com a comida, nem deixar de arrotar, nem.....etc. Chegou um dia com a ideia divinal de criar o quadro da família, o qual é composto por quatro quadros: Quero Fazer; Já Fizemos; Gostei; Não Gostei.
O primeiro está essencialmente preenchido por mim: “Quero ver mais vezes televisão sossegado” “Quero ficar deitado mais tempo durante o fim-de-semana” “Quero ganhar mais dinheiro para poder ter uma cozinheira a tempo inteiro” “E já agora quero paz no mundo.” Obviamente que esta última, é a frase que a minha mulher acrescenta, sempre que eu junto mais uma tarefa no quadro do Quero Fazer (e que ela resolveu passar a chamar de Quadro das Utopias).
A segunda é composto por mariquices das moças que vivem comigo: “Plantámos umas flores” (e nasceram ervas daninhas) “Fomos à praia o fim-de-semana” (e não foi nada bom) “Fizemos um bolo muito bonito” (mas nada comestível) e etc. Elas fartam-se de ralhar comigo pelos meus constantes parêntesis, mas sem eles aquilo fica muito parecido com…..bom, com mariquices de mulheres.
O terceiro serve, quase em exclusivo, para lá escrevermos coisas que gostámos que a nossa filha tenha feito: “Já sabe comer com garfo e faca” “Fez um desenho muito bonito da família” “Ajudou a pai a pôr e a tirar a mesa e assim vai continuar a fazer até que saia de casa, quando já ganhar para isso, ou tiver 25 anos (o que ocorrer primeiro)” “Hoje deu um pontapé onde o pai ensinou, a um menino que a empurrou e lhe bateu” “Hoje ensinou uma amiga a dar pontapés no sitio onde o pai a ensinou, para que ela também se possa defender dos meninos mal educados”.
Finalmente temos o quadro do não gostei, o qual é usado com alegria, diga-se de passagem, pelas duas, para lá despejarem todas as pequenas nuances linguísticas que escapam, por várias e diversas razões, da minha boca. Perdendo-se assim, aquele que deveria de ser o seu objectivo principal: ensinar à moça o que ELA não deve de fazer, como por exemplo: “Não gostei que a filha tivesse deixado de ajudar o pai a arrumar a loiça com a desculpa (dada pela mãe) de que parte muitos copos. Porque razão é que isso também não pode ser usado pelo pai como desculpa? Mais uma vez, temos uma evidente descriminação sexual nesta família”

terça-feira, junho 14, 2005

Para os que julgam que não me preocupo com a minha sogra…

Em conversa telefónica com ela:
- Ando preocupada com a minha mãe - diz-me a minha sogra – Anda a dizer coisas sem sentido.
- Ó mulher, não se esteja a preocupar à toa. Afinal a sua mãe já tem 90 anos. Olhe, você é 20 anos mais nova e desde que a conheço que nunca a ouvi dizer nada de jeito.
- PASSA-ME JÁ A MINHA FILHA.
Depois é que me lembrei que não são 20 anos, são 25. Mas por 5 anos não era preciso gritar assim comigo.

sábado, junho 11, 2005

A minha mulher e as asneiras….

A minha mulher não é de dizer muitas asneiras. Aliás, as mulheres, no geral, têm alguns problemas em dizer asneiras (tirando algumas excepções: como a avó da minha mulher que aos 90 anos consegue envergonhar qualquer carroceiro, ou seja, qualquer condutor das nossas estradas).
Eu não percebo as razões pelas quais elas se estão sempre a queixar que nós só dizemos asneiras. Um gajo precisa de deitar para fora as frustrações causadas por não o deixarem dormir a sesta num feriado. De que outra forma pode um gajo libertar as tensões? Quando eu pergunto isto, ela, só para fazer com que eu vá parar mais vezes ao quadro do não gostei, responde que o exercício físico serve para isso. Mas será assim tão difícil perceber a necessidade, que qualquer macho tem, de dizer a sua asneira de vez em quando? Será que ela não repara no bem que isso faz? Basta olhar para o ar saudável do João Jardim, em contrate com o ar enfezado do Sampaio, ou do nosso Primeiro. Além de que existem certas asneiras, que não são mais do que uma forma de lhe mostrar o meu imenso amor por ela. Querem exemplos? Ok, aqui vão eles (aconselham-se os mais susceptíveis a deixarem de ler a partir daqui):
1. MAS TU JÁ VISTE QUE SÓ ME FODES A CABEÇA COM MERDAS SEM SENTIDO. Toda esta frase é um hino ao nosso amor, podendo a mesma ser traduzida por algo mais amaricado, do tipo: Meu amor, porque razão vês a minha roupa espalhada pela casa como um insulto, principalmente com este calor e com este meu corpinho aqui à tua disposição?
2. SIM, E A CONA DA TUA MÃE TAMBÉM. Esta frase só é dita quando ela me embaraça em público, referindo-se, de uma forma bastante depreciativa, ou à minha forma de vestir, ou à minha linda barriga, ou à minha barba, ou quando insinua que eu estou velho, ou…..etc. Assim, e dado o facto de não querer magoar os seus sentimentos, nada como fazer simples comparações para com algo, que ambos temos a certeza, que não está nas suas melhores condições.
3. VAMOS MAS É O CARALHO. Expressão utilizado para a informar que, obviamente, vamos onde ela diz (seja no fim de semana ou nas futuras férias) mas que tenho que dizer daquela forma, para não sentir que ela manda em mim.
4. PORQUE RAIO DE FODA MAL DADA É QUE TENHO QUE SER SEMPRE EU A IR DESPEJAR O LIXO? Reparem na preocupação em saber se as nossas relações sexuais tem correspondido, ou não, aos seus desejos.
5. QUERO QUE O QUADRO DO NÃO GOSTEI SE FÔDA. Aqui, é evidente a convicção, de que o “famoso” quadro do não gostei, é por vezes, um pequeno obstáculo à saudável conversação que um homem expressivo, como eu, deve de ter para com a família que adora.

sexta-feira, junho 03, 2005

O curso de gestão de stress.....

Ontem foi o primeiro, e último dia, em que a minha mulher foi a um curso de gestão de stress. Porquê? Porque também mando alguma coisa nesta casa e não vou aguentar mais 5 dias (duração do curso) como o de hoje. Bom, a verdade é que lhe propus passar a ser eu a ir ao curso, dando-lhe em troca a possibilidade de ir, durante três fins-de-semana, passear até onde ela quisesse. Ela aceitou, mas foi renhido, pois ela queria que fossem SEIS FINS-DE-SEMANA.
A causa desta minha revolta é simples, enquanto ela vai à porra do curso, quem tem que ir pôr e buscar a nossa filha à piscina, e tratar da janta sou eu, e tudo isso está-me a causar mais stress do que aquele que eu julgava possível. Tudo começou com uma corrida para chegar a tempo a casa, vindo do emprego. Depois continuou com outra corrida para não chegar tarde à piscina, porque tive que andar à procura do raio do fato de banho “…dos muitos peixinhos.” porque só aquele é que é suficientemente bonito para a pequena melga poder levar. Depois foi uma luta para tentar pôr a touca no cabelo sem a aleijar (tarefa impossível, porque “…só a mãe é que sabe”) e ainda depois, a caminho das piscinas, tivemos que voltar para trás para ir buscar os chinelos, os óculos, o champô, o sabonete, e a merda do secador “…porque a mãe diz que eu não posso sair com o cabelo molhado…blá, blá blá…”.
Quando finalmente a deixo com tudo em ordem, tenho que voltar a correr para casa para ver a série CSI, a qual já vai a meio, pelo que tenho que ter o stress de tentar perceber o enredo daquilo. Depois da série terminar, toca de pensar no que é que se vai descongelar para o jantar: Pizza 4 estações, Pizza exótica ou Pizza sei lá do quê. Escolhas, escolhas, escolhas...
Depois, mal se põe a Pizza a descongelar no micro ondas, já são horas de ir buscar a moça. Quando lá cheguei, já estava ela e mais duas amigas (cujo pai se atrasou ainda mais do que eu) a tomar duche. Pelo que, em vez de tentar lavar uma, tive que LUTAR para tentar lavar três (isto porque já têm a mania que se sabem lavar sozinhas). Essa mania implicou andar a correr pelos balneários, para que: uma delas não se secasse, quando ainda tinha o champô na cabeça; outra, não andasse a envergonhar os homens (que estavam também a tomar duche) ao apontar para eles e desatar às gargalhadas (felizmente que esta não era a minha filha); e finalmente, para que a última (a minha filha) deixasse que eu a lavasse, com a promessa de não tocar, com o sabonete, nas centenas de nódoas negras que tinha nas pernas (é tão maricas como a mãe).
Só quando já estavam todas secas é que, finalmente, apareceu o pai das outras duas, o qual me perguntou porque razão eu tinha ido ao duche vestido. Obviamente que não respondi, porque não queria dizer asneiras à frente das moças. Limitei-me a levantar o dedo médio da mão e agradecer-lhe por me ter permitido fazer exercício ao mesmo tempo que lavava a roupa e o corpo.
Quando cheguei a casa já estava lá a destressada, a qual me perguntou porque razão ainda não estava a mesa posta e a comida feita. Aí deixei o stress falar por mim, pelo que a minha filha aproveitou para encher o quadro do não gostei com novas palavras que, supostamente, ainda nunca tinha ouvido.