quinta-feira, julho 29, 2004

Razões que a razão desconhecia…..

Aqui há uns tempos, num momento em que não tinha mais nada em que pensar (acho que ela estava a falar comigo sobre a sua mãe ou sobre a minha) pus-me a pensar do porquê de ela assumir, no final da maior parte das nossas discussões, que a razão sempre esteve do seu lado. Depois de meditar algum tempo sobre isso (enquanto ia abanando a cabeça em sinal de concordância com o que ela estaria a dizer) cheguei a uma pequena lista com os possíveis porquês desta situação (estranhamente, parte deles têm a ver com o sexo – e depois nós é que somos o sexo forte. Tretas):
1. O facto de dar por mim a dizer sim (e/ou a abanar a cabeça em sinal de concordância) sem estar a ouvir o que ela diz.
2. O facto de ela ficar sexy quando está irritada.
3. O facto de existirem discussões quando nos estamos a despir para ir dormir.
4. O facto de discutirmos em esplanadas rodeados de mulheres bonitas.
5. O facto de discutirmos quando ela vai a conduzir (o medo paralisa-me)
6. O facto da minha sogra se meter na conversa (o medo paralisa-me)
7. O facto de pensar que já se disse tudo o que se tinha a dizer e ir para outra divisão da casa enquanto ela continua a falar (pensando eu que é com a nossa filha) e quando volto para o pé dela: “Vês como não tens argumentos para isto que te acabei de dizer?”- diz ela vitoriosa.
8. O cansaço e o sono
9. O facto de temer as terríveis represálias, a que serei sujeito, no caso de ela chegar à conclusão de que afinal quem tem razão sou eu
10. O facto de ela ganhar dinheiro para a casa.
11. O facto de ela ser inteligente, independente, meiga, amorosa, linda e continuar com o mesmo corpo com que eu a conheci.

Quando voltar das férias terei certamente coisas mais interessantes para pôr aqui, mas para já aguentem-se com isto pelo próximo mês.

quarta-feira, julho 28, 2004

As férias.....

Estamos a poucos dias das férias, altura de descanso e dos níveis de stress baixarem para níveis perfeitamente aceitáveis. Bom, isso seria antes de ter casado, agora já está a começar a vir ao de cima o stress pré férias, o qual não é muito diferente do stress profissional, em termos do desgaste provocado: “Não vamos mudar de casa.”- é a primeira coisa que eu digo assim que ela me diz que vai começar a fazer as malas. É o que basta para iniciar discussões sobre a capacidade real do carro para o transporte de malas e sobre o número de dias que ela pensa que temos de férias e os que efectivamente iremos ter. Sim, porque a quantidade de malas de roupa, sapatos e outras bugigangas, leva os nossos vizinhos a pensarem que somos uns privilegiados e que só nos irão ver muito provavelmente na Primavera (penso que os casacos que ela leva os fazem supor que no Inverno ainda devemos estar de férias). Já tentei subtilmente dar-lhe a entender que infelizmente os nossos dias de férias não são assim tantos como ela julga: “Olha lá, se vamos gozar 22 dias úteis de férias porque raio levas roupa que dá para, pelo menos, três meses de férias?” As respostas dela dão sempre no mesmo: "Nunca se sabe a roupa que posso vir a precisar." É verdade, de acordo com as teorias relativísticas, nunca se sabe se, por exemplo, no meio de Agosto não virá a ocorrer um nevão na praia, ou que, de repente, venhamos a ganhar um importante galardão nacional ou internacional (sim, porque somos umas pessoas muito importantes- pelo menos na vizinhança todos nos conhecem) e temos que aparecer bem na comunicação social. Existe também, a forte possibilidade de virmos a ser convidados para um jantar de gala numa embaixada e aí, realmente era uma vergonha termos que recusar, por nos termos esquecido da nossa melhor roupa.
Depois das malas feitas, a diferença entre a minha mala e as malas dela é muito semelhante à que existe entre o Pacheco Pereira e o Santana Lopes, um tem bagagem a mais o outro tem apenas um pequeno saco.
Bom, mas isto só falando das malas dela, depois temos as malas da nossa filha: “Se lhe levar estes sapatos é melhor levar estes vestidos que ficam bem com eles. Se vou levar estas calças o melhor é levar também estas camisas a condizer” (ainda não percebi porque raio é que flores e/ou bolas não combinam com riscas e o roxo e/ou azul escuro não combina com verde e amarelo, a moça não se parece importar com estas mariquices). E sabe-se lá quais as doenças que ela pode vir a ter, por isso, toca a juntar todos os medicamentos que compramos desde que ela nasceu. E os brinquedos, não esquecer os brinquedos, sim, porque existem fortes probabilidades de ela se vir a aborrecer nas férias, afinal vai estar com os primos que a adoram e com os avós que lhe fazem todas as vontades e em que, na casa deles, tem mais brinquedos do que os que nós alguma vez lhe iremos oferecer. Já lhe pedi vezes sem conta para ser eu o encarregado dessa tarefa (fazer as malas da nossa filha) mas não, porque eu sou isto e mais aquilo e blablablablabla… Como se a moça se importasse de andar sempre em fato de banho e/ou fato de treino. Mulheres…..

segunda-feira, julho 26, 2004

As Compras de Roupa.....

As compras por catálogo dão origem a bons e maus momentos. Os bons são quando, no final das lides domésticas, nos sentamos para ver um pouco de televisão e ela se entretém a olhar para o catálogo, deixando o MEU telecomando em paz e principalmente, não me usando como telecomando: “Muda lá para a SIC Mulher que dão sempre uma entrevistas engraçadas….” O lado mau são os custos por minuto que este sossego tem, pois não há mês em que não chega o raio de uma encomenda com roupa, ou para ela, ou para a nossa filha. Porque raio é que as mulheres têm que vestir roupa diferente em todas as estações? Porra, eu só compro roupa quando a que tenho deixa de me servir (ainda estou a tentar perceber porquê: ou é porque continuo a crescer ou então as lavagens fazem com que a roupa encolha mais do que devia – o que é estranho é que deixa de servir ao nível das ancas e barriga….hummm… são estes novos feitios de calças que agora andam para aí, só porcaria).
Outro lado bom das compras por catálogo, é o ter acabado (parcialmente) com a necessidade de ter que a seguir pelas lojas. Porque raio é que elas precisam de companhia quando vão comprar roupa? Se lhe digo que não, é porque sou isto e mais aquilo e porque depois digo que ela anda mal vestida e mais uma série de mariquices. Assim, lá tenho eu que a seguir, primeiro são largos minutos a ver cada pormenor de todo o tipo de roupa, depois mais uma série de tempo a raciocinar sobre o porquê de não existir o seu número, exactamente naquela peça que ela queria levar, depois é agarrar em cerca de 7 calças, 15 camisas, 4 casacos, 3 pares de sapatos e 5 camisolas e dar aqui, ao burro de carga, para que ele a “ajude” a carregar com isso até à sala de provas. Depois, é experimentar todas as possíveis combinações existentes (o tempo que espero já deu para fazer as contas e os números são assustadores). Para cada uma dessas combinações sai, e depois de se ver alguns minutos ao espelho, pergunta-me o que eu acho, ficando estranhamente irritada com as minhas respostas (como se o facto de lhe dizer que tudo lhe fica bem e ao mesmo tempo lhe mostrar que o meu relógio, tem um cronómetro que funciona, fosse ofensivo para alguém). “Depois, quando ando com a roupa, dizes que não gostas.”- diz, enquanto olha para a roupa que outra mulher traz para provar. Porra, um gajo está sobre pressão. Como é que ela quer que lhe dê uma resposta se já sei que, seja ela qual for, nunca fica satisfeita: “Ficas muito gira.”- digo eu. “Achas mesmo? Não gosto muito do feitio.” – diz ela, enquanto olha para o espelho. “Não. Fica-te bem.” –continuo eu. “Não, acho que não gosto. Vou pôr outra coisa.”- conclui ela. “E agora?” – pergunta-me, passados uns largos minutos - “Está melhor?”.
“Não gosto. Faz-te o cu gordo.”- respondo eu com a melhor das intenções. “Estúpido, só estás a dizer isso porque viste o preço. Pois agora é que vou levar.”- responde-me ela com algumas faíscas a saltarem dos seus olhos. O que raio é que eu tenho que fazer para ela ir comprar roupa sozinha?

quinta-feira, julho 22, 2004

10 métodos para levar a mulher para a cama....

As mulheres têm complexidades que escapam ao normal dos homens mas, com o tempo, vou conseguindo perceber algumas delas. Por exemplo, está provado cientificamente que o homem sem sexo durante mais de 2 dias (ok, três dias) começa a ter sérios problemas de convivência com a sua cara metade e de nada adianta colocar-se nu à sua frente com um laço estrategicamente colocado na esperança que ela perceba a subtileza e o romance do gesto. Qual quê…”Não tens vergonha de andar a fazer figuras ridículas com essa idade?” É óbvio que isto é o suficiente para que o laço caia no chão devido ao esmorecimento do desejo e que durante algum tempo (cerca de 10 minutos) pensemos noutras coisas completamente irrelevantes (como, por exemplo, nas ninfomaníacas). Também não adianta muito a abordagem mais directa “Olha lá, assim de repente, veio-me à ideia que poderíamos ir mandar uma queca, que dizes?” “Mas tu julgas que eu não tenho mais nada que fazer do que satisfazer os teus desejos?” MUITO CUIDADO. NUNCA DIGAM QUE SIM, pois senão correm o risco das represálias se prologarem por semanas e aí…..aí quando começarem a sonhar com a Manuela Ferreira Leite é porque chegaram ao fundo.
Outra questão complexa é a necessidade actual que ela tem de conversarmos e só depois termos sexo. Que raio, quando namorávamos primeiro era o sexo e depois a conversa. Agora vem com a desculpa que eu depois do sexo adormeço. Então, queria que eu adormecesse durante o sexo? Falando um pouco mais sério, ainda não consegui perceber esta necessidade de conversa. Por enquanto, trabalhamos no mesmo sítio, logo encontramo-nos diariamente no trabalho, almoçamos juntos, vamos e voltamos juntos do emprego, jantamos juntos, ficamos na sala e depois vamos para a cama e quando faço os meus avanços ouço: “Tenho saudades do tempo em que conversávamos.” Mas que raio, faz sentido ter saudades do dia que acabou de passar e no qual falámos de tudo e mais alguma coisa? Saudades tenho eu de quando o Benfica era campeão. Será uma evolução na desculpa mais velha do mundo: “Estou com dor de cabeça.”? Será esta a desculpa do século XXI? Porque não perguntar-me antes “Quem é você e o que está a fazer na minha cama?” Sempre tinha mais piada. Bom, mas à que fazer o meu papel de marido compreensivo e tentar conversar sobre algo novo e profundo e é assim que geralmente acabamos a noite a falar sobre o tempo o qual sendo um assunto tão estimulante, acaba por nos adormecer rapidamente e assim mais uma vez a oportunidade passou.
No entanto, já descobri o que fazer para conseguir atingir os meus objectivos, ATENÇÃO O QUE VOU DIVULGAR É MATÉRIA EFICAZ E COMPROVADA.
10 Métodos para levar para a cama a sua mulher:
1. Dizer que sim a todas as tarefas que ela lhe pede e realizar pelo menos metade delas;
2. Realizar, pelo menos, uma tarefa que ela considere importante (como por exemplo, levantar a tampa da sanita antes de mijar) sem que ela lhe tenha pedido;
3. Oferecer-lhe algo sem que ela o espere, mas atenção, para que esta funcione é necessário que não tenha o péssimo hábito de lhe estar sempre a dar coisas (se nunca lhe deu nada fora das datas normais - natal e aniversários - até uma simples pedra encontrada na rua serve - desde que tenha uns brilhos maricas);
4. Provar cientificamente que existe uma relação directa entre a quantidade de sexo e o cancro da próstata (não se engane a dizer qual é a relação);
5. Fingir que está doente e que precisa de carinhos (desperta o instinto maternal primeiro e depois aproveite-se);
6. Elogiar durante todo o dia a bela escolha de roupa que ela fez;
7. Mandar-lhe uns mails maricas com poemas tirados da Net;
8. Insinuar que as finanças familiares estão más mas que ela merece ir jantar fora pelo esforço que dedica à família (se enfatizar bem a parte das finanças acaba por atingir o seu objectivo sem ter que efectivamente sair para jantar poupando recursos que pode depois usar na compra de jogos para a consola, por exemplo);
9. Elogiar a sua condução convencendo-a que os gatos é que têm instintos suicidas e aproveitando-se depois dos seus remorsos;
10. Se ela não cozinhar muito bem (atenção que esta implica já muita experiência) elogiar a forma como ela cozinha e o belo repasto a que foi sujeito tentado dizer isso já sem o sabor da comida na boca para que o seu cérebro não o traia através de possíveis expressões faciais (não exagere nos elogios senão arrisca-se a levar mais do mesmo).

sábado, julho 17, 2004

A minha filha e os telefonemas……

A minha filha acabou de descobrir o prazer de estar ao telefone, felizmente não percebe ainda como é que se telefona, mas ai de quem tente atender uma chamada antes dela. Fica amuada durante uns minutos. Para a minha mãe é uma maravilha, se dantes me telefonava três a quatro vezes por semana (com conversas extremamente interessantes sobre o tempo por aqui e o que tinha sido o meu jantar) nunca conseguindo falar com a minha filha, ouvindo sempre um redondo NÃO sempre que o tentava. Agora telefona todos os dias e quando a minha filha não atende, porque está a brincar e não ouviu o telefone, ou porque está em casa de uma amiga, é logo: “PORQUE É QUE NÃO DEIXAS A TUA FILHA ATENDER O TELEFONE?” Tento reter o instinto de desligar e digo calmamente: “Porque ela está de castigo amarrada no sótão (o local da casa do qual a minha filha tem pânico por ser escuro e estar cheio de aranhas) e só de lá pode sair daqui a três dias.” “És mesmo parvo.” E desliga ela o telefone. Mas já sabemos que dali a meia hora ela volta a tentar. Não sei onde é que a minha filha vai buscar a paciência para falar com ela, eu não a tenho, penso que são os genes da mãe (esta tem sempre assunto para conversar). No entanto a sua paciência tem limites e passados cerca de dois minutos lá vem ela com o telefone passando-mo sem a minha mãe se aperceber, pelo que continuo a fazer ruídos durante mais uns minutos para a não desiludir. Quando já estou farto, finjo que ela desligou o telefone sem querer e pronto, assunto resolvido.
Mas a grande vantagem de deixar a minha filha atender os telefonemas é esta:
- Está sim?
- Qê fala?
- Estou a falar para a casa do senhor fulano?
- Qê fala?
- O teu pai está?
- Qê fala?
- Diz-lhe que daqui é da empresa x.
- Qê fala?
- É a Sónia, o teu pai está?
- Conheche o lobo mau?
- O teu pai está em casa?
- Eu goto do chelhek. Ma não goto do lobo mau.
- Sim querida, eu também gosto do shrek, mas precisava de falar com o teu pai ou a tua mãe ou com alguém grande que esteja aí na tua casa.
- Manhã vou à minha cola. A minha cola nova é muita gira. Também anda na cola?
- Estás sozinha?
- Não digo. Tu tá sozinha?
- Porra, não está aí ninguém grande.
- Pola é malcliado. Vou esclever no quadlo do não gotei que a Sónia disse uma palavla malcliada.
(pausa…ouvindo-se em fundo “Nããããooo goooteiii qua Sónia dichesseeeee pooolaaaa. Já tá.”)
- Já esquevi.
- Tuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu.
- Pai a Sónia deligou o telefone. É malcliada.
- Sim filha, vai escrever no quadro do não gostei - digo-lhe eu do outro telefone.

quarta-feira, julho 14, 2004

Os Avós......

Ser avô provoca danos cerebrais, eis a conclusão a que cheguei. Deve ser por estar associado a uma última etapa da vida, ou seja, ser avô implica que o fim está próximo, logo passam-se. Só assim consigo explicar o comportamento dos meus pais. Quando era puto estava sempre a levar porrada da minha mãe (porra, se dão uma irmã mais nova a um puto é para quê? Afinal aos 9 anos ela já tinha pêlos suficientes para eu lhe fazer a depilação com cera de velas. Bom, para os mais impressionáveis, ela sobreviveu e hoje é uma mulher feliz - pois não gasta dinheiro em esteticistas) agora a minha filha pode fazer tudo o que quiser na casa deles que é só sorrisos “Queres que o avô faça de cavalo? Embora… mas desta vez tenta não usar o pau de picar, pelo menos nos primeiros 10 minutos.” “Brincar aos médicos? OK, mas para que é a frigideira? Ah, viste nos desenhos animados que serve para pôr os doentes a dormir? Está bem, mas bate devagarinho que hoje dói a cabeça à avó.” Lembram-se de quando queríamos comer doces e os nossos pais falavam das dores de dentes, de barriga, que não crescíamos, etc., etc., etc. Pois, agora as coisas mudaram, agora, aparentemente, os doces são melhores que os do meu tempo e já não provocam qualquer problema às crianças, pelo menos é essa a mentalidade dos avós e ai de quem os tente contrariar: “És mesmo parvo, porque é que a criança não pode comer doces? Queres que ela fique com desejos?” isto depois de duas tabletes de chocolates, três chupas e 2 gelados e da criança não conseguir estar parada com o excesso de açúcar no sangue. E quando, por alguma razão ela chora? “Quem é que fez mal à minha menina?” diz o meu pai com uma voz irritada. “Foi o pai que te chateou?” “O quê….não deixou que tu lhe pintasses a cara? Anda cá ao avô e traz os pincéis e os marcadores. O pai é um parvalhão, não lhe ligues.” Uma vez deixámos a moça em casa deles entramos no carro e lá fomos, mal ela notou que nos tínhamos pirado, desatou aos berros, o meu pai agarrou nela e desatou a correr atrás de nós para ver se nos apanhava, o pânico era tal que conseguiu saltar um muro de 60 cm de altura com ela ao colo (isto para quem tem 65 anos e peso a mais para a sua altura é um feito extraordinário, para não dizer um milagre) eu bem o vi a correr atrás de nós com a moça, mas pensei que ela o tivesse convencido mais uma vez a fazer de cavalo. Só achei que algo estava errado quando após 500 metros ele ainda nos acompanhava. O nosso maior problema é quando nos vamos embora, a rainha vem mal habituada e demora algum tempo a lhe tirar os maus hábitos e depois eles ainda perguntam porque que razão não vamos vê-los mais vezes.

terça-feira, julho 13, 2004

Curso de Culinária.....

A culinária, como aliás já referi, não é um dos pontos fortes da minha mulher, embora penso que tem vindo a melhorar. Gosta muito de inventar e nunca, mas nunca segue uma receita, os seus doces nunca são doces e uns famosos cogumelos gratinados não me vão nunca sair da memória estomacal (antes que começam a mandar vir e a perguntar porque razão não sou eu a cozinhar, digo já o porquê: PORQUE ELA NÃO ME DEIXA, diz que gosta de cozinhar e por mais que eu diga que eu gosto de comer, não adianta). Assim, quando num destes dias me disse que se ia inscrever num curso de culinária fiquei contente mas ao mesmo tempo desconfiado. “Um curso de culinária? Mas porquê se tu gostas é de inventar.” Perguntei eu. “Mas este é diferente. É um curso de culinária vegetariana.” Confesso que fiquei atordoado com a resposta. “E só custa 90 Euros.” Continuou ela. Aí cambaleei um pouco e tive que me segurar a algo para não cair ao chão. “90 euros por um curso de culinária vegetariana?” Consegui balbuciar no meio da minha fraqueza. “Sim, mas não te preocupes que é só durante o fim-de-semana e temos o direito de levar o jantar de sábado e domingo para casa.” Continuou ela sem reparar no meu eminente desmaio. Só me recordo de dizer “Que bom” antes de cair para o chão. Quando recuperei os sentidos, ela ainda estava com o mesmo sorriso nos lábios: “Então, tens que ter mais cuidado com o stress do trabalho, vê-se mesmo que estás a precisar de férias.” 90 EUROS POR UM CURSO DE CULINÁRIA VEGETARIANA E AINDA POR CIMA TRAZ AS EXPERIÊNCIAS PARA CASA PARA EU COMER. ISSO É LEGAL? QUANDO O PADRE FALOU NA SAÚDE E NA DOENÇA NÃO ACRESCENTOU “NESTE CONTRATO TODAS AS DOENÇAS PROVOCADAS POR MÁ UTILIZAÇÃO DE ALIMENTOS ESTÃO AUTOMATICAMENTE INCLUÍDAS NO ITEM DOENÇAS” NÃO ME LEMBRO DE OUVIR ESSAS LETRAS PEQUENINAS NO CONTRATO DE CASAMENTO.
Ok, tenho que me acalmar, pensei eu. Certamente que já passei por coisas piores, embora não me esteja a lembrar de nenhuma. “Então e tens a certeza que esse curso é bom? Olha que 90 euros por um fim-de-semana é muito dinheiro.” Disse eu da forma mais meiga que me era possível. “ESTÚPIDO, nunca me deixas fazer nada do que eu gosto” disse ela dando a resposta automática que as mulheres têm para dar nestas ocasiões, tenham ou não razão. “Olha que vai lá muita gente nossa conhecida” e começou a citar nomes de homens que viviam sozinhos e de mulheres solteiras, ou seja, tudo pessoal habituado a comida micro-ondas. Escusado será dizer que voaram 90 euros da nossa conta e que passei a ter no vocabulário culinário novos termos (Arrrghhhhhh, Tofu, Sabemal, Belharque, Seitã, Quecoisaéesta, etc.).

segunda-feira, julho 12, 2004

A Engonhice….

Não percebo o tempo gasto pela minha mulher em tarefas que, na minha mentalidade de homem, se fazem em três tempos, tais como fazer a cama (não basta puxar os lençóis, têm que se pôr umas almofadas maricas em cima da cama as quais quando nos vamos deitar são imediatamente enviadas para o chão, desconfio que ela só as põe em cima da cama porque ainda não descobriu um armário onde elas pudessem ficar), preparar o seu pequeno-almoço (existe um ritual que implica beber meio litro de água para onde espreme meio limão, aquecer o leite exactamente 2 minutos no micro-ondas quer seja Verão ou Inverno e comer o seu pão com manteiga saboreando com muita delicadeza cada mini dentada que dá) arrumar o quarto de brincar da nossa filha (porque, segundo ela, a nossa filha não deixa as coisas arrumadas como deve ser. Na minha opinião, se o quarto é para brincar, quem lá brinca é que tem que saber onde raio é que deve arrumar os brinquedos, desde que fiquem minimamente arrumados) vestir-se (passa pela escolha criteriosa da roupa intima, do vestido, das calças, da camisa, do casaco, da camisola, do colar, da pulseira, da fita para o cabelo, dos sapatos, etc.) escolher a roupa para a filha (só isto dá para outro artigo), etc.
Outra coisa que me chateia é a mania que ela tem de me obrigar a estar sempre à sua espera quando é para sairmos de casa. Já tive MUITAS oportunidades para pensar nesta situação e deduzi que vivo com uma super heroína. Porquê? Quando lhe peço para se apressar, responde-me sempre como se eu fosse um estúpido insensível que não percebe que ela está fazer algo do qual depende o futuro de toda a humanidade. Cheguei à conclusão que, provavelmente, enquanto estou à sua espera, ela pode estar prestes a resolver o problema do médio oriente, ou a telefonar para o Bush para lhe dizer como deve de sair do Iraque sem parecer mal (aliás, o valor das contas telefónicas dão força a esta minha teoria) ou ainda a aconselhar Santana Lopes, antes das suas idas à televisão, a não deixar transparecer a sua vontade em dar pulos e berros de felicidade (penso que aí ainda tem que trabalhar um pouco mais, pois a sua voz trai-o). É óbvio que eu quando, farto de esperar, vou ter com ela para confirmar esta teoria reparo que se está a pentear ou a ver-se ao espelho provavelmente pela 10ª vez com uma outra roupa, ou…..etc. É claro que é tudo um disfarce, com a sua super rapidez conseguiu mais uma vez preservar a sua identidade secreta e eu lá levo, como sempre, com as mesmas justificações: “Queres que eu saia como se tivesse acabado de me levantar da cama?” ou “Pensas que eu só tenho que cuidar de mim, também tenho a casa por tratar.”

domingo, julho 11, 2004

A Bexiga.......

Falar sobre as bexigas das mulheres, ou neste caso concreto, da bexiga da minha, é um assunto que tem que ser tratado com muito cuidado, pois dá sempre direito a discussão em viagens (quer estas sejam de 3 horas ou de 15 minutos). Segundo a análise que tenho levado a cabo nos anos de vida em conjunto, cheguei à conclusão que a bexiga da minha mulher é um órgão completamente autónomo sobre o qual ela não tem qualquer influência e que tem como único objectivo da sua existência massacrar-me e tentar levar-me à loucura. Como é que eu cheguei a essa conclusão? Bom, para já, sempre que vamos sair peço-lhe para a despejar, mas por mais litros que possam de lá sair, de nada adianta. Assim que começamos a viajar e em momentos perfeitamente estratégicos aí vem: "Tens que parar que já não aguento." Que momentos estratégicos são esses? O seu preferido é quando, depois de estarmos cerca de 30 minutos atrás de um camião sem qualquer possibilidade de o ultrapassar e a inalar todos os seus gases, o finalmente consigo ultrapassar. É exactamente aí. Logo depois da ultrapassagem. "Porque que é que não disseste antes de ultrapassarmos o camião?" pergunto eu- Porque não tinha vontade.- diz-me ela com o ar mais natural do mundo. Outra, é quando vamos na auto-estrada, logo depois de passarmos uma zona de serviço. "Mas porque é que não disseste antes de passarmos pela área de serviço?"- digo eu ingenuamente- "Porque que é que tu não me disseste que íamos passar por uma área de serviço?"- diz-me ela irritada. A partir daí temos discussão por mais 40 Km.
Depois, existe ainda o sítio onde se pára. Não pode ser um qualquer. "Aí não, que tem muita lama." "Se pensas que vou fazer aqui neste descampado para tu venderes bilhetes estás muito enganado." "Vamos procurar outro sítio que aquela casa de banho está um nojo." Etc., etc., etc., etc.... Solução para isto? Não encontro. Talvez uma operação para matar o pequeno parasita que eu tenho a certeza que ela tem dentro dela e que controla completamente a sua bexiga (não, não estou louco, já vi isto num filme e é perfeitamente plausível). Já tentei enganar esse monstro por várias vezes, por exemplo, parando e fingindo que eu precisava de ir à casa de banho, mas aí é me dito que não há vontade, que a bexiga está vazia, que só paro quando é para mim, etc., mas adivinhem o que acontece poucos quilómetros depois? AAAAAAAHHHHHHHHHHHH.
Só mais um aviso para os que pensam em casar (juntar) pela minha experiência, o monstro (parasita) só se torna activo depois de começarmos a viver juntos, pois antes, nada disto acontecia. Tenho uma teoria sobre isto que envolve a minha sogra, mas não quero que julguem que sou louco.

sábado, julho 10, 2004

Os prazeres de ter uma filha…..

Sempre esperei que o meu primeiro filho fosse um rapaz, tinha esperanças de poder ter com ele brincadeiras que o meu pai nunca teve comigo (jogar à bola, lutar, comer doces à escondidas da mãe, na sua adolescência sair com ele para conhecer gajas boas, etc.) assim fiquei um pouco desiludido quando ficámos a saber que íamos ter uma menina. Mas lá me conformei. Nos primeiros tempos foi complicado, pois começou logo com as manias de mulher, sempre que não se faziam as coisas à sua maneira era um berreiro, logo aí reparei que tinha herdado os piores genes da mãe, mas não esmoreci, nem mesmo quando, mais tarde, começou a dizer as suas primeiras palavras e estava constantemente a chamar-me mmãããããã… (e a minha mulher achava-lhe imensa piada, buuuffff). No meu intimo sabia que dentro dela se estava a desencadear uma luta de genes e sabia que os meus genes eram pacientes, por isso não estranhei quando começamos a notar uma mudança de comportamento, lembro-me perfeitamente do dia em que reparei pela primeira vez essa mudança. Foi perto do seu primeiro aniversário, até aí ela comia toda a comida que a mãe lhe fazia sem barafustar (o que obviamente não era normal) a partir daí começou a fazer caretas sempre que a mãe vinha com a papa por ela feita. Sorri para dentro e pensei, aí vêm eles. Com o tempo foram-se sobrepondo aos genes da mãe (não a todos porque há uns que são invencíveis) e começou a extraordinária construção de uma personalidade espectacular. Agora com três anos, sou, para ela, o herói, o melhor, o modelo a seguir, todas as minhas opiniões são leis, as minhas ordens são automaticamente encaradas como seus desejos. Não há nada comparável à sensação de chegar a casa depois de um dia de loucos no trabalho (onde só apetece é dar uma valente tareia à cambada de incompetentes e irresponsáveis que pensa que ter um emprego é só para ganhar dinheiro ao fim do mês e o resto são tretas) abrir a porta e ver aquela maravilha a correr para os meus braços a dar-me uma abraço fortíssimo, ou então quando, depois da mãe lhe contar a história (aí tem mesmo que ser a mãe) e quando lhe estou a dar o beijo de boas noites, ouvir da boca dela: “Gosto muito de ti.” É o suficiente para encarar o outro dia com força e vontade de continuar a lutar contra aquilo que parecem moinhos de vento. O que mais me fascina nesta sua fase é o seu gosto musical, passo a explicar: a mãe tem o péssimo hábito de acordar sempre bem disposta, eu pelo contrário, sempre que acordo sinto-me como se estivesse num combate de boxe em que o juiz está a contar o tempo para eu me levantar do tapete….7,….8….. e lá tenho eu que fazer um esforço para me levantar antes do 10, daí resulta que preciso sempre de uns bons 15 a 20 minutos para sair do mundo dos sonhos e não há nada mais irritante que estar nessa fase e ouvir uma galinha tonta aos pulos pela casa a cantar e a chatear-me, “Então não acordas? Olha como o tempo está bom…Hoje só dão 39º de temperatura…Vai estar quentinho…” Tento não responder porque senão já sei que vai dar discussão, mas penso: “Que bom, sempre desejei morar dentro de um forno…hoje talvez dê para levar os sapatos sem que as solas de borracha derretam.” “CALA-TE, TU CANTAS MAL”, ouve-se do quarto dos fundos, a minha alma gémea acordou a refilar e sempre tão bem disposta como o pai. “Filha, não sejas como o teu pai, a mãe não gosta e a mãe canta bem.” Diz a mãe com ar triste. “NÃO CANTAS NADA. O PAI É QUE CANTA BEM. NÃO É PAI? CANTA LÁ PARA A MÃE VER.” Bom, perante este pedido o que posso eu fazer, com a minha voz ainda mole com o sono começo a cantarolar algo que me venha à cabeça e que obviamente mais parece um grasnar de um corvo. “VÊS MÃE COMO O PAI CANTA BEM.” Como eu a adoro.

sexta-feira, julho 09, 2004

As adaptações à nova vida......

Quando temos um recém-nascido em casa deixamos de controlar a nossa vida, ela passa a ser controlada pelo membro mais novo da família, tudo tem que ser feito em função dele, tudo mesmo. Ficamos estoirados, passa tudo a ser feito com os olhos semi-abertos, não sabendo se estamos acordados ou se ainda é a continuação do pesadelo. Mas eles têm uma forma certa de nos levar a fazer tudo o que querem. O primeiro sorriso é mágico (e digo isso no verdadeiro sentido da palavra) pois por mais chateado que estivéssemos com ela por não nos deixar descansar, bastava o pequeno demónio nos sorrir, mesmo quando já estávamos a pensar em deixá-la até ao 5 anos em casa das avós, para que ficássemos todos babados e prontos para mais 24 horas de dedicação exclusiva a sua excelência e com um sorriso nos lábios.
Tinham-me dito que quando tivesse um filho acabava-se o sossego, esqueceram-se de dizer que para além do sossego, também o descanso, os passeios, as saídas, o cinema, a televisão, a leitura, as conversas a dois e inclusive o sexo como o conhecíamos:
- Ela acabou de dormir, pelas minhas contas temos 3 minutos. -dizia-me ela despindo-se
- Achas mesmo que ela vai aguentar 3 minutos sossegada -dizia eu, já nu.
- Sim mas não faças barulho -dizia ela, enquanto abria as pernas.
- Está bem, achas que ela está a aumentar de peso? – perguntava eu enquanto prosseguia os meus movimentos pélvicos.
- Sim mas estou preocupada com as bolhas que tem no rabo – respondia ela entre ligeiros gemidos.
- AAAHHH. Não te preocupes com isso penso que é apenas uma pequena alergia. –replicava eu.
- Siiiiiiiiiiiimmmmmmmm, mas de qualquer maneira vou telefonar à pediatra, só para ter a certeza- dizia ela.
- Bom, qualquer dia a pediatra deixa de nos falar, estás sempre a telefonar-lhe por tudo e por nada- dizia eu enquanto me limpava.
- Está calado e vai buscar o telefone- respondia-me ela enquanto se ajeitava em frente do espelho. Em fundo já se ouvia o choro da minha filha.

quinta-feira, julho 08, 2004

Os primeiros dias a três....

A depressão pós parto é algo de tramado. Já tinha lido sobre isso, mas quando temos que a enfrentar é que nos apercebemos do seu poder. Uma sensibilidade á flor da pele, lágrimas nos olhos por tudo e por nada, pânico sempre que a nossa filha chorava. "Será fome? Sede? Sono? Doença? O que é que ela tem......?" não conseguia terminar pois o nó na garganta impedia a saída de mais palavras. O que me deu algum alívio para aturar tudo isto foi o emprego, aí as chatices eram outras e dava para descansar do stress caseiro. Mas assim que entrava em casa..... Lá desabava tudo em cima de mim. Eram as noites mal dormidas, ou porque a nossa filha gemia durante a noite, ou então porque não fazia barulho e era preciso ver se ela estava a respirar, era a falta de apetite, era a pouca (nenhuma seria mais correcto) vontade para o sexo, etc.. Comecei a desconfiar que algo não estava bem no dia em que a minha sogra se foi embora depois de ter passado dois dias connosco, os momentos da despedida são normalmente motivo de alegria e não o contrário. Nos livros diziam que a depressão pós parto se devia à súbita quebra da quantidade de hormonas após o parto, mas porra se não fui eu que estive grávido, porque que é que era eu que estava com a depressão? Mas aos poucos e com o forte apoio da minha mulher, lá consegui superar a fase mais maricas da minha vida. A partir daí começou uma nova etapa da nossa vida, se pensam que o casamento muda completamente a vida estão enganados. Esperem até terem filhos, aí é que vão ver o que vai mudar- TUDO. A forma como a vida passa a ser encarada, os objectivos, a forma de pensar, etc., etc., etc.. Existe uma publicidade sobre o crédito à habitação que dá a entender que quando uma pessoa se casa e compra casa deixa de poder sair à noite. Trata-se de publicidade enganosa. Deixamos de sair à noite quando nasce o primeiro filho. E porquê? Por várias razões. Certamente já foram jantar fora e ficaram perto de um casal com um recém-nascido, lembram-se daquela parte em que ele desata a chorar e ninguém o consegue calar? Pois, essa é uma das razões (a expulsão dos restaurantes) a partir de um certo tempo passamos a ter cadastro em todos os restaurantes nossos conhecidos e passamos a ter que nos deslocar cada vez para mais longe, sempre que queríamos comer fora, até ao dia em que percebemos que o preço da deslocação era superior ao preço do jantar, a partir daí rendemo-nos. Mas nem tudo é mau, quando temos aquelas visitas chatas que vêm todas em procissão para ver o novo rebento, aí era uma questão de a deixar com a fralda suja durante mais uns tempos e o cheiro pestilento misturado com o choro estridente resolvia, na maior parte dos casos, o problema. Os casos mais díficeis eram resolvidos convidando as pessoas a mudarem a fralda.

quarta-feira, julho 07, 2004

O parto....

- Amor, acorda- disse-me ela- estou toda molhada.
Bom, estava cheio de sono, mas as oportunidades são para aproveitar por isso comecei a fazer-lhe carícias. Deu um berro:
- ESTÚPIDO, não quero sexo. Acho que me rebentaram as águas.
Ok, são 4 da manhã e estava a chegar a hora da maior mudança das nossas vidas e nós ainda não o sabíamos. Fomos para o hospital e meteram-nos na sala de partos. No início ainda deu para falarmos, mas a partir de um certo tempo ficou esquizofrénica, lembrou me o clássico da literatura “O Médico e o Monstro”. Quando não tinha contracções, podia falar com ela fazer-lhe carinhos e dar-lhe beijos, quando vinham as contracções, o monstro aparecia: “NÃO ME TOQUES.” Com o tempo, o intervalo entre as contracções ficou mais curto, dando largas ao monstro dentro dela. “A CULPA DISTO É TUA. NUNCA MAIS”. Nunca mais? Nunca mais o quê? Seria uma ameaça sobre a nossa vida sexual? Pensei eu em pânico. Perguntei-lhe o que ela queria dizer com aquilo.
-Com o quê, amor? - respondeu ela, já sem as dores da contracção. - Amo-te muito. - Continuou ela. Fiquei descansado.
“ESTÚPIDO, TU É QUE DEVIAS DE ESTAR AQUI. VAIS VER O QUE TE ESPERA.” Regressou o monstro. Bom e assim foi durante umas horas. Até que finalmente ficou tudo pronto para o parto. Nunca pensei que ela tivesse tanta imaginação para me chamar nomes. Pensei que depois do parto nunca mais lhe poderia tocar. Finalmente, num último esforço (acompanhado de mais um impropério a mim dirigido) veio ao mundo a minha filha. Depois de a mostrarem à mãe, levaram-na e eu fui atrás, olhei para ela tão calma e aí apercebi-me que tinha um ser humano indefeso para cuidar.
Regressei para junto da mãe dela e estava o médico com uma agulha e linhas a coser-lhe a vagina, perguntei o que se passava e ele disse-me que teve que cortar um pouco e que agora estava a dar uns pontos. Aproveitei para perguntar passado quanto tempo é que podíamos voltar a ter relações. Ele disse-me que, pelo que tinha ouvido durante o parto, não era com os danos físicos que eu me teria que preocupar. Fiquei feliz em saber que pelo menos uma pessoa se tinha divertido com o parto. Voltei a ir ver a minha filha e dei-lhe o meu primeiro beijo. Quando regressei, a minha mulher estava a dormir exausta, dei-lhe um beijo e saí. Estava orgulhoso das duas e com muito medo das novas responsabilidades.

quinta-feira, julho 01, 2004

A Gravidez....

Logo depois de receber a notícia pelo telefone, que ela estava grávida e depois de pular e gritar sozinho pela casa, agarro no telefone e enquanto telefono para a minha mãe vem-me à cabeça qualquer coisa que a minha mulher disse sobre não contar a ninguém até ter 3 meses de gravidez. ESTAMOS GRÁVIDOS- grito ao telefone para a minha mãe- como vê, afinal sempre sabia qual era o buraco certo. Ela diz qualquer coisa mas desligo e telefono para a minha sogra. O mesmo grito e qualquer coisa dita do outro lado (não liguei muito pois ainda estava traumatizado com as visões dela). Quando a minha mulher chegou a casa já tinha telefonado a todas as pessoas que me lembrei e estava a consultar a agenda para ter a certeza que não me esquecia de ninguém. Depois dos beijos e dos pulos perguntou-me se eu já tinha dito a alguém, contei-lhe os telefonemas e levei seca, porque isto e aquilo e se acontece isto e blá, blá, blá. Promete-me que não contas a mais ninguém e principalmente que não dizes nada no trabalho- disse ela. Respondi-lhe que sim. Tentei cumprir a minha promessa, mas as pessoas quando me viam perguntavam: Então, está tudo bem contigo? O que é que eu podia responder? Tinha que ser sincero: Sim, eu e ela estamos grávidos, mas não lhe digas nada porque é segredo. Bom, passados os primeiros tempos, eis que chegou a invasão das hormonas e com ela passei a conhecer uma nova face da minha mulher que até então eu pensava que não existia e não me estou a referir à face inchada com que ela foi ficando ao longo da gravidez, não, falo de algo mais profundo, algo vindo das verdadeiras profundezas das emoções e dos sentimentos das mulheres, ou seja, ficou do mais sensível possível. Se já sem estar grávida bastava eu fazer um inocente comentário sobre a sua roupa, do tipo: Vais com essa merda vestida? Para haver logo berraria e sensibilidade à flor da pele, então com as hormonas no máximo é que foi lindo. Os últimos 4 meses foram horríveis, tinha que ter a certeza que na televisão não apareciam documentários sobre animais bebés, ou crianças, ou a cara do António Guterres. Senão parecia que tinha as cataratas do Niagara e correr-lhe pela cara- Que queridos, tão fofinhos e amorosos….Que carinhas tão gorduchinhas...Chuif... Comecei a ter medo de abrir a boca, tudo o que dizia era mal entendido, se eu dissesse que ela estava com uma barriguinha jeitosa, ela começava a choramingar dizendo que eu só estava a dizer aquilo para que ela não se sentisse mal. Se queria sexo, era porque tinha pena dela. Pena? Para os homens não existe sexo por pena, existe apenas sexo. Deixei de comentar o seu aspecto, e aí era porque já não lhe ligava. No final da gravidez as coisas pioraram ainda mais, agora era porque não se conseguia baixar, vestir meias, calçar sapatos, etc. etc. etc.. Houve, no entanto duas coisas que me deram forças para a conseguir aturar, uma foi saber que dentro dela estava a minha filha e outra, não menos importante, foi a maravilhosa e espectacular transformação que os seus seios sofreram (UAU!!!!).