terça-feira, agosto 31, 2004

As arrumações.....

Quantas e quantas vezes ela se queixa que eu nunca sei onde estão as minhas coisas e que basta ela deixar de fazer o que está a fazer (que é sempre algo de muito importante como por exemplo, colar fotos e adicionar-lhe comentários maricas num álbum que ninguém quer ver, a não ser que a isso seja obrigado) para logo encontrar AS MINHAS COISAS, como ela tanto gosta de salientar. Pois, o problema é que as MINHAS COISAS, nunca estão onde eu as deixo, porque as MINHAS COISAS, são arrumadas na NOSSA CASA, por ELA em sítios que ELA predefine: “Olha, a partir de hoje as tuas coisas passam a estar arrumadas aqui.” Pois, mas o AQUI, é em MUITOS sítios, sinto-me como um esquilo no Inverno à procura dos locais por onde armazenou a comida no Verão, com a agravante que não fui eu que escondi o raio das MINHAS COISAS. Porque raio é que o telemóvel tem que estar num sitio diferente da carteira, ou porque os cintos não podem estar no mesmo sítio das cuecas, ou os meus sapatos têm que ficar só naquelas prateleiras e o computador portátil no fim de o utilizar tem que ir para o canto que ela definiu, sim, porque durante a noite, se ele ficar em cima da mesa, o mais provável é que comece a chorar por só no outro dia ir para dentro da mala para me acompanhar para o trabalho. “Se não fosse eu, esta casa era uma desarrumação.” diz ela de peito cheio (e que belo peito, diga-se de passagem). No entanto esquece-se que já fiquei, durante UM ANO, três dias por semana sozinho com a nossa filha e que nada de catastrófico aconteceu durante esse período, embora se tenham passado coisas estranhas, por exemplo, sempre que a porta da ama da nossa filha se abria, ela mal disfarçava um largo sorriso (que me parecia de gozo) e dizia “Então a sua mulher esqueceu-se, mais uma vez, de deixar cá fora a roupa para você vestir à menina?” Até parecia que ela ia de pijama (bom, acho que uma vez foi, mas fazem fatos de treino tão parecidos com pijamas que um homem acaba por não conseguir distinguir um do outro). Tirando esse pequeno pormenor, de resto a casa estava um brinco, era tão fácil saber onde estavam as minhas coisas e as da nossa filha, ou estavam num monte ou estavam noutro. Agora, quero saber da porra da MINHA POMADA para as hemorróidas (sim, porque também sou humano e tenho destas merdas) ando pela casa a rastejar junto de todas as gavetas da casa à procura dessa merda, como se o facto de ter que pôr pomada no cu não fosse já suficientemente humilhante. “ONDE ESTÁ A MERDA DA MINHA POMADA PARA O CU?” grito eu. “Agora não te posso ajudar.” diz ela. “Meda é malcliado pai” diz a nossa filha. “FO….(lembro-me que tenho uma filha em casa) CACA, CÓCÓ DE CÃO, PIPI DA MÃE, ESTOU Á RASCA DO CU, DIZ-ME EM QUE DIMENSÃO PUSESTE A CACA DA POMADA.” Grito eu mais uma vez. “Cu é malcliado, pai, diz-se labo” “Os grandes têm cu e os pequenos, como tu, é que têm rabo” respondo-lhe eu enquanto esgravato mais uma gaveta. “VENS ME AJUDAR OU NÃO? ESTOU A SENTIR AS BATIDAS DO MEU CORAÇÃO NO CU E DIGO-TE QUE NÃO É UMA SENSAÇÃO MUITO AGRADÁVEL.” Grito mais uma vez desesperado. “ASSIM QUE A NOSSA VIZINHA SAIR VOU-TE AJUDAR, MAS SE QUISERES PODES CONTINUAR A GRITAR MAIS ALGUMAS PÉROLAS DESSA TUA NOVELA PORQUE PENSO QUE ELA ESTÁ A GOSTAR.” Foda-se, as humilhações a que um homem se sujeita por não ter direito a um espaço só para as suas coisas (e por si escolhido) na (também) sua casa.

segunda-feira, agosto 23, 2004

Estadia 4.....

Felizmente tenho na aliança o dia em que nos casámos, pelo que este ano apanhei-a de surpresa. “Então amanhã onde queres ir jantar?”- perguntei eu discretamente. “Ó amor, lembraste-te que amanhã fazemos 8 anos de casados”- disse-me ela, quase com lágrimas nos olhos. “Claro que sim.” (ia lhe perguntar se alguma vez me tinha esquecido, mas achei melhor estar calado). Pensei para mim, oito anos? Tanto tempo e ainda temos sexo com frequência? (Bom, com a frequência que ela deixa, claro). Deixámos a nossa filha com a minha cunhada e respectiva família e lá fomos a um restaurante que nos haviam indicado (a segunda escolha, pois a primeira indicação era de um restaurante em que o preço médio por pessoa rondava os 150 euros, respondi à pessoa que era para comemorar 8 anos de casado e não cem). Tive logo um pressentimento que a noite não me ia correr bem quando, assim que entramos, a minha mulher perguntou à senhora se havia algum problema em eu entrar de calções e sandálias. Porra, até parecia que ia com um mendigo, afinal nem levava as sandálias da praia nem calções de banho, mas sim umas sandálias de cabedal e uns calções “normais” de tecido. Mulheres… querem sempre a perfeição, qual é o problema de só ter trazido calções e sandálias para as minhas férias? Continuando. Sentamo-nos a apreciar a cidade que estava no vale “Então que balanço é que fazes destes anos de casamento?”- perguntou ela. “Em termos monetários ou sentimentais?”- repliquei eu. Primeiro pontapé da noite. Veio o menu e olhei para o menu turístico, 34 euros. Pensei que era melhor escolher algo do menu normal que certamente nos ficaria mais barato. Pedimos uma entrada de lagostim e veio um prato com um lagostim e mais uma série de mariquices que ficámos sem saber se eram para comer ou se serviam só para enfeitar. Entretanto, vem também a garrafa de vinho que ela tinha pedido e que era a mais pequena e mais barata que eles tinham na carta de vinhos, só custava 20 euros, UMA GARRAFA DE VINHO DAS PEQUENAS A 20 EUROS PORQUE RAIO É QUE NÃO BEBES SUMO COMO EU. Gritei eu em pensamento, quando ela a pediu. “Que tens amor? Estás a ficar branco.” – disse-me ela na altura. “Nada amor. É impressão tua.”- respondi eu. Segundo pontapé da noite, mas este, embora não tenha causado dores físicas, doeu mais que o primeiro. Porque raio é que ela gosta de vinho. Eu odeio tudo o que tenha álcool (o que durante a minha estadia na Universidade se tornou uma vantagem para os meus colegas, pois assim podiam sair e embebedar-se à vontade sabendo que me tinham a mim para tentar controlar as asneiras que iam fazendo pelo caminho) o que, aparentemente, me torna um ser extraterrestre, pois, por mais que diga às pessoas que odeio bebidas alcoólicas, elas insistem “Mas aposto que nunca provou este meu vinho caseiro. É do melhor que existe.” PORRA, MAS TEM ALCOOL, NÃO TEM? EU NÃO SUPORTO O SABOR DO ALCOOL NEM EM BEBIDAS NEM EM DOCES E MUITO MENOS NA MERDA DAS SALADAS DE FRUTA ONDE TÊM A MANIA DE PÔR UM CÁLICE DE VINHO DO PORTO. DEIXEM A MINHA SALADA DE FRUTA EM PAZ. (peço desculpas pelo desabafo mas esta da salada de frutas mexe muito comigo).
Voltando ao jantar. Quando a garrafa de vinho chegou, não resisti e disse “Por vinte euros espero bem que a bebas toda.” Se soubesse o que me esperava tinha ficado calado. Lá escolhemos o prato principal. Mais uma vez veio com tudo muito enfeitado como uma verdadeira obra de arte, pedimos a sobremesa, comemos e entretanto o vinho ia desaparecendo ao mesmo tempo que minha mulher ia ficando um pouco tocada (quando isso acontece, fala de tudo e mais alguma coisa). Felizmente ninguém percebia o que falávamos (também só lá estavam mais dois casais, quando veio a conta percebi porquê). Quando acabamos pedi a conta e….. as asneiras que eu pensei, 112 EUROS POR PRATOS CHEIOS DE MARIQUICES E ONDE MAL ACABÁMOS A SOBREMESA JÁ O PRATO PRINCIPAL SAIU DO ESTÔMAGO? Ela pagou (pois a minha carteira desapareceu de vez) e depois fomos dar uma volta pela cidade, a qual às 10 horas da noite estava vazia, pelo que, por razões de segurança, resolvemos voltar para o nosso alojamento. Perto do mesmo havia um bar com karaoke (os franceses adoram isso) que parecia animado, resolvemos entrar (o resolvemos é só para eu não ficar mal no quadro, porque ela obrigou-me a entrar) e aí, aí pensei em nunca mais comemorar os nossos futuros anos de casamento. Porquê? Porque ela mal viu o microfone livre agarrou-se a ele e toca de cantar Edith Piaf. Nunca me senti tão mal na minha vida. Bem que tentei que ela parasse (eu e mais o gerente do bar) mas quanto mais tentávamos mais ela insistia em gritar (sim, porque aquilo não era cantar). Felizmente o gerente lembrou-se de uma súbita falha de energia e embora os seus gritos continuassem a se ouvir mesmo com o micro desligado, ela achou que a acústica da sala era má para a qualidade da sua voz. Mas, antes de sair, exigiu que eu subisse ao pequeno palco, onde contou quase a história da nossa vida (incluindo alguns detalhes que eu pessoalmente não gostaria de dar a conhecer a ninguém) e gabou as minhas qualidades e salientou, no seu francês perfeito, os meus horríveis defeitos. Penso que muitos dos que assistiam julgavam que se tratava de um espectáculo de Stand up comedy, pois eram só aplausos e gargalhadas e eu com o meu sorriso amarelo a tentar despachar aquilo. Finalmente consegui tira-la de lá (sozinho, porque entretanto o gerente começou também a achar piada aquilo) e após eu recolher as moedas que entretanto choveram para o palco (pelo menos serviu para minorar o prejuízo) lá saímos e fomos para casa, onde ela rapidamente adormeceu e eu fiquei a pensar (após contar as moedas) se não podíamos fazer daquilo um negócio.

sábado, agosto 14, 2004

A Estadia 3……

Hoje (ontem) cheguei à conclusão que, embora já não tenha as capacidades físicas que julgava ter, ainda tenho os níveis de testosterona que me toldam o cérebro e as minhas decisões e que me fazem tomar decisões um pouco (como dizer isto sem parecer mal)…. um pouco…. de macho que quer impressionar a sua fêmea (porra, mas que a consegui impressionar lá isso consegui, embora tenha demonstrado, esse seu fascínio pelo que fiz, de uma forma um pouco diferente do habitual e que, se eu não a conhecesse, diria que era muito semelhante a gargalhadas de gozo…humm….). Mas o que é que eu fiz? Resolvemos fazer de tarzans e fomos a um parque onde nos dão umas tretas de alpinista e pagamos (caro, diga-se de passagem) para andar a saltar de árvore em árvore. Depois, andamos todos contentes feitos macacos a gritar e a berrar e a pensar porque raio é que aquilo é tão divertido. Assim foram correndo os minutos, fizemos o chamado percurso verde, para putos, o percurso vermelho, para putos maiores, o super vermelho, para homens e mulheres que gostam de aventura. Decidimos depois fazer o percurso negro, para homens de barba rija e mulheres com a mania que, lá por correrem todas as manhãs (e meterem a merda do despertador a tocar para ir correr durante as férias, o que no meu entender pode ser considerado uma tortura que o nosso código penal deveria de ter em conta) julgam que podem fazer aquilo sem problemas (e por acaso conseguem). Mas, existe ainda, o misterioso e tenebroso percurso super negro, só para….(como dizer isto mais uma vez sem me queimar)…..para…..gajos que querem impressionar (fazendo rir as suas moças). Começamos então o percurso negro. Numa árvore existia uma encruzilhada, para um lado era o percurso super negro, para o outro o negro (o super negro terminava novamente nessa árvore e depois bastava continuar pelo percurso negro). Disse para a minha mulher “Espera aqui que eu vou fazer o super negro e já cá venho ter contigo.” Desafiei o namorado da minha sobrinha a vir comigo, o qual, obviamente, acedeu de imediato (porra, não ia dizer que não quando aqui o velho ia sem problemas) e lá fomos. O primeiro trajecto até que não foi difícil, difícil foi conseguir subir para a plataforma com os braços doridos. Começámos a ver as coisas um pouco negras (razão da cor do percurso) quando reparámos que, na plataforma seguinte, estavam dois jovens sem saber o que fazer, era um a incentivar o outro para pular e o outro, gentilmente, a lhe ceder o lugar. Passado dez minutos, o tempo mínimo para voltarmos a sentir os braços, fui até essa plataforma e o que vi impressionou-me. Tínhamos que saltar (a 20 metros de altura) agarrados a uma corda, para uma rede que se encontrava 5 metros à nossa frente, disposta na vertical. Bom e agora? O primeiro moço lá foi (a gritar pela mãe, mas foi) o segundo foi passado dez minutos (ainda eu não sentia os braços). Sentei-me a analisar a situação e a dizer para o namorado da minha sobrinha: “Sabes, eu já estou casado, não preciso destas merdas para a impressionar. Tu, por outro lado, namoras com ela à dois meses e ainda tens que mostrar o que vales, por isso, cedo-te o lugar. Vai tu em primeiro.” Respondeu-me ele: “Pois, mas eu, se quiser, posso voltar a namorar com quantas queira fazendo isto ou não, enquanto tu….” Cabrão do puto. Bom, passados mais dez minutos, quando os braços passaram a dar sinais, através de fortes dores musculares, agarrei-me com todo a força à corda e…... durante o curto trajecto, dei por mim a pensar que não tinha feito nenhum testamento a salientar que não queria que nada meu fosse parar às mãos da minha sogra, lembro-me que pensei nisto exactamente no momento em que a corda começou a me escapar das mãos. Felizmente consegui agarrar o raio da rede e passados largos minutos atingi a plataforma onde, finalmente, pude descansar e ver o namorado da minha sobrinha a voltar para trás (não foi só a minha mulher que eu impressionei). De nada serviram os berros da minha sobrinha para o motivar “ENTÃO O VELHO DO MEU TIO CONSEGUIU E TU VOLTAS PARA TRÁS, COBARDE?” (diga-se de passagem que não o levei a mal). Estava agora noutra encruzilhada, para um lado tinha que me agarrar a umas argolas que estavam penduradas acima de mim e depois, só existiam cordas para chegar, respectivamente, às duas plataformas que me faltavam. Do outro lado, um cabo de aço levava-me directamente para a plataforma da minha mulher….hummm….após dois segundos decidi-me, depois de sentir os braços lá me arrastei até ela, onde recebi um beijo e uma recomendação: “Deixa de fazer tonteiras que já não tens idade para isso.” Podia-me ter dito isso antes. Bom, acabei mal, mas acabei. Resultado, tive o resto do dia a tentar recuperar o controlo dos meus músculos (pelo menos fiquei a saber que ainda existiam músculos em zonas das quais já não me recordava) e tivemos uma sessão de sexo muito, mas muito calma e sem posições exóticas.
Havia mais para contar, mas isto já vai longo e dói-me quando escrevo.

quinta-feira, agosto 12, 2004

A Estadia 2……….

Este vai me custar um bocado, afinal eu sou aquele que está sempre a refilar com ela por ser uma cabeça no ar. Mas pronto, também tenho que admitir os meus erros. Podia começar por dizer que é sempre ela que nunca sabe onde deixa a carteira, que uma vez, armou um escândalo por pensar que lhe tinham roubado uns óculos de sol, que afinal estiveram todo o tempo no nosso carro, que muitas vezes deixa as chaves do seu gabinete em casa e tem que andar sempre a chatear a senhora da recepção durante todo o dia, para que esta lhe esteja constantemente a abrir-lhe a porta, pois sempre que precisa de sair tranca sempre a mesma. Podia ainda falar das constantes “percas” do seu telemóvel, das quais resultam comentários, a mim dirigidos, do tipo: “Onde é que tu meteste o meu telemóvel? Porque que é que dizes sempre que sou eu que nunca sei onde ele está. Eu sei muito bem onde o deixei e se não está aqui foi porque tu lhe mexeste. Hás-de me explicar porque é que, por uma vez, não podes ter sido tu a razão do seu desaparecimento.” É óbvio que passado umas horas, ou em alguns casos dias, lá aparece o telemóvel que sempre esteve onde ela o deixou (perdido nos mais variados sítios). Pois é, podia dizer muita coisa sobre as suas constantes distracções com as suas coisas pessoais. Podia ainda acrescentar que no seu caso se trata de um problema genético, pois a sua mãe só não perde a vontade de chatear os outros, mesmo quando perde alguma coisa a culpa é sempre, mas sempre dos outros (principalmente do desgraçado do meu sogro, santo homem) “Tenho a certeza que foste tu que mexeste na minha laca para o cabelo, pois se não está aqui onde a deixei só pode ter sido tu que lhe mexeste. Agora vai depressa procura-la porque eu preciso de sair e já estou atrasada.” Diz ela para o meu sogro. “Olha lá mulher, se eu sou careca, explica‑me lá por que razão ia querer a tua laca para o cabelo. Tens a certeza que não acabaste com ela e a colocaste no lixo?” diz o meu sogro, enquanto se dirige para o seu mini bar. “Pois, eu sabia. Andas a gozar comigo. Já sabias que ela estava no lixo e vias-me aqui desesperada à procura da laca e não me dizias nada, és sempre o mesmo. Não sei onde vou arranjar paciência para te aturar.” Remata ela. É exasperante ver a cara do meu sogro quando ela diz estas coisas. Principalmente vê-lo a arrancar mais um punhado dos seus escassos trezentos cabelos que lhe restam (quando o conheci pensei que a sua careca se devia a razões genéticas, mas afinal não, pobre homem). O que lhe vale é o seu melhor amigo, o JB (com o meu sogro não preciso de me preocupar com as prendas no natal ou no seu aniversário, tenho até a certeza que ficaria ofendido se lhe desse outra marca). Como vêem, podia dizer muita coisa, mas penso que o importante hoje, não é apontar os defeitos dela, nem os salientar, porque isso seria tentar desviar o assunto o que seria desonesto da minha parte (estava-me a lembrar de uma vez em que deixou que lhe roubassem a carteira de uma forma infantil, mas isso agora também não interessa). Conclusão: perdi a carteira com todos os meus documentos e cartões bancários lá dentro e vou estar o resto da minha estadia por cá totalmente dependente dela, nomeadamente da sua condução e dos seus cartões.
Hum.…. afinal não foi assim tão difícil.

terça-feira, agosto 10, 2004

A Estadia 1 (porque ainda vou estar por cá mais uns tempos)…....

Livre do calor, pensava eu, nos Alpes o tempo é fresco, pensava eu, posso dormir as sestas sem ter o calor a apoquentar-me, pensava eu. Porra, até a minha cunhada diz que não é normal estarem 37º C aqui. Como se isso não fosse o suficiente para me alegrar os dias, ainda tenho que aturar duas sobrinhas, uma na fase da pré-adolescência e outra nos picos da mesma, ou seja com todas as hormonas descontroladas. Faz-me lembrar a gravidez da minha mulher mas em versão “falta de chapadas é o que ela tem”. Está bem que já passei por essa fase e foi das mais importantes da minha vida, um gajo nunca sabia se estava contente ou se estava na depressão tão depressa as coisas mudavam, bastava uma moça não olhar para mim como eu queria, que era logo uma desgraça: “Será que se nota muito a erecção que ela me provoca?” pensava eu 99% das vezes (o restante 1% era quando eu tinha a certeza) “Tenho que deixar de usar boxers e calças largas.” Concluía.
Bom, mas voltando à minha sobrinha, eu não me lembro de gritar metade das asneiras que ela grita com os pais. Porra, eu que pensava que já conhecia suficientemente o francês, afinal conclui que existe ainda muito vocabulário subterrâneo que ninguém me queria ensinar. Mas agora já estou pronto para qualquer discussão com quem quer que seja, desde que seja em francês. E os gritos, como é possível gritar assim tanto, a minha teoria é esta: como a língua francesa é um bocado maricas, quando eles se irritam, se falarem com um tom normal dá vontade de rir, assim, toca a gritar para que os possam levar a sério. Imaginem alguém a falar com vocês com um ar muito chateado, mas sem gritar e a dizer “Je te coupe ta gole si tu ne ferme pas ta boche.” Se for uma mulher boazona, a vontade que dá é de um gajo se despir todo e dizer “Fais touts qui ti donne dans la tete, je suis a ton disposicion.” Agora, se ela dizer o mesmo, mas aos berros, um gajo despe-se ainda mais depressa, pois tem a certeza que vai ser violado.
Tenho que deixar de divagar tanto. Voltando à minha sobrinha, a moça só fala aos berros com todos os da família, só quando o namorado chega é que voltamos a conhecer a sua voz normal, mas só para ele, evidentemente, porque para os outros continuam os berros. “PASSEM-ME A ÁGUA, CABRÕES DE MERDA E FILHOS DE UMA GRANDE PUTA QUE ME OBRIGAM A CHEGAR A CASA À MEIA-NOITE.” (resolvi traduzir, porque nem todos tiveram a educação refinada com a qual fui privilegiado, nés pá?) e logo a seguir: “Meu amor e querido da minha vida, onde me vais levar a passear hoje. SE ESTES GRANDES PUTANHEIROS ME DEIXAREM SAIR.”
Conclusão: Passei a apreciar ainda mais os momentos com a minha filha, embora ande a tentar aprender a gritar com os exemplos que por cá se passam, basta uma conversa, um castigo e se for caso disso, uma palmada no rabo, para voltar a descer à nossa realidade.