O sofrimento……
A Páscoa parece que é uma época de sofrimento, prova disso é a visita que os meus sogros me estão a fazer. Ter que aturar o seu passatempo favorito, ver qual deles consegue chamar mais nomes ao outro e impedir que depois o outro consiga falar, ou pelo menos ouvir-se. Isto fez com que o meu horário de trabalho sofresse uma ligeira alteração, passei a entrar mais cedo (aproveitando que eles ainda estão deitados) e a sair mais tarde (tentando chegar a casa imediatamente antes do jantar). O problema é quando chego a casa. Não só a minha poltrona está ocupada pelo meu sogro, como ele tem nas suas mãos O MEU TELECOMANDO. Na casa dele não tenho direito a tocar no telecomando, mas aqui também não. Assim, tenho que aturar a saga diária das carradas de novelas que dão durante toda a noite (tem pelo menos uma vantagem, enquanto ambos vêem as novelas, e até ao intervalo das mesmas fazem uma pausa na sua implicância).
- E a mensalidade da TV Cabo? Não tem que ser rentabilizada? - pergunto eu à minha mulher.
- Não queres que os meus pais se sintam bem na nossa casa? - responde ela, com uma pergunta que eu sinceramente não entendi, e só por isso demorei mais tempo a responder do que aquilo que ela considerava que seria o tempo normal para responder a algo, que para ela parecia óbvio.
Acabei por lhe perguntar, enquanto dos seus olhos já saíam faíscas (e como ela fica linda com os olhos “faiscantes”) se eu não deveria também de me sentir bem na minha casa, ao que ela respondeu que isso dependia apenas e exclusivamente de mim, algo que me suou como uma ameaça.
Face ao exposto e após muito ponderar, resolvi que hoje é o dia ideal para realizar algo que tem andado pela minha cabeça nos últimos meses, ou seja, vou fazer horas extraordinárias com o objectivo de tentar descobrir uma solução para a seca que afecta o nosso Baixo Alentejo, e só vou para casa quando terminar esta nobre tarefa, ou então quando os meus sogros se forem embora (existe ainda a hipótese remota de ter que ir para casa devido a uma emergência familiar, algo como a minha mulher telefonar-me aos berros: VÊM IMEDIATAMENTE PARA CASA SE QUERES CONTINUAR AQUI A VIVER, ou algo de semelhante).
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