segunda-feira, abril 03, 2006

Perdidos (parte2)....

Eis o que se passou depois:
- Temos que traçar o azimute. – começou logo por dizer a amiga da nossa amiga, enquanto tentava perceber porque raio lhe tinham dado um mapa para as mãos.
- Olha que flores tão bonitas. – disse a nossa amiga.
- Espero que não nos tenhamos que sujar muito. – disse a minha mulher enquanto olhava para o pessoal que estava a terminar a prova e que vinha todo cheio de lama.
Bom, eu e o meu colega de infortúnio olhámos um para o outro, suspirámos, encolhemos os ombros e dissemos:
- Embora. É por aqui.
- Já traçaram o azimute? – perguntou a amiga da nossa amiga, enquanto olhava para o seu mapa.
- Por aí não há flores silvestres. – disse, triste, a nossa amiga.
- Pois. Só há lama. Vão vocês. Nós vamos por outro lado. – disse a minha mulher.
- Mas nós é que temos as bússolas. Sem bússola têm que nos seguir. – disse-lhes o meu ingénuo companheiro.
- Olha para ele!!! Se não começas já a ter controlo no homem, ele vai pensar que tu tens que o seguir sem pensar. Conheço o género. – diz a minha mulher para a nossa amiga.
- Pois, tens toda a razão. – responde-lhe esta, virando-se depois para o seu namorado e dizendo – Não comeces já com esses machismos. Nós é que tivemos a ideia de participar, por isso dá-nos uma bússola e nós vamos por outro caminho.
- Mas nós é que temos o chip. – digo eu.
- E têm o azimute traçado? – pergunta a amiga da nossa amiga.
- Bom, isso não interessa. Nós somos capazes de nos orientar tão bem, ou melhor, que vocês, por isso, levem o chip que isso não nos interessa. Vão ver que ainda vamos chegar primeiro que vocês. – disse a minha mulher.
- Mas porra. Não era suposto sermos uma equipa? – digo eu.
- Vocês estão armados em parvo e pensam que nós temos que vos seguir. Se quiserem venham vocês atrás de nós. Mas nós não vamos por aí. – responde a minha mulher.
Não vou referir a troca de palavras, menos amistosa, que se seguiu, mas o resultado foi: homens para um lado, mulheres para outro. Ficou combinado que elas deixariam uma flor em cada estação, para provarem que tinham lá chegado primeiro que nós.
Após duas horas, terminámos o percurso e depois de uma hora de espera, resolvemos ir à procura das mulheres. Estavam divertidíssimas, com uns putos da academia militar, os quais as estavam a ajudar a chegar às estações sem se sujarem e passando pelas zonas com as flores mais bonitas. Um deles estava pacientemente, a explicar à amiga da nossa amiga o que era um azimute. No caminho de volta, enquanto nós, cansados queimados pelo sol e sujos de lama, vínhamos calados, as nossa companheiras não se cansavam de falar da simpatia dos militares, enquanto partilhavam as fotos digitais que tiraram (sim, levaram câmaras fotográficas para a prova) e faziam a distribuição dos ramos de flores silvestres que tinham apanhado. A coisa só terminou mal quando elas nos informaram que já nos tinham inscrito (a nós e a elas) para uma outra prova que vai ter lugar no inicio de Maio, e a amiga da nossa amiga garantiu que nos vão ganhar porque agora já sabe traçar o azimute. Digamos que o azimute foi enviado para certos sítios e serviu para ilustrar, de uma forma bem clara, o que pensávamos delas naquele momento.