Curtas da vida de casado......
As desvantagens de ser o ídolo da minha filha:
- Não dês beijinhos ao pai que ele é só meu.
- Não és tu que me vestes, é o pai. Tu não me sabes vestir.
- Não és tu que me lavas a cara. É o pai, porque tu não sabes.
- Não és tu que me fazes o pequeno-almoço, porque tu não sabes.
- Bom, se eu não sei fazer nada, vou correr. – responde a mãe, enquanto vai buscar as sapatilhas.
- Não vais nada, porque tu não sabes. Quem vai correr é o pai. Não é Pai? – responde-lhe a nossa filha, enquanto eu fico a pensar se aquilo era algo de combinado entre elas, ou se é uma prova do exagero a que chegou o seu fascínio por mim.
Domingo de manhã:
- Pai, acorda. Anda ver o que eu fiz. - grita-me ela cheia de orgulho.
- Deixa-me dormir, estou cheio de sono - respondo-lhe eu, enquanto amaldiçoo o dia em que ela aprendeu a abrir os estores.
- Já é de dia. Tens que acordar. Vá, anda ver o que eu fiz.
- Poça. Quero dormir.
- E se eu te bater com este livro, levantas-te?- diz-me, enquanto esgrimia o meu livro de cabeceira sobre mim.
- Não sei quem é que te anda a ensinar essas coisas, mas se bateres com o livro na mãe, levanto-me.
- Se esse livro me toca, ficas o dia inteiro na cama. – responde a má disposta da mãe, não sei se a mim ou se à nossa filha. A mim não devia ser porque aí não era castigo.
- Vá anda. Mas tens que ter os olhos fechados. – continuou o único despertador que me acorda bem disposto.
- Não te preocupes com isso. – respondi eu, com os olhos fechados de sono enquanto me dirigia para o seu quarto.
- Olha. Não está bonito? - diz-me ela em cima da sua cama toda arranjadinha.
- Tens uma almofada nova?
- Não. Não vês o que é? Fiz a cama sozinha. – grita-me ela frustrada.
- A cama estava desmanchada? Poça, está muita gira. Aposto que não consegues fazer o mesmo à cama do pai.
- Consigo pois. Queres ver?
- És um explorador de crianças. – diz mais uma vez a mal disposta da mãe.
- É para não me sentir tão mal por ela me ter acordado. – respondo eu enquanto me deito na cama da nossa filha e tento aproveitar os prováveis longos minutos que ela iria perder a fazer a nossa cama.
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