terça-feira, maio 23, 2006

E porque raio hei-de ser eu a ser chateado?

Está um gajo a desfrutar do prazer de dormir em frente à televisão e eis que o telefone toca:
- Boa noite. É de casa do senhor Luis?
- Amhh......De quem? – respondo eu ainda a pensar que estou a sonhar.
- Do senhor Luis.
- Ah..Sim sou eu. Diga o que quer. – respondo, já adivinhando que tinha ganho mais um “prémio”.
- Sabe senhor Luis, tenho excelentes notícias para si.
- Miquelina, anda cá abaixo que encontraram o nosso cão. – grito eu.
- Não não, senhor Luis. Não é nada disso. - diz, atrapalhada..
- Não encontraram o meu pipoca?
- Não senhor. As noticias que temos são outras. O senhor ganhou um electrodoméstico.
- Miquelina, anda cá mulher!! Afinal ganhamos uma televisão. - grito novamente.
- Não é bem uma televisão.
- Mulher, manda o frigorifico para o lixo. Temos um novo.
-
Senhor Luis, acalme-se. Deixe-me falar se faz favor. - diz, com alguma impaciência.
- Ai, menina, estou tão nervoso. Sabe, nunca ganhei nada. Mesmo a minha Miquelina foi o azar que a trouxe. Não é que seja má pessoa, mas é daquelas pessoas que nunca mais se cala. Fala por tudo e por nada. O pipoca é que era uma boa companhia, mas agora.... ninguém sabe dele.
- (suspiro profundo)
- Era um canito lindo. Bom, não era muito lindo que o bicho era assim meio arraçado de lebre com saca-rabos. Não sei se me estou a fazer entender. Tinha umas orelhas de lebre e um corpo que metia dó, mas era uma companhia c'a minha Miquelina não consegue imitar: Tava sempre caladinho. Bastava dar-lhe uma bordoada c’o bicho sabia logo qual era o seu lugar. Agora a minha Miquelina, é doutro feitio.
- Senhor Luis, quer o prémio ou não? - grita, visivelmente irritada.
- Quero pois. Quando é que mo vêm dar?
- Em primeiro tem que responder a umas perguntas.
- Está bem. Aponte aí. O nome da minha senhora é Miquelina da Conceição Mendes, tem 58 anos e é uma velha chata...ehehehe. Esta última parte sou eu a brincar consigo. Apontou? Agora vou-lhe dar o meu nome.
- Senhor Luis (suspiro profundo) deixe-me falar, se faz favor. - diz, desesperada.
- Está bem. Sabe, é o nervoso. Estou aqui que pareço a minha Miquelina no dia em que me apanhou a beijocar a Carmelinda. Aquilo foi discurso que durou meses. E olhe c’a gente ainda só tinha tirado os casacos.
- Por favor, senhor Luis (suspiro profundo) deixe-me explicar tudo e depois pode falar. Pode ser?
- Está bem. Mas olhe, espero que não esteja a pensar falar com a minha Miquelina que aquilo é mulher para andar aqui a contar a vida de toda a gente cá da terra, e eu não gosto nada dessas mexeriquices
- Senhor Luis. Por favor. Vamos às perguntas. Quando é que é a festa anual de Cuba? - diz, de um fôlego.
- Miquelina, anda cá ajudar-me. (pausa) Quero lá saber das tuas hemorróidas. Se for preciso traz o penico atrás. Anda cá qué prá gente ganhar o frigorifico.- grito eu -Espere só o bocadinho que nisto de datas e de festas, é aqui com a minha Miquelina. - digo depois para o telefone.
- (silêncio)
- Está lá...
- tuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu.