O 25 de Abril......
Hoje resolvemos participar nas actividades existentes, cá na vila, para comemorar o 25 de Abril. Porquê? Não sei. Tem algo a ver com a merda da testosterona que me continua a pregar partidas. “Amanhã há um passeio de bicicleta até à barragem X seguido de um almoço dado pela Câmara. Vamos?” pergunta-me ela. “Almoço de borla. Claro.” Digo eu, o estúpido sovina, sem pensar bem no que queria dizer passeio de bicicleta. Hoje, toca a acordar, tomar o pequeno almoço e preparar as bicicletas. Só quando comecei a suar, por estar a encher os pneus das mesmas, é que comecei a pensar no que estava prestes a acontecer. “Olha lá, a barragem é longe?” pergunto-lhe eu. “Não. Acho que são só 10 Km.” Diz-me ela. Penso: 10 Km para lá, mais 10 Km para cá, mais um almoço de borla…..Ok, acho que aguento. Vamos então embora. Ela com os cinquenta sacos com fruta, água e casacos, no cesto da bicicleta e eu com a nossa filha na cadeira, na minha bicicleta. As coisas começaram logo mal: como partimos fora de horas (demorei algum tempo a recuperar o fôlego por ter que dar ar aos pneus) tivemos logo que fazer um grande esforço, para apanhar o longo pelotão de gente (porra, nunca pensei que existissem tantos sovinas, como eu, cá na vila). E se começaram mal, assim continuaram: não conseguia descolar do carro vassoura. O gajo bem que me tentava incentivar com buzinadelas estridentes, mas não é fácil pedalar com 10 quilos a mais e ainda com a nossa filha (sim, os dez quilos extra são do meu belo corpo). No entanto, nas descidas, este meu peso extra fazia com que passássemos para a frente de quase todo o pelotão. Aí era ouvir os gritos estridentes da nossa filha: “Embora pai, passa por eles todos. Força pai.” Mas rapidamente era apanhado, nas rectas e nas subidas, pelo carro vassoura e pela ambulância que, estranhamente, também me começou a seguir. Aí os gritos estridentes davam lugar a palavras de incentivo: “Pai, se não pedalas mais depressa nunca mais te deixo comer dos meus doces.” A minha mulher também me incentivava: “Bom, estás mesmo a precisar de fazer mais exercício.” “MAIS EXERCICIO??? NÃO ACHAS QUE ESTE QUE ESTOU A FAZER VALE POR UM ANO DE EXERCICIO?” pensei eu, porque não conseguia falar (todo o ar que entrava era pouco para as minhas necessidades). Passados 10 km parámos, pensava que isso era o fim, mas afinal, AINDA SÓ ESTÁVAMOS A MEIO. Não consegui refilar com a minha mulher, porque passei todo o tempo a tentar recuperar o fôlego. Passados poucos minutos (parece que já estavam todos à espera do carro vassoura há 20 minutos) partimos novamente. Entretanto um dos organizadores do evento resolveu acompanhar-me. Incentivava-me de uma forma estranha: “Está a ver aquela subida? É a pior.” “Você não anda muito de bicicleta, pois não?” “Amanhã você não vai sentir o rabo.” AMANHÃ??? PORRA!!! DEIXEI DE SENTIR O RABO LOGO NOS PRIMEIROS QUILOMETROS. Pensei eu, uma vez que não consegui falar..sim, as razões são as mesmas já mencionada anteriormente. No entanto, consegui balbuciar algo de parecido com: “Quanto falta?” Ao que ele me disse que só faltavam 8 Km. Parei a bicicleta, tirei a nossa filha da cadeira e pu-la no carro de apoio, pois estava farto de ouvir gritar: “O PAI É GORDINHO..O PAI É UM GORDINHO…VAMOS EM ÚLTIMO…VAMOS EM ÚLTIMO…” Senti um alivio imediato, pelos menos nos ouvidos. Finalmente, chegámos e percebi porque razão o almoço era de borla: Com as dores e o cansaço, o pessoal fica com mais vontade para se deixar ficar estendido no chão, do que para ir comer alguma coisa.
Assim que descansámos e nos reabastecemos, eu e a minha mulher resolvemos voltar, tendo a garantia que a nossa filha seguiria depois no carro de apoio. Quando cheguei a casa fiquei contente comigo. Conseguia andar (mal, mas conseguia) e ainda por cima estava com vontade de ter sexo com a minha mulher. Agora ainda estou. Assim que o meu corpo me obedecer, estou a pensar em passar do pensamento à prática. Só não sei é quando é que isso vai acontecer….
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