A troca de tarefas (outra vez)….
Chegou ao fim o meu reinado na cozinha. Já há uns tempos que, de uma forma subtil, ela se oferecia para fazer o jantar: “Porque já descongelei isto…” ou “Porque quero experimentar fazer aquilo…” ou ainda “Porque estou farta de comer as merdas fritas que tu te fartas de fazer…” Com este tipo de conversa foi-se aos poucos instalando e assumindo o controlo de todas as tarefas. Deixei de ser o chefe de culinária e passei a ser o mero ajudante de 3ª classe. Apercebi-me disto no dia em que dei por mim a cortar tomates e pimentos para que ela, posteriormente, os recheasse (indo ser esse o nosso jantar). Senti que tinha chegado à submissão máxima a que um homem pode ser sujeito pela sua cara metade (bom, mais tarde lembrei-me de outras que ocorrem quase todos os dias, mas pronto….). Dei dois pares de estalos a mim próprio, para acordar daquela minha letargia (ok, estou a exagerar que eu sou um gajo pacifista, a realidade é que cortei o dedo em vez do tomate e foi isso que me “acordou”).
Encarei-a de frente e disse-lhe:
- Olha lá, a partir de quando é que ficou definido que eras tu a fazer o jantar? Não era essa a minha tarefa?
- As tarefas, nesta casa, não são nem tuas nem minhas, são nossas e podemos, por isso, trocá-las sempre que o queiramos. – respondeu ela, enquanto preparava o recheio para os pimentos. – Olha, agora acaba o resto enquanto eu vou pôr o pijama. Quando terminares, vem ter comigo para falarmos melhor sobre isso. – acrescentou.
AAAAAAAAAHHHHH. Aí está o truque mais velho do mundo. Quando sabe que não tem razão, tenta convencer-me através do assédio sexual. Mas desta vez ia ser diferente. Desta vez não ia deixar que ela fizesse de mim uma marioneta. Desta vez iria lhe mostrar que eu também mandava:
- Acabo isto, uma merda. Vamos primeiro para a cama e SÓ DEPOIS É QUE VENHO ACABAR ISTO, ENQUANTO TU TE VESTES. SIM, PORQUE EU TAMBÉM MANDO AQUI ALGUMA COISA – disse-lhe eu de uma forma que não admitia qualquer resposta.
E ASSIM FOI. Porra. Há situações em que um homem tem que se impor e PONTO FINAL.
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