terça-feira, novembro 01, 2005

A máquina do inferno.....

Esta noite descobri que temos problemas com forças ocultas, as quais estão presentes na nossa máquina de lavar a roupa, o que me deixou um pouco assustado e me fez dormir mal durante toda a noite, pelo que ando um pouco mais chato e embirrante que o habitual. Bom, mas vamos à noite de terror. Tudo começou quando a máquina começou a trabalhar sozinha, exactamente à meia-noite. Nada de estranho daí se conclui, pois comprámos uma treta que serve, exactamente, para programar a hora a que queremos que a máquina se ligue. O estranho veio depois, quando toda a casa estava em silêncio e se ouvia apenas o ligeiro “ronronar” da máquina a trabalhar. Mas eis que de repente, acorda tudo em sobressalto…:
- O que se passa???? - pergunta a minha mulher.
- MÃÃÃEEEEE - chama a nossa filha.
- ACORDA - grita-me aos ouvidos a minha mulher.
Depois de me empurrar para o chão, apercebo-me que algo não está normal. A nossa filha está em pânico agarrada à mãe e a mãe tenta confortá-la ? Bom, quando finalmente vejo que não estou a sonhar, chegam-me aos ouvidos barulhos assustadores vindos do rés do chão. Alguém andava a destruir, à martelada, o chão da nossa casa.
- Calma….não é nada…o pai já vai ver o que se passa. - diz a minha mulher para a nossa filha.
- O pai já vai ver o que se passa? Porque raio é que o pai é que vai ver o que se passa? Eu consigo confortar a moça tão bem quanto tu. – digo-lhe eu.
Bom, de nada adiantaram os meus argumentos a favor da igualdade dos sexos, pelo que lá desci para ver o que se passava. Obviamente que não fui sem nada para me defender, mas só quando acabei de descer as escadas é que me apercebi que, se calhar, a almofada que a minha filha usa quando chucha o dedo para adormecer, não seria muito ameaçadora. Percebi também, finalmente, qual a razão pela qual a nossa filha só me estava a chamar nomes, pois essa almofada é a que ela usa para se confortar.
Bom, deixei a almofada e agarrei num chapéu de chuva, e eis que o barulho parou. Pensei que, quem, ou o que quer que fosse, se tinha apercebido da minha presença, devido ao forte cheiro a testosterona que eu emanava, resultante da grande libertação de suor, o qual escorria por todo o meu corpo.
Dirijo-me cautelosamente para o local de onde o barulho vinha, ao mesmo tempo que ouvia as palavras encorajadoras dos restantes membros da família, vindas do 1º andar:
- ENTÃO??? JÁ DESTE CABO DESSES BANDIDOS???? LEMBRA-OS QUE SABES KARATÉ.
- PAI, QUERES QUE EU TE MANDE O MEU URSO QUE FAZ BARULHO, PARA OS ASSUSTARES????
- importam-se de não gritar? por favor... – sussurrava eu.
- O QUE É QUE ESTÁS A DIZER? ESTÁ A ACONTECER ALGUMA COISA???? RESPONDE??? QUERES QUE CHAME A POLICIA???
- PAI???? PAI??? ESTÁS BEM????
- ESTEJAM CALADAS, PORRA. – disse-lhes eu, já com adrenalina suficiente para enfrentar qualquer monstro. E eis que, mal acabo de falar, o barulho volta. Bom, quando, finalmente, chego à fonte do barulho, dou com um cenário dantesco: molas, detergentes, bacias, etc.. Tudo espalhado pelo chão e o pior de tudo, a nossa querida e fiel máquina de lavar roupa, aos saltos pela divisão tentando esmagar tudo o que estivesse no seu caminho. Corro para cima dela, tentando domar a sua fúria e eis que dou comigo no papel do cavaleiro do apocalipse, pelo menos foi isso que pensei quando ouvi os gritos estridentes, das mulheres cá da casa, quando me viram a montar a besta. Felizmente a minha mulher lembrou-se que a máquina só funcionava com electricidade, pelo que depois de ela desligar a máquina, tive que aguentar os seus gritos sobre a confusão que eu tenho sempre por hábito criar. No entanto, esses gritos eram acompanhados por gargalhadas, que me mostraram que afinal a noite poderia não estar perdida.
Bom, não encontro outra explicação, para o que deu à máquina, senão o de ela estar possuída por forças ocultas. Tendo assim ficado com mais uma desculpa, para tentar não me aproximar muito dela, principalmente quando ela está carregada de roupa para eu estender.