Os Saldos......
Os saldos……..os saldos, os saldos, os saldos…..(suspiro)………….os saldos…..(forte suspiro)……..Como se não bastassem as chatices normais que existem na vida de casado, ainda temos as chatices sazonais….os saldos.
Bom, como começar? Digamos que os saldos excitam a minha mulher, para níveis que, se fossem sexuais, me levariam a aceitar grande parte dos produtos e das sugestões que diariamente recebo no meu mail (viagras e derivados, enlarge your penis, etc.).
Bom, mas vamos aos saldos. Na época dos saldos, não convém falar muito com ela, pois qualquer coisa que se lhe diga é logo levada para o lado mau. Algo tão simples como lhe dizer: “E vais ter coragem para ires, com isso vestido, para a rua?” Dá logo direito às suas famosas represálias (culinárias ou sexuais, depende dos dias). Não resulta tentar refrear o seu espírito consumista, que ela tanto critica nos outros durante a restante parte do ano, nem tão pouco adianta telefonar para o banco a pedir que baixem o limite de crédito do seu cartão (parece que eu ser visto pelo banco como o chefe da família, é apenas algo de simbólico). Também não produz nenhum efeito, mostrar-lhe o balanço negativo das nossas contas, principalmente quando ela está a experimentar a sua nova roupa interior… Enfim, pouco ou nada podemos fazer a não ser aguentar e esperar que a herança da sogra não demore muito a chegar.
Há, no entanto, algo que me preocupa profundamente: as alucinações que a atingem nesta época. Como se sente triste por mais ninguém partilhar da sua excitação com os saldos criou uma figura imaginária a quem eu chamo o Parvo. Chega a casa com um saco cheio de roupa e começa logo a falar com ele:
- Amor, anda ver o que eu comprei para ti. E ainda por cima ainda foi mais barato do que o preço que estava marcado e que já era bastante baixo. – grita ela assim que chega a casa.
Presumo que o seu homem imaginário está sempre ao meu lado, pois sou logo de seguida bombardeado com calças de velho, camisas coloridas e camisolas que só vestiria se me dessem os números certos do euromilhões. Depois como, obviamente, o seu homem imaginário, nunca veste a roupa que ela lhe compra, começa aos gritos com ele.
- ENTÃO, MAS NÃO VESTES O QUE EU TE COMPREI? MAS ANDO EU A GASTAR DO MEU TEMPO A COMPRAR COISAS PARA TI E TU NÃO DÁS QUALQUER VALOR AO MEU ESFORÇO. SE NÃO VESTES ISTO AGORA, AMANHÃ LEVO DE VOLTA E VOU TROCAR POR ROUPA PARA MIM.
Felizmente que o seu homem imaginário não a ouve, porque senão poderia dizer coisas do tipo:
- MAS A PARTIR DE QUANDO É QUE EU TE PEDI PARA ME COMPRARES ROUPA? QUANDO EU PRECISO DE ROUPA EU COMPRO, NÃO PRECISO QUE NINGUÉM ME COMPRE NADA. EU SOU UM SER AUTÓNOMO. OUVISTES? AUTÓNOMO.
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