sexta-feira, janeiro 27, 2006

Visita ao Deus da fertilidade, mais conhecido por ginecologista…..

- Então sempre vens comigo?- ordena ela.
- Mas o gajo também quer falar comigo? – digo eu, só para meter conversa.
- Bom, deixa-te de porras e vamos embora. Já sabes que eu não gosto de chegar atrasada a nada. – diz ela.
Optei por nada dizer sobre a sua última frase, pois deduzi que não deve ser bom irritar a mulher antes de uma consulta sobre fertilidade (nunca se sabe o que ela lá poderá dizer).
Bom, lá fomos e lá entrámos. Deus pergunta se há novidades:
- Não. Há um ano que temos relações sem contraceptivos e nada. – começo eu.
- Hmmmm…. – diz Deus enquanto escrevinha algo.
- Pois. Eu tento fazer as contas para que só tenhamos relações naquele que eu penso ser o meu período fértil….mas…. – diz a minha mulher.
- HAAAA, ENTÃO É POR ISSO!!! – desabafo eu, após o que Deus olha para mim, diz:
- Hmmmm…. – e volta a escrevinhar, ao mesmo tempo que levo um pontapé que me deixa ainda mais vermelho.
E Deus leva-a para a examinar, na sala ao lado, fechando a porta atrás de si.
Fico sozinho, com a minha dor na perna e a olhar para as imensas fotos de crianças que Deus tem espalhadas pelo seu gabinete. Reparo que deixou o papel com os seus apontamentos em cima da secretária. Após dois segundos, em que me vieram à cabeça pequenas mariquices ligadas à ética, resolvo dar uma pequena espreitadela aos mesmos. Descubro que Deus tem um sórdido sentido de humor, pois vejo desenhado, ao lado dos hieróglifos próprios da classe dos Deuses, um boneco, masculino, com o órgão sexual murcho. Até eles voltarem, fico a meditar na possível metáfora que possa ali haver, mas não consigo chegar a nenhuma conclusão que faça sentido.
Quando regressam, os seus olhares vêm fixos em mim. Deus senta-se, endireita o seu bloco de apontamentos, enquanto olha para mim num tom reprovador e diz:
- Hmmmm….. – enquanto escrevinha mais uns hieróglifos.
Iniciou depois uma palestra sobre mineiros, bombeiros, condutores profissionais, e outras profissões que aparentemente têm as gónadas demasiado apertadas e/ou aquecidas, e os efeitos que isso tem relativamente à fertilidade masculina. Olhei para a minha mulher à procura de algo que fizesse sentido, mas ela apenas ia abanado com a cabeça em concordância com Deus.
- Foi-me dito que você passa as noites com um portátil em cima das pernas. – diz Deus.
Fez-se luz. Mais uma vez: a famosa bufa de Deus….
- E que muitas das vezes adormece com ele assim. – continua Deus.
- Mas eu ultimamente ponho uma almofada por baixo, e posso-lhe dizer que isso não me faz esmorecer, pois estou sempre pronto para a acção. – respondo, enquanto olho claramente para os seus apontamentos, para ver se o desenho do boneco continuava murcho.
- Hmmmm…. – diz Deus enquanto tapa os seus apontamentos e escrevinha algo mais.
- Vai fazer um espermograma e a sua mulher leva também aqui umas análises para confirmar se está tudo bem. – continua Deus entregando-me a folha com o pedido do espermograma.
- Mas…. – balbucio eu. – eu….um espermograma…..onde é que se faz isso por aqui? Pode ser em casa? È que eu nunca tive jeito para…. Bom….digamos que não gosto de trabalhar sozinho…pelo que um espermograma….assim numa clínica… não sei se vai funcionar…- digo, ao mesmo tempo que vejo Deus acentuar, com a sua caneta, a “murchidão” do membro sexual do “famoso” boneco.
Resultado: Lá nos despedimos de Deus, não sem antes, este, dar um último conselho à minha mulher: Está, literalmente, tudo nas suas mãos.