terça-feira, fevereiro 21, 2006

Letras e números….

- Pai, olha. Já consigo fazer os puzzles das letras sem olhar para a imagem que está na caixa. – diz-me ela toda orgulhosa.
- Poça filha. Pois consegues. MÃE, ANDA VER A NOSSA FILHA. JÁ CONHECE AS LETRAS TODAS. – grito eu também todo inchado.
- Filha, mas que giro que isso está. Conseguiste fazer tudo isso sem olhar para a caixa? – pergunta-lhe a minha mulher.
- Sim – responde ela toda orgulhosa – É fácil. Só tens que arrumar muito bem as peças na caixa e assim quando as tiras já vêm com a ordem certa. – terminou ela.

- Que número é este? – pergunta-lhe a minha mulher.
- Espera aí. – responde-lhe a nossa filha enquanto vai buscar o telecomando da televisão e começa a contar os números. – é o nove. – responde depois acertadamente, para desespero da mãe que a proíbe, contra a minha opinião, de ver mais televisão nesse dia.

Num passeio pelas ruas de Beja e enquanto passávamos num muro cheio de grafites:
- Olha pai, tantas letras.
- Pois....Vamos embora. - digo, ao ver algumas das palavras lá escritas.
- Espera. Olha, vou-te mostrar que já conheço as letras.
- Não é preciso filha. Anda, vamos embora.
- Deixa-me mostrar-te. Vá lá. Por favor. Só um bocadinho.
O que pode um pai fazer perante tal pedido?
- Está bem, mas despacha-te. - respondo-lhe.
- Olha, esta palavra começa por um C.
- Não podes escolher outra?
- Não. Olha e depois é um O, depois um N e depois um A. E agora como é que se lê?
- Bom.....lê-se MÃE.
- Não lê nada. Eu sei escrever MÃE e não é assim. Estás a mentir.
- Não estou nada. É.......É outra forma de escrever mãe.
- hmmm....acho que me estás a enganar. Olha!! Esta também começa por um C e tem no meio um R como no meu nome.
- Pois....Essa é outra forma de dizer PAI. - digo, antes que ela continue.
- Não tem vergonha de andar a ensinar a filha a dizer asneiras. - diz uma velhota atrás de mim, em tom ameaçador. Dirige-se depois para a minha filha e diz - O teu pai é um #$%&$
- Pai, eu não acho que sejas um #$%&$.