A minha filha (parte 1).....
Inserido na semana temática dedicada à minha filha, resolvi escrever sobre o que de mais importante mudou na minha vida de casado desde que ela apareceu na nossa vida. Só passei a acreditar que realmente ia ser pai quando, durante o parto, tive o azar de dar a mão à minha mulher, estava ela a ter uma forte contracção. A dor que senti fez-me pensar que dali para a frente a vida ia deixar de ser como a conheci.
Se há coisa que muda radicalmente tudo é passarmos a ser responsáveis por alguém. É muita coisa para quem nem sabia muito bem qual o seu lugar no mundo (bom, ainda não sei, mas isso agora preocupa-me menos). Quando ela chegou a casa, lembro-me da depressão e do pânico por não saber lidar com ela: dar-lhe banho, mudar a fralda, vesti-la (em relação a esta, ainda hoje a minha mulher diz que eu não a sei fazer), etc.. Lembro-me muito bem dos primeiros meses em que ela tinha cólicas e respectivos choros que nos fizeram passar algumas noites menos boas. Lembro-me de ela acordar sempre demasiado cedo. Para alguém que, estava habituado a deitar-se às 2 da manhã e a levantar às 8.30, o facto de ter que passar a acordar às 6.30 obrigou-me a uma mudança de hábitos (hoje já não se levanta às 6.30, a não ser aos fins de semana. Ok estou a exagerar, é mais para as 7.30). Quantas vezes olhei para ela a dormir e pensei: Porra, SOU PAI. E quantas vezes olhei para ela quando estava com cólicas e dizia: PORRA, sou pai…. A única coisa que ela fazia na altura era comer, dormir e chorar. Tenho que admitir que o meu afecto por ela não veio logo que a vi. Até porque só me consciencializei que era pai, quando fiquei uns valentes dias sem sexo devido às mazelas do parto. Mas aos poucos, e em poucos dias, passei a saber o significado de amor incondicional. O mais estranho é que esse amor parece que continua a aumentar de dia para dia. É um facto que os primeiros meses, não têm muita piada, mas à medida que vai crescendo começam a surgir pequenos pormenores que nos dão a conhecer o poder da genética, tal como o facto de ela nunca ter gostado que a abraçassem ou que lhe dessem muitos beijos, a não ser o pai e a mãe e mesmo assim tem dias. Para além desses, era um "chega para lá" muito parecido com o do pai (palavras da mãe).
Algo que eu não esqueço é da sua primeira doença. Febre alta, uma cara de partir o coração e um choro baixo e de dor. Confesso que entrei em pânico, não percebo como a minha mulher consegui manter a calma e acalmar-me também (tem algo a ver com o facto de ter mamas, mas isso são teorias). Fomos a correr para a pediatra e ela, com a maior das calmas (mais uma vez o facto de ter mamas deve ter alguma a coisa a ver com a forma como as mulheres conseguem lidar com as crianças) pressionou o pequeno ouvido da nossa filha e foi o suficiente para dois berros de dor. O primeiro da nossa filha e o segundo dado por mim resultante do primeiro. Bom, a partir daí e durante alguns meses (ia dizer anos mas isso ia parecer mal) sempre que a via mais triste, carregava-lhe no ouvido, só para despistar outra possível otite. Isto dava origens a choros de chateada e mais tarde a queixinhas junto da mãe.
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