sexta-feira, setembro 01, 2006

Agora só no Sapo...

Este blog vai deixar de ser actualizado, agora o Vida de Casado passa a estar apenas e só AQUI: http://vidadecasado.blogs.sapo.pt/

sexta-feira, agosto 25, 2006

Férias 3 (na serra da Peneda).....

Andar à procura de trilhos pedestres e passar o dia a percorrê-los é uma das actividades preferidas da minha mulher. A aventura, o contacto directo com a natureza, as belas vistas, mas principalmente e acima de tudo, o orgulho que tem em mostrar à nossa filha os seus espectaculares conhecimentos sobre a fauna e a flora existente, aqui na serra da Peneda. Só para vos dar um exemplo: ontem conseguiu identificar 6 espécies de insectos e 4 de plantas apenas e unicamente através dos inchaços, bolhas, arranhões e outros tipos de irritações e erupções cutâneas com que o meu corpo foi ficando coberto ao longo do "passeio".

sexta-feira, agosto 18, 2006

10 anos de casamento.....

A minha mulher descobriu, finalmente, a fórmula mágica para eu nunca mais me esquecer da data em que para ela, "oficialmente" nos casámos:
- Acorda amor. Hoje fazemos 10 anos de casados. - diz-me ela, ao mesmo tempo que põe um tabuleiro com o pequeno almoço sobre a cama (esta do tabuleiro sou eu a fantasiar porque acho que era o que merecia por ter sido acordado, por ela, às 9 da manhã quando estou de férias).
- Não me sabias dizer isso ontem?- respondo eu, com a minha habitual boa disposição matutina.
- Porquê? Meu amor e doçura da minha vida. - a parte posterior ao porquê foi por mim substituída pela resposta original, para tentar manter um tom romântico neste post comemorativo.
- Porque acho que mereço um pré-aviso de véspera para assim te poder comprar uma treta qualquer como prenda.- respondo eu (reparem no romantismo subjacente à minha resposta com o qual lhe tento mostrar a necessidade que tenho de lhe comprar uma bela prenda para que ela veja o quanto a adoro).
- Ó meu amor, só o facto de acordar todos os dias ao teu lado é o suficiente para mim.- ok. mais uma vez tomei a liberdade de ficcionar um pouco a sua resposta.
Bom, lá fizemos a distribuição das prendas, ela deu-me uns Walkie-Talkies e reservou-nos uma hora de Jacuzzi e massagens, e eu paguei o Jacuzzi e as massagens.
Depois achamos por bem ir jantar fora num sítio chique. Homens um conselho: locais que vendem hambúrgueres e pizzas não são considerados sítios chiques, mesmo que vocês insistam e digam que, nesses locais, oferecem brindes engraçados para os vossos rebentos (que as dores provocadas pelos beliscões matrimoniais sirvam como lição para alguém).
Eis-nos então sentados e prontos para jantar. É exactamente neste tipo de situações e de ocasiões, que as mulheres adoram balanços sentimentais:
- Então amor? Alguma vez pensaste que chegássemos tão longe, os dois juntos.- pergunta ela, enquanto eu olhava para o preço da comida e ia suspirando perante os mesmos.
- Pois, eu também não. Mas somos felizes. - responde ela (presumo que aos meus suspiros), tocando-me nas mãos.
- Olha lá e se escolhesses algo de mais barato?- digo eu, ainda a pensar no preço das massagens.- Olha que ainda temos que ter dinheiro para a nossa semana de férias.
- Mas tu só pensas no dinheiro? E que eu saiba já estamos de férias há uns dias.- diz ela, tirando a sua mão, mas não sem antes aproveitar para mais um beliscão.
- Quando eu digo férias, refiro-me a só nós. Eu, tu e a nossa mocita. Sem pais, sogros, irmãs, sobrinhos, cães, gatos, etc.. Pois até agora ainda não me senti de férias.
- És mesmo um bicho do mato. Por vezes nem sei porque raio casei contigo e mais ainda, como é que ainda continuamos juntos.
- Porque eu sou bom na cama.- resposta óbvia, penso eu.
- Ok. Tens razão. É pelo teu sentido de humor. - diz aquela que prometeu há dez anos, a uma entidade superior (que mais tarde me apercebi que não era eu) que me iria respeitar.
Bom, mas lá a conversa continua e voltamos ao mesmo:
- Alguma vez pensaste que chegássemos tão longe, os dois juntos.- volta a insistir.
- Para te ser sincero, até pensava que por esta altura estivéssemos bem melhor do que estamos agora. - respondo eu.
- O que raio queres tu dizer com isso?
- Pensava que por esta altura já tivesse dinheiro suficiente para te pagar uma operação plástica às mamas. - respondo eu.
- Ó meu amor, a forma como tu te preocupas com a minha forma física comove-me. - presumo que tenham já adivinhado que, mais uma vez, esta é uma resposta ficcionada, pois a resposta real não tem cabimento num blog que prima pelo bom gosto.
Depois de pagar uma conta (embora inferior a esta) bastante elevada para o meu gosto resolvemos ir passear:
- Não me queres levar a dançar? - pergunta ela.
- Eu bem disse para tu não beberes o vinho todo.
- Vá lá. Faz-me esse favor.
Bom, sempre são dez anos, o que pode um gajo fazer?
Saquei do leitor de MP3 e coloquei um dos auscultadores nela e outro no meu ouvido e percorremos toda a avenida de Torres Novas a dançar e a beijarmo-nos ao som das belas melodias que ela adora.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Férias 2.....

Adoraria poder falar de coisas alegres, de factos positivos, de piratarias a blogs, de longas noites de descanso e de sexo (três vezes por dia e em sessões superiores a dez minutos.. IIIIIIAAAAAAAAAAAAAA .....) mas infelizmente existem outras situações que fogem ao meu controlo (mas não o sexo.. YYYESSSSSSS ) e que transformam o que pareciam umas férias inesquecíveis....bom, só as noites devido aos factos já anunciados (... SUPERMAN , O REGRESSO... YYYEEESSS ...) de resto, convém não esquecer que estou numa casa com todos os membros da família da minha mulher e etc , etc , etc ...
Bom, mas deixemo-nos de tretas e vamos ao acontecimento terrível que sucedeu à minha sogra... embora, agora que penso nisto, houve outros, tais como: obrigar-me a jogar às raquetes com ela na praia, enquanto a minha mulher nos filmava. Para cúmulo, nessa noite fui ainda obrigado a visualizar aquelas cenas terríveis. Penso que a minha mulher está um pouco cansada das minhas performances MAY THE FORCE BE WITH ME... IIIAAAAUUUUU ) pois só assim entendo o facto de me obrigar a ver a minha sogra a retirar do meio dos seus seios celuliticos o raio da bola, que teve o azar de lá ir parar numa infeliz ocasião (tive o cuidado de a fazer desaparecer para sempre, a bola, não a minha sogra, infelizmente).
Bom, mas vamos ao outro facto horrível: alguém roubou a carteira à minha sogra.
No inicio até me fartei de rir a pensar na cara do gatuno quando descobrisse que a velha nunca anda com dinheiro na carteira (nunca tive coragem de perguntar à minha sogra de onde saem as notas de vinte euros com que ela paga as coisas... brrrrr ....) e cheguei mesmo a ter pena dele ao imaginar a sua expressão quando visse a cara da minha sogra estampada nos documentos. Cheguei até pensar num agradecimento público, em meu nome e em nome do meu sogro, pelo facto de ela ter ficado sem a sua carta de condução, o que faz com que ela fique impedida de conduzir até que seja emitida uma segunda via da mesma, ou então, até que alguém que não tem qualquer consideração pelos efeitos perversos da sua condução, lhe diga que pode ir à policia pedir uma guia temporária (o que me vale é que por enquanto, ainda estou a conseguir convence-la que só em França, ao contrário do que o meu cunhado lhe diz, é que a policia passa dessas guias).
Mas agora....agora ando a sofrer as consequências deste terrível e horripilante acto de crueldade, pois sempre que saímos à rua num Algarve cheio de gente, para além do meu espaço pessoal ser constantemente invadido por estranhos, tenho ainda o azar de um desses estranhos ser a minha sogra, a qual agora e devido aos traumas do roubo, só se sente segura se estiver colada a mim, aparentemente devido à minha desenvoltura física e provavelmente à minha grande capacidade para gritar asneiras durante todo o trajecto e com isso conseguir afastar de junto de mim, os tais estranhos (com a excepção da minha sogra) que invadem as mini ruas por onde sou obrigado a passear devido ao uso de chantagens por parte da minha mulher, as quais não vou referir porque não têm nada a ver com isso, e principalmente porque não quero que gastem energias a matutar se afinal, e depois destes anos de desabafos aqui no blog, a minha mulher sempre me tem nas suas mãos e faz de mim o que quer. É óbvio que isso é um facto mais do que provado.

terça-feira, agosto 01, 2006

Férias 1.....

- Como é que você consegue fazer isso à criança? - pergunto, ao desconhecido.
- O que é que você tem a ver com isto?
- Também tenho uma filha e sinceramente, isso que você está a fazer põe-me enjoado.
- Meta-se na sua vida, se faz favor.
- Eu até queria, mas você assim não me deixa.
- Mas afinal o que é que você quer que eu faça, hã? – diz ele, meio chateado.
- Bom, já que pergunta: Não se importa de a seguir agarrar na minha filha e fazer-lhe o mesmo? É que ela, desde que o está a ver, não me pára de chatear, e realmente a mim isto de andar à roda a fazer de avião, dá-me vómitos.

sexta-feira, julho 28, 2006

A minha filha, a política....

- Então moça. Já pensaste no que queres ser quando fores grande? - pergunto eu, durante o nosso passeio de fim de tarde.
- Sim. Quero ser ladrona. - responde ela com a maior das descontracções.
- Queres ser o quê?????- digo eu, assustado.
- Ladrona. Quero roubar aqueles que têm muito ouro e dinheiro para dar aos outros que não têm casa nem comida.
- Ah bom, se é para isso. Mas olha que chegaste a assustar-me. Já te estava a ver líder de um partido político político… brrr … Mas olha lá. Se queres fazer isso, porque razão quando é para dar brinquedos que já não usas, a meninos que não os têm, fazes um bocadinho de birra? - pergunto, para a picar.
- Sim, mas é uma birra muito pequenina. E é só porque tenho medo que eles os partam. - diz com um grande à-vontade.
- Mas se os vais dar, passam a ser deles. Se os partirem, o problema é só deles e de mais ninguém.
- Isso pensas tu. E tu não ficas triste por saberes que os brinquedos que tu me compraste com o teu dinheiro, vão ser dados a meninos que os podem partir?- pergunta-me ela, tentando chegar ao meu coração.
- E os que eu te compro e que depois és tu que partes?
- Mas eu sou tua filha e assim só tens que me comprar outros, agora os outros meninos se os partem, não têm depois ninguém para os voltar a comprar, e isso é triste e é por isso que eu faço um bocadinho de birra. E já não quero falar mais contigo sobre isto, pronto. - diz, depois de uma pequena pausa e de forma decidida.

Penso que afinal, existe o sério risco de ele ir para a política……


P.S.- A "enorme" quantidade de artigos aqui colocados hoje, podem estar a impressionar os habituais leitores, no entanto a explicação é simples: enquanto a minha mulher arruma as suas carradas de malas e me pede ajuda, eu digo que não posso, pois estou ao computador a resolver um assunto urgente, e de última hora do trabalho.

Injustiças e falta de coerência…..

Se ficou definido que sou eu que corto as unhas das mãos à nossa filha, enquanto a minha mulher corta as dos pés, e se está provado cientificamente que as unhas das mãos, crescem duas vezes mais depressa que as dos pés, pergunto eu, se não será justo a abertura de novas negociações, para uma distribuição mais justa das tarefas domésticas que me estão atribuídas.
E não me interessam cá desculpas: que a mocita roí as unhas das mãos, e que já é ela que põe a mesa e não eu. Pois essas situações resultam apenas do seu percurso educativo normal, e que nada têm a ver. Repito, nada têm a ver, com a questão de fundo que passa por mais uma evidente descriminação sexual, dentro desta família. Tenho dito.

Férias, o fim do stress........

Antes das férias, ou seja: das queimaduras; da areia a entrar em tudo o que seja buraco; e dos jogos de raquetas que a minha mulher me obriga o jogar e no qual, porque ela é uma aselha , tenho que estar constantemente a correr de um lado para o outro, a tentar apanhar a bola e ao mesmo tempo a tentar impressionar as belas moçoilas que eu sei que estão a olhar para mim, o que faz com que a minha mulher fique amuada pondo fim ao jogo só porque eu distraidamente começo a enviar a bola para cima de uns parvalhões, que nunca viram uma mulher jeitosa como a minha, a jogar raquetes. Ok, perdi-me.
Dizia eu, que antes das maravilhosas férias que me vão fazer esquecer, todo o stress de um ano esgotante (basta pensar que mais uma vez, vou estar acompanhado da minha sogra, da minha cunhada, do meu cunhado e das minhas sobrinhas adolescentes que falam um francês manhoso no meio de gritos estridentes, e não esquecer o facto de que este ano, vamos todos ficar uma semana enfiados dentro da mesma casa (parêntesis aos parêntesis: não se nota, mas houve uma pequena lágrima teimosa que caiu no teclado e que fez com que o mesmo tivesse uma pequena avaria pelo que, depois de todo o liquido escorrido foi colocado ao sol e substituído. Neste momento encontro-me a escrever com os meus óculos de mergulhador para evitar mais incidentes, porque o dinheiro não dá para comprar teclados, mas dá sempre para reunir toda a família do lado dela, numa mesma casa, durante a primeira semana das minhas merecidas férias…pausa para despejar os óculos…)). Ok. Perdi-me outra vez.
Bom, e porque isto já vai longo e ela quer que eu a vá ajudar a fazer as malas, para a semana em que vou estar dentro de uma casa com toda a sua família, que me vai estar constantemente a chatear sobre assuntos irrelevantes como: a qualidade de vida de um cidadão francês e de um cidadão português; com o meu sobrinho a chatear-me a cabeça, por causa de um jogo qualquer de futebol que para aí houve entre os dois países; a minha sobrinha a querer cravar-me o carro para ir passear com o namorado (o KiKi) sei lá para onde; com os meus sogros em contantes disputas para ver quem é que mais ofende o outro; e com a minha mulher a amuar porque eu irei estar sempre ao computador "...e que nas férias o sítio do computador é em casa, e que deveria era de sair com eles porque senão ainda pensam que eu não gosto da sua companhia......." Pois….perdi-me outra vez.
Enfim….o que eu queria dizer era algo de importante, mas agora assim de repente não me lembro…… Por isso, quero lá saber.

quinta-feira, julho 27, 2006

A minha sorte é o braço calejado.....

- Já viste a depressão com que o meu pai anda? - diz-me ela, no carro na viagem de volta de casa dos pais.
- Pois......
- Não sei o que mais posso fazer.
- Pois.....
- Só dizes isso?
- Ambos sabemos a causa da mesma.
- Sim, a minha mãe é uma chata, mas têm que saber viver um com o outro. Talvez....
- Talvez o quê?
- E se lhe déssemos viagra? - diz-me ela, com um sorriso maroto.
- E depois quem é que pagava as suas saídas nocturnas? Olha que com o que ele ganha de reforma, a festa não duraria muito.
- És mesmo estúpido. Tens que distorcer sempre o que eu digo. – diz ela ao mesmo tempo que levo mais um beliscão, no meu braço felizmente já calejado – Podia ser que assim eles se entendessem, pelo menos a esse nível.
- Mas tu não achas que ele já sofre que chegue? – digo eu, completamente indignado com aquela horrível sugestão.

quinta-feira, julho 20, 2006

Vacinas e demónios.....

- É a tua vez de levar a moça à vacina. – diz-me a minha mulher.
- Está bem, mas vem comigo porque assim vamos logo de seguida para o trabalho. – respondo eu.
- Não.....preciso de ficar aqui a arrumar umas coisas. Vai e depois vêm-me buscar. – diz ela, fingindo que estava muito atarefada.
- Há alguma coisa que eu não saiba? – pergunto eu à nossa filha, a caminho do Centro de Saúde.
- Sobre o quê?
- Sobre isto de tu ires levar uma vacina.
- Vou levar uma vacina? A mãe disse-me que eu ia só para te fazer companhia e que tu ias arranjar uns papéis. Dói-me a barriga. Quero ir para casa.- começa ela a gritar.
- Moça. Tem lá calma. Não me vais fazer passar vergonhas, pois não?
Entro no Centro de Saúde com a minha moça totalmente possuída, a espernear, aos berros e a dizer asneiras (se calhar tenho que ter mais cuidado com os desabafos que faço sobre o emprego, quando a minha filha está presente).
- Enfermeira Josefina, está aqui a Rita para a vacina. – grita a pessoa que está a atender, assim que nos vê, passando-nos para a frente de todos.
Chega a enfermeira Josefina.
- Ai. Já está assim? – diz ela, mal nos vê - Ainda não chegou nenhuma das estagiárias? – pergunta à administrativa.
- Não, mas olhe que não sei se elas conseguiriam lidar com isto sozinhas. – responde-lhe ela.
- Têm que aprender a lidar com tudo. – responde a enfermeira.
- Têm sacos de gelo para as minhas partes baixas? – grito eu, mas baixinho, depois de um dos vários pontapés descontrolados me acertar.
- LARGUEM-ME CAMBADA DE %$#&$. – grita o ser demoníaco que se apossou da minha filha.
- Esperem. A enfermeira Maria nunca deu uma vacina à Rita. Vou chamá-la.
- Importam-se de deixar de dizer a palavra vacina? –grito eu, baixinho, enquanto tento amarrá-la a uma cadeira e começo a pensar em ir buscar água benta.
Chega a enfermeira Maria.
- Então? Uma menina tão bonita e a fazer um escândalo destes? Como te chamas? – pergunta-lhe a enfermeira Maria.
- NÃO QUERO VACINA. QUERO A MÃE. QUERO IR PARA CASA. LARGA-ME $%&$. – grita o pequeno monstro.
- Queres levar mais palmadas no rabo? – pergunto-lhe eu. – Chama-se Rita. – respondo à enfermeira Maria.
- RITA. Esta é que é a Rita?- grita ela incrédula. – Josefina, anda cá se faz favor. – grita ela para a enfermeira Josefina.
- Não vou nada. Tu nunca deste uma vacina à Rita. Calha a todos. Para além disso o meu filho, para o ano, vai para a mesma turma que ela. – grita a enfermeira Josefina de dentro do seu gabinete.
A enfermeira Maria suspira fundo e manda-nos entrar. Depois de alguém levar para os seus lugares normais a carrada de cadeiras, que a nossa filha trouxe de arrasto, lá começamos a tentar comunicar com o ser demoníaco.
- Olha. Tenho aqui um spray mágico que vai fazer com que tu não sintas nada. – diz-lhe a enfermeira Maria.
- E o pai tem aqui mais palmadas para o teu rabo, se continuas assim. – digo-lhe eu.
- TU ÉS A MÃE DA CAROLINA, NÃO ÉS? – pergunta ela à enfermeira, num tom que me fez lembrar o filme o exorcista. – E TU PODES CONTINUAR A DAR TODAS AS PALMADAS QUE QUEIRAS PORQUE NÃO ME DOIEM NADA.- diz-me, ficando no ar um estranho e assustador cheiro a enxofre. Depois pensei no que tínhamos jantado na véspera (comida vegetariana que eu baptizei de provocagasesmalcheiros) e fiquei mais descansado.
Bom, após um enorme esforço para a imobilizar, lá se consegue dar a vacina, depois de mais umas asneiras, o seu corpo volta devagar ao normal.
- Então? Já passou? – pergunta-lhe a enfermeira Maria – Doeu assim tanto?
- Não. – diz a nossa filha fungando e enxugando as lágrimas.
- Vá. Para tu não ficares triste comigo, dou-te este relógio que temos aqui para dar a pessoas especiais. – diz-lhe a enfermeira ao mesmo tempo que lhe passa para as mãos um relógio de pulso digital de uma marca qualquer de medicamentos.
- Obrigada. – agradece ela enquanto se dirige para a saída. Antes de fechar a porta volta-se para trás - Manda um beijo meu à Carolina. – diz-lhe, com um sorriso maquiavélico e girando a sua cabeça de forma estranha.
- Quando é que começas a tratar da educação religiosa da moça? – pergunto eu, o ateu, à minha mulher quando chego a casa, ao mesmo tempo que me dirijo ao quarto para vestir algo que não esteja rasgado.